Invest

Por que o UBS BB rebaixou o Itaú – mesmo com a projeção de R$ 60 bilhões em dividendos

Analistas defendem que valuation do banco está alto e dificulta reprecificação dos papéis

Itaú: UBS BB estima que banco irá distribuir R$ 60 bilhões em dividendos até 2025 (Pilar Olivares/Reuters)

Itaú: UBS BB estima que banco irá distribuir R$ 60 bilhões em dividendos até 2025 (Pilar Olivares/Reuters)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 22 de agosto de 2024 às 15h23.

Uma das empresas mais constantes do mercado brasileiro, o Itaú (ITUB4) vem operando com excesso de capital que faz brilhar os olhos dos investidores que esperam uma distribuição polpuda de dividendos no final do ano.

Após entregar um lucro de dois dígitos em seu último balanço – R$ 10,072 bilhões –, o Itaú confirmou que dividendos extraordinários devem ser anunciados nos resultados do quarto trimestre de 2024, seguindo o exemplo de distribuição do ano passado. O Itaú distribuiu R$ 11 bilhões em dividendos extraordinários e R$ 4,3 bilhões em juros sobre capital próprio referentes a 2023, montante três vezes maior ao que havia sido pago no ano anterior.

Para os anos de 2024 e 2025, o UBS BB estima que a distribuição deve alcançar a cifra de R$ 59,5 bilhões. Se o saldo fosse dividido igualmente entre os períodos, cada um deles distribuiria R$ 30 bilhões, quase o dobro do que foi pago aos acionistas da última vez. 

O banco estima um payout de 60%, acima da média histórica do Itaú na casa de 35% a 40%. “Estimamos um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 23% a 24% nos próximos anos, juntamente com alto crescimento de crédito que deve gerar uma quantidade significativa de capital [que pode ser distribuída em proventos].”

Os dividendos, no entanto, não foram suficientes para os analistas do UBS BB continuassem satisfeitos com a ação. O banco rebaixou os papéis do Itaú de recomendação de compra para neutra. O motivo? O baixo potencial de valorização das ações, que subiram demais. O preço-alvo do UBS BB para o Itaú é de R$ 42, um upside de 13% frente ao último fechamento de R$ 37,08.

“Rebaixamos a ação pelo valuation e pelo potencial limitado de upside em relação ao nosso preço-alvo. O Itaú está sendo negociado a 2x o preço/valor patrimonial (P/VP) estimado para 2024, um dos níveis mais altos dos anos recentes, o que limita a possibilidade de reprecificação do papel”, escreveram em relatório.

Itaú vs Banorte

O UBS BB compara o desempenho do Itaú ao mexicano Banorte – ambos são incumbentes líderes em seus países e tem similaridades de operação e valuation. Embora os múltiplos de (P/VP) do Itáu se aproximem de 2x, a média histórica para o banco é de 1,4x desde 2020, contra 1,5x do Banorte. 

“Apesar da turbulência pós-eleitoral no México, a maioria dos drivers macroeconômicos do país permanecem melhores ou pelo menos iguais aos do Brasil. Enquanto isso, os principais impulsionadores operacionais para o Itaú e o Banorte também são semelhantes. Portanto, acreditamos que a avaliação atual do Banorte provavelmente indica um limite de reprecificação para o Itaú”, concluem.

Por volta das 15h, as ações do Itaú eram negociadas em queda de 1,78% nesta quinta-feira, 22, a R$ 36,42.

Acompanhe tudo sobre:ItaúUBSBancosDividendos

Mais de Invest

Concurso 2.808 Mega-Sena: ninguém acerta e prêmio de R$ 11 mi acumula; confira os números

Luigi Mangione contrata ex-promotora veterana de Nova York para sua defesa

Rede D’Or São Luiz (RDOR3) vai distribuir R$ 450 milhões em JCP - R$ 0,20 por ação

Musk rejeita acordo de liquidação da SEC para encerrar investigação sobre compra do Twitter