Por que você deveria ter ações de infraestrutura na Bolsa
Nova secretaria deve destravar concessões no país e beneficiar papéis de companhias como a CCR e a Rumo Logística, segundo analistas
Anderson Figo
Publicado em 15 de maio de 2016 às 07h00.
Última atualização em 14 de março de 2017 às 21h19.
São Paulo - O setor de infraestrutura será um dos mais beneficiados pela troca de governo no país, e suas ações devem refletir a mudança positivamente.
O presidente interino Michel Temer criou uma secretaria, chefiada por Moreira Franco, para cuidar com especial atenção do programa de concessões. A ideia é tirar projetos do papel e destravar um setor-chave para a economia.
"O país precisa melhorar o seu ambiente de negócios e, após queda brusca de seus investimentos nos anos recentes, isso é ainda mais necessário para elevar o crescimento potencial do país", disse Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos.
No Brasil, os investimentos em infraestrutura proporcionais ao PIB (Produto Interno Bruto) estão à frente apenas da Argentina, considerando os países emergentes, de acordo com dados do Banco Mundial de 2014 (levantamento mais atual disponível).
Em 2015, o governo Dilma anunciou o lançamento do PIL (Programa de Investimento em Logística), com pacotes de concessões em logísticas nas áreas de rodovias, ferrovias, aeroportos e portos.
Ao todo, o programa previa investimentos de R$ 198,4 bilhões (0,8% do PIB) nos próximos anos, mas muito pouco saiu do papel. "Este espaço deve ser um campo que o novo governo Temer deve tentar preencher", disse o estrategista da Guide.
Para ele, as empresas de concessões deverão ser as mais beneficiadas, já que o transporte rodoviário é o principal meio utilizado no país.
"Historicamente, o tráfego de veículos é muito correlacionado ao desempenho da atividade, algo que tem se traduzido em pressões de baixa sobre estes ativos", afirmou.
Diante da melhora nas expectativas econômicas, a CCR ( CCRO3 ) é a ação preferida da corretora no setor. Na avaliação de Pereira, ela é a empresa mais capitalizada para dar andamento aos investimentos e ter um portfolio diversificado de ativos.
A Rumo ( RUMO3 ) também foi citada entre os papéis para monitorar. Recentemente, o Santander apontou a ação da companhia como uma das que mais se beneficiarão do cenário pós-Dilma.
A justificativa do banco foi a potencial melhora do ambiente regulatório pós-ruptura política, além do fato de a empresa ter geração de caixa inelástica, já que 80% de todo volume transportado é para o escoamento de commodities agrícolas do centro-oeste para o Porto de Santos.
Os analistas Leonardo Milane e Ricardo Peretti ressaltaram que a esperada queda nos juros também beneficiará a empresa, reduzindo seu custo de funding e despesas financeiras.