O que esperar da Vale no 3º tri em meio à turbulência na China
Sinais de desaquecimento da demanda na China preocupam analistas, mas alguns enxergam chance de recuperação
Beatriz Quesada
Publicado em 27 de outubro de 2022 às 06h03.
A mineradora Vale (VALE3) , uma das maiores empresas do Brasil e principal ação listada na bolsa, divulga seu balanço do terceiro trimestre nesta quinta-feira, 27, após o fechamento do mercado. Na expectativa dos resultados, os papéis avançaram 2% na véspera e ficaram entre as poucas altas da B3.
A animação contrasta com as perspectivas mais pessimistas para o setor de mineração e para a própria Vale. A companhia deve apresentar uma receita de US$ 10,223 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de 19,4% na comparação anual, segundo estimativa compilada pela Refinitiv.
A previsão dos analistas é que o desaquecimento da demanda na China seja um desafio para a companhia. Esta semana, o minério de ferro afundou abaixo de US$90, em seu menor patamar em mais de um ano, com sinais de desaceleração na segunda maior economia do mundo.
O mercado imobiliário chinês segue fragilizado, com os preços de imóveis residenciais caindo pelo 13º mês consecutivo. As incertezas afetam o preço da commodity , que também sofre com a política restritiva de Covid zero e seus efeitos sobre o estoque de aço.
É possível, no entanto, que a queda de preço do minério seja compensada pelo volume de vendas. A produção de minério de ferro da Vale aumentou 21% ante o segundo trimestre, para 89,7 mil toneladas. Segundo a prévia operacional da companhia, divulgada na última semana, o resultado refletiu o período seco no Sistema Norte, a produção no Sistema Sul e maiores compras de minério de terceiros.
“O menor preço do minério de ferro deve compensar o melhor volume, já que o benchmark caiu 25% na comparação trimestral”, afirmou o Bank of America (BofA) em relatório.
A opinião é compartilhada pelo Goldman Sachs , que aumentou sua projeção para o Ebitda da Vale de US$ 4,3 bilhões para US$ 4,5 bilhões de olho na compensação. Ainda assim, a estimativa fica bem abaixo dos US$ 7,1 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
Alguns analistas, porém, acreditam que o pior já tenha ficado para trás. O BTG Pactual estima que o movimento de queda esteja em seu nível mais baixo, com expectativa de retomada gradual da economia chinesa ao longo de 2023 à medida que o governo comece a relaxar as restrições contra a Covid.
“O cenário macroeconômico da China traz riscos, mas acreditamos que as perspectivas devem melhorar em 2023, com a reabertura do país a partir do segundo trimestre e à medida que estímulos reduzem a contração do mercado imobiliário”, afirmaram em relatório.
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