Mercados

‘Paulada’ do BC em juros pode levar bolsa a recorde, diz Mendes

Sócio da Cultinvest acredita que o Ibovespa pode subir até 20% e alcançar 80 mil pontos até o fim de 2011caso o mercado confie que o governo vai conter a inflação

Se o BC conseguir domar a inflação, a taxa Selic pode voltar a cair acredita Mendes (Divulgação/Banco Central)

Se o BC conseguir domar a inflação, a taxa Selic pode voltar a cair acredita Mendes (Divulgação/Banco Central)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2011 às 11h53.

São Paulo - O Ibovespa pode atingir um recorde caso o Banco Central reconquiste a confiança dos investidores de que é capaz de controlar a inflação com um aperto monetário mais forte que o previsto, disse Walter Mendes, sócio da Cultinvest Asset Management.

“Se o mercado tiver a confiança de que essa paulada de juros vai ser suficiente para reduzir a inflação sem causar uma recessão no Brasil, o mercado pode até subir”, Mendes, que administra cerca de R$ 68 milhões em ativos, disse hoje em entrevista na Bloomberg em São Paulo. “O grande mal para o mercado é a incerteza”.

O Ibovespa, que está em queda de 3,8 por cento no ano até 15 de abril, refletindo os temores de que as políticas de combate à inflação irão desacelerar o crescimento econômico, pode subir cerca de 20 por cento para 80.000 até o final do ano, disse Mendes. O índice caía 1,9 por cento à 15:04, a sexta queda em sete sessões.

“Num primeiro instante” uma alta de juros mais forte “pode assustar porque o mercado não sabe quanto isso vai afetar de crescimento”, disse Mendes, 55 anos, que foi diretor de renda variável da administradora de recursos do Itaú Unibanco Holding SA. “Mas talvez seja o que o mercado esteja esperando para poder fazer suas apostas.”

O Comitê de Política Monetária começa amanhã uma reunião de dois dias para decidir sobre a taxa básica de juros. A Selic pode ser elevada em 50 pontos-base, ou 0,5 ponto percentual, para 12,25 por cento, de acordo com pesquisa da Bloomberg com 37 economistas.

‘No meio’

O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse no dia 15 de abril que o País está “no meio” de um ciclo de aperto monetário. A autoridade elevou a Selic em 50 pontos-base duas vezes este ano na tentativa de frear a inflação, que nos 12 meses até março chegou a 6,3 por cento, o nível mais alto desde novembro de 2008. O Banco Central persegue meta de inflação de 4,5 por cento, mais ou menos dois pontos percentuais.

No cenário atual, em que investidores têm dúvidas sobre a eficácia das medidas adotadas pelo governo para combater a inflação, as melhores oportunidades na bolsa estão nos setores considerados “defensivos”, como as companhias elétricas, de telecomunicações, concessões de rodovias, alimentos e bebidas, segundo Mendes. Essas companhias podem ajustar seus preços pela inflação, são menos impactadas por juros altos, têm fluxo de caixa estável ou pagam bons dividendos, disse ele.

Se a inflação “começar a ser domada”, com perspectiva de queda dos juros no futuro, os investidores devem “antecipar” este movimento e investir em setores afetados pelo risco de juros mais altos, como construção civil e bancos, disse o executivo.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaB3bolsas-de-valoresDados de BrasilEmpresasEmpresas abertasIbovespaInflaçãoMercado financeiroservicos-financeiros

Mais de Mercados

Bolsas da Europa mostram viés de baixa após recordes, com foco em dados dos EUA e zona do euro

Bolsas da Ásia fecham mistas, com chinesas pressionadas por dados e expectativa de tarifas dos EUA

Petrobras divulga resultado do primeiro trimestre de 2024 nesta segunda. Saiba o que esperar

Ida de Xi Jinping à Europa evidencia relação dúbia entre a China e o velho continente, diz Gavekal

Mais na Exame