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Petrobras lidera rentabilidade na renda fixa na América Latina

A disparada do petróleo anulou os receios de que o plano de investimento de US$ 225 bilhões da estatal levasse a um excesso na oferta de papéis

Os títulos da empresa que vencem em 2040 e 2041 tiveram o melhor desempenho entre 200 bônus em moeda estrangeira acompanhados pelo JPMorgan (Divulgação)

Os títulos da empresa que vencem em 2040 e 2041 tiveram o melhor desempenho entre 200 bônus em moeda estrangeira acompanhados pelo JPMorgan (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 2 de janeiro de 2012 às 09h34.

Nova York - Os títulos da Petróleo Brasileiro SA tiveram a maior rentabilidade em 2011 entre os principais emissores de dívida corporativa da América Latina. A disparada do petróleo anulou os receios de que o plano de investimento de US$ 225 bilhões da estatal levasse a um excesso na oferta de papéis.

Os títulos da Petrobras que vencem em 2040 e 2041 tiveram o melhor desempenho entre 200 bônus em moeda estrangeira acompanhados pelo JPMorgan Chase & Co., segundo relatório de 22 de dezembro. Os papéis para 2040 tiveram rentabilidade de 17 por cento, enquanto de 2041 acumularam um ganho de 18,9 por cento desde sua emissão em 20 de janeiro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Títulos corporativos de mercados emergentes deram em média um retorno de 3 por cento, segundo o índice CEMBI, do JPMorgan.

Apesar de os papéis da Petrobras terem ganhado um impulso com a maior valorização desde 1995 para os bônus de longo prazo do Tesouro americano, a amplitude dos ganhos é “surpreendente” porque os receios com a oferta levaram alguns investidores a evitarem os papéis, disse Victor Rodriguez, administrador de recursos de mercados emergentes do ING Investment Management. A Petrobras captou um volume recorde de US$ 9,6 bilhões com a emissão de dívida no exterior em 2011, a maior quantidade entre empresas de mercados emergentes. Os recursos ajudam a financiar o plano de investimento de cinco anos da estatal, que é o maior do setor petrolífero.

“Os títulos mais longos da Petrobras não pareciam muito bons em meados do ano”, disse Rodriguez, que ajuda a administrar US$ 15 bilhões em ativos, incluindo papéis da Petrobras. Investidores que ignoraram os títulos “estão olhando para trás e reconhecendo que tomaram a decisão errada”, disse ele em entrevista por telefone de Atlanta.

Petróleo em 2011

O rendimento dos papéis que vencem em 2040 caiu 78 pontos- base, ou 0,78 ponto percentual, no ano passado, para 5,713 por cento. A taxa de títulos com vencimento similar do governo brasileiro caiu 13 pontos-base para 8,07 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A Petrobras, sediada no Rio de Janeiro e maior empresa do setor de petróleo da América Latina, tem nota de crédito A3 pela Moody’s Investors Service, a sétima menor na escala de grau de investimento e dois níveis acima da classificação da dívida do País. A empresa tem nota BBB pela Standard & Poor’s, a mesma do governo.

O petróleo subiu 8,2 por cento em 2011, o que impulsionou a demanda pelos títulos da Petrobras. Em maio, o barril chegou a subir para US$ 114,83 em Nova York, o maior nível em mais de dois anos. Depois disso, a commodity reduziu os ganhos, com os receios de que a crise de dívida na Europa afetará o crescimento econômico mundial. Títulos emitidos por empresas do setor de energia da América Latina acumularam rentabilidade de 13 por cento em 2011, segundo o índice LABI, do Credit Suisse Group AG.


Títulos dos EUA

Os receios de recessão mundial geraram uma corrida pela segurança dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, referência para bônus corporativos em dólares. Os papéis de longo prazo do Tesouro americano foram os que mais ganharam, com os títulos que vencem em 10 anos ou mais apresentando um retorno de 25,2 por cento, o maior desde 1995, de acordo com índices de dívida do Bank Of America Merrill Lynch.

A rentabilidade dos títulos da Petrobras que vencem em 2016 ficou abaixo do retorno dos papéis da empresa com prazo mais longo. Os títulos deram um retorno de 5,6 por cento desde sua emissão em janeiro. Já os papéis do Tesouro americano com prazo de cinco anos deram uma rentabilidade de 8,4 por cento.

Captação recorde

Os títulos da Petrobras não devem conseguir superar o desempenho da dívida de mercados emergentes mais uma vez em 2012, já que novas emissões vão elevar a oferta e reduzir o valor dos papéis que estão no mercado, disseram analistas do JPMorgan no relatório de 22 de dezembro. A captação recorde de US$ 9,6 bilhões em 2011 veio depois de a estatal ter ficado fora do mercado internacional de dívida em 2010, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Apear de esperarmos um bom ano operacional para a maioria dos nomes do setor de petróleo e gás da região, temos uma recomendação market weight para a Petrobras devido ao risco de novas emissões”, escreveram os analistas do JPMorgan, incluindo Jacob Steinfeld.

Steinfeld não quis fazer comentários adicionais.

A Petrobras pode fazer uma nova captação a partir de fevereiro, disse Jeremy Brewin, que ajuda a administrar cerca de US$ 4 bilhões como diretor para dívida de mercados emergentes na Aviva Investors em Londres.

US$ 91 bilhões

A empresa, que busca desenvolver as maiores descobertas de petróleo do ocidente em três décadas, tem planos de emitir até US$ 91 bilhões em dívida até 2015, disse o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, em entrevista em 7 de dezembro em Doha, no Qatar. A Petrobras fará as captações “predominantemente” em dólares, mas também está olhando para emissões em reais, euro e libras, disse ele.

A estatal disse em 27 de dezembro que está constantemente avaliando novas opções para levantar recursos para financiar seu programa de investimento. A assessoria de imprensa da companhia não quis fazer comentários sobre o desempenho dos títulos em 2011.

Apesar de a Petrobras ter feito um volume recorde de captações em 2011, a decisão de fazer emissões em várias áreas dos mercados globais ajudou a manter a rentabilidade dos papéis, disse Brewin, da Aviva.

A empresa captou US$ 2,5 bilhões em notas para 2016, US$ 2,5 bilhões com vencimento em 2021 e US$ 1 bilhão em títulos de 2041, em 20 de janeiro. Depois, a empresa captou 1,9 bilhão de euros (US$ 2,5 bilhões) em dívida para 2018 e 2022 e outros 700 milhões de libras (US$ 1,1 bilhão) em dezembro.

A mudança para os mercados europeus “deixou a curva em dólares praticamente sem impacto”, disse Brewin. Isso ajudou os títulos a terem um desempenho “melhor que o esperado”, disse ele.

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