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Possível condenação de Lula em julgamento anima mercado

Lista com perspectivas de 30 gestoras circula nas redes sociais, e ninguém espera pela absolvição. Bolsa abriu em alta de 2% e seguiu assim pela quarta

Lula: gestores avaliam que a condenação, mesmo que por 2 votos a 1, terá efeitos positivos no mercado (Ricardo Moraes/Reuters)
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Thiago Lavado

Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 16h37.

Última atualização em 24 de janeiro de 2018 às 16h37.

Nada como uma incerteza a menos para estimular o mercado financeiro. Com a possibilidade de uma condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais próxima pelo TRF-4, o Ibovespa começou a quarta-feira com alta de mais de 2% e manteve o patamar por boa parte do dia, subindo 2,21% no fechamento deste texto. O dólar fez movimento inverso: perto das 16h caía 1,73%, cotado a 3,18 reais na venda.

Na rede social WhatsApp circula desde o início do dia uma lista com as perspectivas de gestores brasileiros sobre como o julgamento de Lula impactaria os mercados. A lista conta com 30 das maiores gestoras do Brasil, como BTG, Credit Suisse, BTG, XP. Desses, nove não se posicionaram e 21 afirmaram acreditar na condenação do ex-presidente — 11 delas por unanimidade. As gestores avaliam que a condenação, mesmo que por 2 votos a 1, terá efeitos positivos no mercado. A condenação unânime seria ainda mais benéfica.

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O BTG ressalta que “no caso de absolvição, haverá aumento de volatilidade no curto praz e abertura das taxas de juros”. A AZ Quest afirma que “o evento já está parcialmente precificado pelo mercado, mas, caso o tribunal decida pela absolvição, os ativos sofrerão grande desvalorização”.

Para a Vintage Investimentos, “a condenação por unanimidade deve trazer impacto positivo para o mercado, porém, caso a decisão não seja unânime, a decisão deve ser negativa, mas limitada”.

Um ponto de atenção apontado por alguns gestores está no fato de a condenação de Lula poder levar a novos embates em tribunais superiores. Isso porque, apesar de a Lei da Ficha Limpa vetar a candidatura, ela deixa brecha para ser aplicada apenas após a última instância. Lula pode ainda recorrer da decisão ao próprio TRF ou apelar, por meio de uma “superliminar” para o Supremo Tribunal de Justiça ou o Supremo Tribunal Federal, que julgariam a suspensão da inelegibilidade. A Mirae Asset, por exemplo, afirma na lista vazada no WhatsAppque “o mercado deve manter-se em compasso de espera até que a decisão final seja tomada”.

“É muito cedo para encarar a perspectiva sobre se ele irá participar ou não das eleições. O mercado repercute a possibilidade maior de Lula fora e vê isso de maneira positiva porque encara-o como um candidato que provavelmente não daria continuidade à pauta das reformas estruturais”, afirma Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos.

“Até o dia 15 de agosto [data limite para registro de candidatura à presidência] temos de acompanhar e esperar o desenrolar do julgamento para saber ao certo”, diz o sócio-analista do fundo Eleven Financial, Raphael Figueredo.

Segundo Figueiredo, a bolsa hoje sobe com otimismo em relação ao resultado, e se engaja com o bom momento em detrimento da queda que teve na segunda-feira. Para ele, há também notícias positivas no cenário externo, como o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, afirmando no Fórum Econômico de Davos, que os Estados Unidos poderiam se beneficiar de um dólar enfraquecido. “Junto do julgamento, o cenário como um todo é bastante positivo, a visão estrutural do mercado sobre a economia é boa”, disse.

Com investidores apostando em uma derrota de Lula, as ações vinculadas às estatais sobem com força no pregão. A estatal de energia Eletrobras, que aguarda um processo de privatização iniciado pelo governo Michel Temer, subiam 3,92% nos papéis preferenciais e 3,70% nos ordinários. As ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas no dia, tinham alta de 3,83% e a ordinárias subiam 4,54%.

Claro que, em se tratando de mercado financeiro, as opiniões são voláteis, e mudam de acordo com os fatos e as perspectivas. O gestor do fundo Iporanga Investimentos, Guilherme Assis, foi contatado por EXAME e afirmou que “com o desenrolar do julgamento até agora, acreditamos na condenação por 3 a 0”, mudando sua opinião em relação ao que havia sido divulgado na lista em circulação. “Tirando essa incerteza do caminho, o mercado deve subir ainda mais”, disse Assis. Até as 16h, apenas um dos desembargadores, João Pedro Gebran Neto, havia proferido seu voto, aumentando a pena de Lula de 9 para 12 anos. Faltavam os votos de Leandro Paulsen e Victor Laus.

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