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Pessoas físicas aumentam a aposta e investem R$ 6 bi na bolsa em queda

Enquanto isso, investidores estrangeiros e institucionais retiram mais de 7 bilhões de reais em ações

Investindo pelo celular: pessoa física compra mais ações do que vende durante turbulento mês de setembro no mercado (dowell/Getty Images)

Investindo pelo celular: pessoa física compra mais ações do que vende durante turbulento mês de setembro no mercado (dowell/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 30 de setembro de 2020 às 19h24.

Última atualização em 30 de setembro de 2020 às 19h45.

Marcado pelo risco fiscal, o Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o mês de setembro em baixa de 4,8%, confirmando a segunda queda mensal consecutiva. Apesar das perdas, dados da B3 revelam que as pessoas físicas compraram 5,9 bilhões de reais em ações a mais do que venderam entre o início do mês e o dia 28, enquanto estrangeiros e fundos venderam, juntos, 7,4 bilhões de reais a mais do que compraram.

“As pessoas físicas adoram quando a bolsa cai porque acham que ficou barato. Há o sentimento de oportunidade”, afirma Pedro Lang, diretor de renda variável da Valor Investimentos.

Parte do manual de como investir em ações, as quedas são tidas como os melhores momentos para aumentar exposição em bolsa, mas eventos de risco no radar, como eleições americanas, segunda onda de coronavírus e incertezas fiscais, ligam o sinal de alerta, avalia Paloma Brum, analista da Toro Investimentos.

“Os investidores institucionais e estrangeiros montam posições mais estratégicas, já se adiantando a acontecimentos futuros. Por mais que muitos tenham entrado no timing certo, outros estão chegando sem o nível de conhecimento necessário e tomando posição sem conhecimento de que o risco está muito maior”, afirma Brum.

Mas além da busca por ações que desvalorizaram, outros dois fatores ajudam a explicar o fenômeno. Um deles é a insatisfação com os rendimentos em renda fixa, que tem levado o número de pessoas físicas aumentar na B3 independentemente se a bolsa está em um bom ou mau momento, tanto que no mês de março, o de maior turbulência no mercado financeiro, a bolsa registrou a maior quantidade de entrantes da história. Já os dados de setembro devem confirmar a presença de mais de 3 milhões de pessoas físicas cadastradas na B3.

‘Com perspectiva de juros baixos e rentabilidade muito apertada em renda fixa, a pessoa física está saindo dessa modalidade e aumentando exposição em bolsa”, comenta Brum.

Essa migração tem ocorrido também por meio de fundos de investimento. Segundo dados da Anbima, entre janeiro e agosto deste ano os fundos de ações tiveram captação líquida de 60,9 bilhões de reais, enquanto os nos fundos de renda fixa as retiradas superaram em 4,7 bilhões de reais os aportes.

O outro motivo que pode ter levado a maior venda de ações por parte de estrangeiros e institucionais em setembro foram as oito ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) realizadas no mês, que movimentaram 13 bilhões de reais. “Principalmente o estrangeiro tem o histórico de vender ações para fazer caixa para os IPOs. Para compensar a saída da posição eles aumentam a participação no mercado de futuros”, conta Lang.

De acordo com dados apresentados em relatório do BTG Pactual, até meados de setembro, a participação de estrangeiros foi em 30,2% dos IPOs realizados no ano, enquanto os institucionais foram responsáveis por 43,1% das ofertas, enquanto os investidores de varejo, por somente 7,8%.

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