Powell diz que inflação segue acima da meta e antecipa mais elevações nos juros
Powell não deu indicação do ritmo exato das altas futuras e ressaltou que a trajetória dependerá "da situação da economia"
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de setembro de 2022 às 17h42.
Última atualização em 21 de setembro de 2022 às 18h59.
O presidente do Federal Reserve (Fed) , Jerome Powell, antecipou nesta quarta-feira, 21, que mais elevações nos juros serão apropriadas e que a instituição manterá juros em nível elevado "por um tempo". "Queremos chegar rapidamente à política monetária restritiva", afirmou, durante coletiva de imprensa, após o BC divulgar decisão de aumentar juros em 75 pontos-base.
Powell não deu indicação do ritmo exato das altas futuras e ressaltou que a trajetória dependerá "da situação da economia". "Tomamos uma decisão a cada reunião, as próximas não foram fechadas hoje. É difícil prever exatamente a trajetória da política monetária neste momento", disse. Além disso, para ele, ainda não é possível saber se a política do BC americano levará a uma recessão, o que é uma preocupação atual do mercado.
Apesar de não dar um direcionamento concreto sobre os próximos passos, Powell ressaltou que, em algum momento, será apropriado desacelerar o ritmo das altas de juros. "Para cortar juros, é preciso estar muito confiante de que a inflação desacelera. Estamos focados em levar inflação à meta e não podemos fracassar nisso", acrescentou.
Modo agressivo
Powell antecipou que o BC americano quer agir "de modo agressivo" e manter o rumo até concluir a "tarefa" de fazer a inflação voltar à meta de 2%.
"Queremos estar em posição de ter juros reais positivos em toda a curva. Continuaremos a avaliar se a política monetária está no lugar certo", garantiu, durante coletiva.
Powell destacou que, sem a estabilidade de preços, a economia não funciona para ninguém. "Queria que houvesse meio indolor de conter a inflação, mas infelizmente não há. Pessoas realmente estão sofrendo com a inflação, temos de superá-la", defendeu.
O banqueiro central admitiu que a luta contra a inflação deve requerer um mercado de trabalho mais fraco e menos crescimento econômico. "Há grande probabilidade de período de crescimento abaixo da tendência e isso pode levar a alta no desemprego, mas precisamos ter isso", afirmou. "A economia tem desacelerado, e o setor imobiliário tem enfraquecimento significativo", acrescentou.
No entanto, Powell ponderou que há razões para acreditar que a economia seguirá razoavelmente forte. "Caso a economia coincida com a previsão do Fed, será um bom resultado".
Com relação ao mercado de trabalho, monitorado de perto pelo BC, o banqueiro afirmou que há pouca evidência, por ora, de que ele está desacelerando. "O mercado de trabalho segue extremamente apertado e desequilibrado, e o crescimento do emprego tem sido robusto", disse.
O dirigente ainda comentou que o Fed está atento às condições internacionais, como a guerra na Ucrânia. "Fatores como preços de commodities mais contidos podem ajudar a conter a inflação", ressaltou.
Fortemente comprometido em conter a inflação
O presidente do Federal Reserve (Fed) reafirmou nesta quarta-feira que a instituição vai mover juros para o nível "suficientemente restritivo" para conter a inflação.
Powell destacou que seu discurso não mudou desde Jackson Hole e que a mensagem principal continua, que é necessário ver evidência clara de que a inflação está retornando à meta de 2%. "Avaliamos que será preciso levar juros a nível restritivo e mantê-los ali", destacou. "Estamos fortemente comprometidos em conter a inflação e temos instrumentos para isso".
O banqueiro central comentou que as pressões sobre os preços seguem bastante disseminadas e a inflação segue bem acima da meta. "Dirigentes continuam a ver riscos de inflação como voltados para cima e expectativas de inflação seguem ancoradas, mostram várias medidas", ressaltou, para depois ponderar: "Expectativas de inflação ancoradas não são argumento para complacência".
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