Joesley Batista: ao lado do irmão, Wesley, empresário presta depoimento à PF sobre crime praticado no mercado financeiro pelo uso de informação privilegiada (foto/Exame)
EXAME Hoje
Publicado em 9 de agosto de 2017 às 06h13.
Última atualização em 9 de agosto de 2017 às 07h25.
Quase 90 dias depois, as consequências da delação de Joesley Batista, sócio do grupo J&F, que trouxe à tona gravações nada republicanas com o presidente Michel Temer, ainda ecoam. Hoje, segundo informações divulgadas na coluna Expresso, da revista Época, Joesley e seu irmão, Wesley, atual presidente do frigorífico JBS, controlado pela J&F, comparecem à sede da Polícia Federal em São Paulo para prestar depoimentos em uma investigação que averígua a compra e venda de dólares dias antes dos depoimentos dos irmãos virem à tona.
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Os irmãos Batista são acusados do crime de Insider Trading, em que teriam especulado no mercado futuro de câmbio de posse de informação privilegiada, no caso, os próprios depoimentos. Sabendo do tamanho da bronca, e do impacto que ela teria economicamente, estima-se que os irmãos possam ter operado mais de 1 bilhão de dólares antes de seus depoimentos se tornarem públicos. No dia seguinte, a alta do dólar foi de 8,15%, um aumento diário que não era visto desde janeiro de 1999, quando o governo mudou o status da moeda de câmbio ancorado para flutuante. Há também a suspeita de que ações da companhia tenham sido negociadas diante de posse da informação privilegiada.
Há também dois processos administrativos abertos contra a JBS na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Procurada, a CVM comunicou que não comenta casos ou quaisquer medidas específicas que conduz. “Todas as informações públicas sobre os dois procedimentos administrativos envolvendo a JBS, abertos após as notícias de 17 de maio, estão disponíveis em Comunicados ao Mercado, divulgados oportunamente”, afirmou a CVM em nota.
Ainda na seara do crime de insider trading, a Justiça Federal já havia determinado o bloqueio de 800 milhões de reais das contas de Joesley Batista. A JBS também foi condenada a pagar multas no valor de 10,3 bilhões de reais, fechado em acordo de leniência com o Ministério Público. Altamente envidada, a J&F pôs à venda diversos ativos, como a fabricante de calçados Alpargatas e a fábrica de laticínios Vigor. Ao que tudo indica, as polêmicas dos irmãos Batista estão longe do fim.