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OGX, de Eike, suspende projetos e ações desabam

A OGX anunciou nesta segunda-feira que suspenderá o desenvolvimento de três campos de petróleo e interrompeu a construção de cinco plataformas


	A OGX teve prejuízo de 804,6 milhões de reais no primeiro trimestre, quase três vezes superior ao do mesmo período do ano anterior, devido a uma baixa contábil bilionária com poços secos
 (Divulgação)

A OGX teve prejuízo de 804,6 milhões de reais no primeiro trimestre, quase três vezes superior ao do mesmo período do ano anterior, devido a uma baixa contábil bilionária com poços secos (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2013 às 19h50.

São Paulo - A OGX anunciou nesta segunda-feira que suspenderá o desenvolvimento de três campos de petróleo e interrompeu a construção de cinco plataformas, no mais recente revés do empresário Eike Batista, que viu a ação de sua petroleira desabar na bolsa paulista.

A empresa também informou que não investirá no aumento da produção dos poços do campo de Tubarão Azul, na bacia de Campos, onde a extração pode parar no ano que vem.

"Não existe, no momento, tecnologia capaz de viabilizar economicamente qualquer investimento adicional nesse campo visando aumentar o seu perfil de produção e os poços atualmente em operação poderão cessar de produzir ao longo do ano de 2014", afirmou a OGX em fato relevante.

Citando novas interpretações de dados geológicos, a OGX disse não ser viável o desenvolvimento dos campos Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia, onde as novas plataformas da OSX --também controlada por Eike-- iriam operar.

"Restam poucos caminhos para a empresa. Já há algum tempo deixamos de ter preço justo e indicação para (as ações da) OGX, pela mais absoluta incapacidade de reunir dados confiáveis para realizar projeções", afirmou o analista Luiz Francisco Caetano, da Planner, em relatório intitulado "OGX: O fim da história?".

Eike deverá tentar salvar a empresa livrando-se dos ativos ruins e mantendo os bons, como os campos de gás na bacia do Parnaíba e um bloco na bacia de Santos, segundo uma fonte ligada ao grupo EBX, que pediu para não ser identificada.

A OGX Maranhão, braço da empresa para campos de gás na bacia do Parnaíba, vem aumentando expressivamente a produção, sendo capaz de suprir as térmicas da MPX, sócia em campos que produzem. A MPX é uma empresa mais sólida que as demais, tendo como sócio o grupo alemão de peso em energia E.ON.


Já o campo de Tubarão Martelo, no qual a malaia Petronas possui participação, deve entrar em operação até o final do ano, antes que o campo de Tubarão Azul possa ter produção interrompida, indicou o comunicado da empresa nesta segunda-feira. Nessas condições, a OGX não deverá parar de produzir petróleo no mar.

Problemas em Tubarão Azul

O anúncio da OGX veio após os três poços marítimos da empresa em produção (OGX-26HP, OGX-68HP e TBAZ-1HP), todos em Tubarão Azul, sofrerem problemas operacionais e registrarem interrupções nos últimos meses.

A produção marítima, que chegou ao pico de 13,2 mil barris de petróleo por dia em janeiro, despencou para 1,8 mil barris por dia em abril, recuperando-se a 6,8 mil barris por dia em maio.

As sucessivas frustrações com o nível de produção da OGX e a queima de caixa pela petroleira têm motivado forte queda das ações da empresa, contagiando os papéis de outras companhias de Eike listadas na Bovespa.

No meio de junho, a agência de classificação de crédito Fitch rebaixou o rating da OGX para "CCC", indicando alto risco de não pagamento da dívida.

A ação da OGX fechou o dia em queda de 29,11 por cento, a 0,56 real, enquanto o Ibovespa teve baixa de 0,48 por cento. Na mínima, o papel chegou a perder 39,2 por cento.

No fim de maio, Eike reduziu sua participação na OGX de 61,09 para 58,92 por cento, em operações na bolsa por um preço médio de 1,73 real por papel.

Eike tem o compromisso de aportar até 1 bilhão de dólares na OGX, que tem uma opção contra o empresário a ser exercida até abril de 2014 ao preço de 6,30 reais por papel, se o Conselho da companhia julgar necessário.


Segundo a assessoria da imprensa da OGX, a opção da companhia contra Eike "continua uma opção viável a ser considerada".

Queima de caixa

A OGX pagará imediatamente 449 milhões de dólares para a OSX, destinados principalmente para a construção de duas plataformas para operar em um outro campo, o de Tubarão Martelo, que continua sendo desenvolvido e tem previsão de primeiro óleo para o fim deste ano.

A petroleira disse que o aluguel pelo afretamento do FPSO OSX-1, plataforma conectada ao campo de Tubarão Azul, continuará a ser pago à OSX.

A petroleira terminou março com 1,15 bilhão de dólares em recursos disponíveis e apenas o pagamento devido à OSX reduziria o caixa da companhia a cerca de 700 milhões de dólares.

O Credit Suisse salientou que a OGX tem agora três ativos principais: blocos na bacia do Parnaíba, avaliados pelo banco em 500 milhões de dólares; Tubarão Martelo, estimado em 1,2 bilhão de dólares; e bloco BS-4, na bacia de Santos, adquirido por 270 milhões de dólares.

"Com 2,8 bilhões de dólares em dívida líquida ao fim do primeiro trimestre, há pouco valor para sustentar as ações na nossa visão. O pagamento de 449 milhões de dólares pela OGX à OSX coloca o balanço da OGX ainda mais sob questionamento", disse o Credit Suisse em relatório.

Após a divulgação do fato relevante pela OGX, o banco suíço UBS rebaixou o preço-alvo para a ação da OGX de 1 real para 0,20 real, mantendo a recomendação de venda.

A OGX vai submeter à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) uma revisão de seu plano de desenvolvimento para Tubarão Azul, com base nas conclusões da análise do comportamento dos poços.


A empresa disse que "não devem mais ser consideradas válidas as projeções anteriormente divulgadas, inclusive as que dizem respeito a suas metas de produção".

Procurada, a ANP disse que aguarda receber oficialmente a revisão da OGX e que os documentos serão analisados pela agência reguladora.

A OGX teve prejuízo de 804,6 milhões de reais no primeiro trimestre, quase três vezes superior ao do mesmo período do ano anterior, devido a uma baixa contábil bilionária com poços secos.

Baixas no Conselho

Recentemente, a OGX perdeu figuras renomadas que integravam seu Conselho de Administração, com a saída dos ex-ministros Pedro Malan (Fazenda) e Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) e da ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie.

Em março, a holding de Eike, a EBX, firmou acordo de cooperação estratégica com o BTG Pactual para assessoria financeira, linhas de crédito e futuros investimentos para projetos.

Naquele mesmo mês, o controlador do BTG, o banqueiro André Esteves, chegou a afirmar que no caso da OGX, diferentemente de outras empresas de Eike, não havia muito para o banco fazer. "Uma coisa que não vamos fazer e não temos capacidade de fazer é tirar mais petróleo do fundo dos poços", disse Esteves em entrevista a um jornal.

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