Petróleo: a Rússia se comprometeu a cortar, sozinha, quase metade da meta do acordo (Plataformas de petróleo em alto mar)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de dezembro de 2016 às 08h44.
Londres - Os contratos de petróleo têm forte alta na manhã desta segunda-feira, após mais países concordarem com uma iniciativa para reduzir a oferta da commodity. A intenção do plano é reequilibrar o mercado, ou mesmo gerar um déficit entre a oferta e a demanda que possa impulsionar os preços.
Às 8h17 (de Brasília), o petróleo WTI para janeiro subia 4,74%, a US$ 53,94 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para fevereiro avançava 4,38%, a US$ 56,71 o barril, na plataforma Ice.
As ações do setor de energia também reagiam em alta à notícia. No fim de semana, produtores importantes de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), entre eles a Rússia, concordaram em reduzir sua produção em 558 mil barris por dia. A medida ocorre após um corte de 1,2 milhão de barris por dia na produção da própria Opep, em acordo do grupo fechado no fim de novembro. A redução total representa quase 2% da oferta global.
"Algumas dúvidas justificáveis continuarão a existir", diz a consultoria JBC Energy em nota nesta segunda-feira. "Mas a capacidade de Arábia Saudita e Rússia de fechar um acordo no clima atual tem de ser vista como uma significativa declaração de intenções que não pode deixar de gerar um impacto nos mercados."
Os cortes na oferta de fora da Opep, se realizados como previsto ao longo do primeiro semestre de 2017, representariam um nível sem precedentes de cooperação entre os países produtores de petróleo, que têm buscado maneiras de elevar os preços da commodity, após dois anos de fraqueza.
"Este é um evento realmente histórico", afirmou o ministro da Energia russo, Alexander Novak. "É a primeira vez que tantos países produtores de petróleo de diferentes partes do mundo se reuniram em uma sala para conseguir o que obtivemos."
A maior parte dos cortes - 300 mil barris por dia - deve vir da própria Rússia, maior produtora global. Outras reduções na oferta foram prometidas por mais dez países, entre eles Omã, Azerbaijão e Sudão.
A consultoria Bernstein Research apontou que parte dos cortes anunciados pelos países de fora da Opep já iria acontecer pelo declínio natural na produção, mas a maioria deles é de cortes impostos.
O mercado recebeu um impulso extra na confiança após relatos de que a Arábia Saudita havia indicado que, se necessário, pode cortar ainda mais que os 485 mil barris por dia que concordou em retirar do mercado na reunião de novembro da Opep.
O estrategista Vivek Dhar, do Commonwealth Bank da Austrália, disse que o cumprimento do que foi acordado ainda é um risco de baixa no mercado, já que nem sempre os países respeitaram os níveis de produção.
O acordo para cortar a produção entra em vigor em 1º de janeiro. Os países produtores devem se reunir em seis meses para avaliar a iniciativa. Analista-chefe de mercados da CMC Markets, Ric Spooner avalia que é de se esperar que o acordo seja cumprido, "especialmente nos primeiros meses".
Outra preocupação, porém, é quão rápido os produtores de xisto dos EUA elevarão sua produção para aproveitar os preços mais altos. A Bernstein apontou que, se os preços ficarem na casa de US$ 60 o barril, a produção dos EUA não deve aumentar em mais de 500 mil barris por dia dos níveis atuais. Com isso, uma alta nos EUA não será o suficiente para ofuscar o declínio nos demais países, em um quadro de aumento de 1,2 milhão de barris por dia de crescimento na demanda. Fonte: Dow Jones Newswires.