Mercados

Como as bolsas reagirão após os dados fracos da China e Alemanha?

Após o alívio da terça, quando as bolsas voltaram a subir após anúncio de que Trump adiaria novas tarifas sobre a China, a quarta-feira é de questionamentos

Hong Kong: confronto em aeroporto turva cenário político e se soma às incertezas econômicas da China (Thomas Peter/Reuters)

Hong Kong: confronto em aeroporto turva cenário político e se soma às incertezas econômicas da China (Thomas Peter/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2019 às 06h59.

Última atualização em 14 de agosto de 2019 às 09h07.

Após o alívio da terça-feira, quando as bolsas globais voltaram a subir após anúncio de que Donald Trump adiaria a entrada em vigor de novas tarifas sobre a China, a quarta-feira é dia de questionamentos sobre o médio prazo. Dados divulgados pelo governo chinês voltaram a comprovar os danos causados pela guerra comercial à economia do país e, em maior escala, ao crescimento global.

O crescimento industrial da China caiu para a menor taxa em 17 anos em julho, mesmo com reiterados atos do governo de estimular a economia.

A produção industrial cresceu 4,8% em julho, ante 6,3% em junho; as vendas varejistas avançaram 7,6% no período, ante crescimento de 9,8% em junho. O desemprego urbano voltou a subir, para 5,3%, mesmo dado de fevereiro. O crescimento econômico, vale lembrar, chegou a 6,3% no segundo trimestre, a menor taxa em quase três décadas.

"A economia da China precisa de mais estímulo porque os obstáculos são bastante fortes e os dados de hoje são muito mais fracos do que o consenso", disse Larry Hu, diretor no Macquarie Group.

As vendas no varejo também indicam cautela do consumidor, mais evidente na queda das vendas de automóveis mas também em gastos relacionados à casa como eletrodomésticos e móveis.

As vendas varejistas subiram 7,6%, bem abaixo da expectativa de 8,6% e mais fraco do que a previsão mais pessimista. As vendas haviam saltado 9,8% em junho, o que muitos analistas viram como temporário.

Os números divulgados nesta quarta-feira contrastam com os bons dados de exportação para o mês divulgados anteriormente e mostram que, embora a China tem sido bem sucedida em buscar alternativas aos Estados Unidos, a guerra comercial pode lhe fragilizar onde mais importa: no consumo interno, foco do governo central para o crescimento no médio prazo. Analistas esperam novas políticas de incentivo, como redução de juros pelo banco central.

Para aumentar a pressão sobre Pequim, os protestos continuam em Hong Kong, onde manifestantes se concentram desde quinta-feira no aeroporto, atrapalhando a rotina de voos.

Ontem, o governo chinês sugeriu que os manifestantes que pedem a saída do governo local e medidas em prol da liberdade estejam praticando atos de terrorismo. Pode ser uma senha para o aumento da repressão policial e para mais prisões.

Enquanto aliviou a pressão sobre Pequim no comércio, Trump jogou lenha na fogueira política ao escrever ontem no Twitter que tem informações de inteligência segundo as quais o governo da China movimenta tropas para a fronteira com Hong Kong. “Todos devem ficar calmos e em segurança”, afirmou.

As bolsas asiáticas fecharam em leve alta nesta quarta-feira (0,42% em Xangai e 0,98% em Tóquio). Na Europa, por sua vez, quedas em virtude do anúncio alemão de que o PIB recuou 0,1% no segundo trimestre. As incertezas políticas, econômicas e comerciais seguem como principal preocupação de curto, médio e longo prazo.

Acompanhe tudo sobre:ChinaDonald TrumpExame HojeHong Kong

Mais de Mercados

Banco Central volta a intervir no câmbio, após dólar bater R$ 5,69

Warren Buffett completa 94 anos: 10 frases do CEO da Berkshire Hathaway para investir melhor

Aposta de alta da Selic atinge máxima após dados fortes do mercado de trabalho

Ibovespa fecha estável com dados da Pnad e inflação americana no radar

Mais na Exame