Pedidos de recuperação judicial e falência disparam para o maior patamar em cinco anos
Cenário reflete crescimento da inadimplência tanto entre pessoas físicas quanto entre as empresas no último ano
Repórter Exame IN
Publicado em 13 de abril de 2023 às 15h07.
Os números de pedidos de recuperação judicial e de falências voltaram a se aproximar dos anos de 2016 a 2018, quando o país passou por uma de suas piores crises econômicas. O número total considerando o primeiro trimestre é o maior desde 2018:foram 289 pedidos de recuperação judicial e 255 de falência, segundo dados da Serasa Experian.
O número é consequência do crescimento da inadimplência tanto entre pessoas físicas quanto entre as empresas no último ano. Até fevereiro, 6,5 milhões de negócios entraram na lista de negativação, somand o R$ 112,9 bilhões em dívidas.Assim, em março, os requerimentos de pedido de recuperação judicial somaram 94 e os de falência, 97.
"O avanço dos números veio até em ritmo mais lento do que era esperado", observa Luiz Rabi, economista da Serasa Experian em entrevista à EXAME Invest. No entanto, destaca ele, esses números devem se deteriorar ao longo do ano, porque a inadimplência entre as famílias e as empresas continua alta. "Na verdade, os dados de insolvência estão só começando."
Estagnação econômica e juros altos
Dois fatores estão por trás desse cenário negativo, de acordo com o economista da Serasa. A desaceleração econômica, que está impedindo a geração de caixa das empresas, e o aumento de juros, que passou de 2% ao fim de 2020 para os atuais 13,75%. "Empresas que estão rolando dívida, estão pagando mais caro. Então, as despesas ficam mais caras", explica Rabi.
Para Rabi, o juro só começa a cair a partir da virada do terceiro para o quarto trimestre. Para Rabi, a preocupação maior em relação a isso é que as grandes empresas estão aumentando sua participação nos pedidos de recuperação judicial. Historicamente, a participação das grandes empresas nesses casos é de 10%, mas hoje se aproxima de 12%. O percentual histórico para falências é de 20%, chegou a 24% em fevereiro, mas voltou aos patamares históricos em março. "Isso confirma ou pelo menos reforça a hipótese que de fato podemos entrar numa recessão." Exemplos de grandes companhias que foram à Justiça tentar negociação com seus credores recentemente são a Americanas, a Oi e o Grupo Petrópolis.
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