Mercados

O garimpeiro da bolsa

A obsessão em identificar os setores mais promissores garantiu ao Bradesco o prêmio de melhor entre os fundos de ações

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2010 às 21h11.

Mesmo com os solavancos que começaram em agosto, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) vem sendo a grande estrela dos investimentos nos últimos meses. O Índice Bovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro, acumulou neste ano uma valorização de 23% até o fim de agosto, mais que o dobro da rentabilidade das aplicações de renda fixa no período. A exuberância, apesar dos altos e baixos recentes, tem atraído a atenção dos investidores para as ações e os fundos de ações. O interesse fez crescer o trabalho para os gestores desses fundos -- não apenas por administrarem uma massa maior de recursos mas também por terem de procurar mais para encontrar as melhores ações. A importância dessa garimpagem de oportunidades torna-se ainda mais crucial num momento em que as pechinchas no pregão da bolsa paulista vão se tornando mais raras. "Boa parte do trabalho do gestor hoje é identificar os melhores papéis dos setores mais promissores", diz Herculano Alves, diretor de renda variável da Bradesco Asset Management, a empresa de gestão de recursos do Bradesco, premiada como a melhor gestora de fundos de ações.

Com o prêmio, ganha destaque o bom desempenho de cinco fundos de ações da gestora do Bradesco. Dois deles são indexados, ou seja, sua estratégia é acompanhar, da melhor maneira possível, as oscilações do Índice Bovespa. Os outros três são ativos, isto é, seu desempenho é premiado pela melhor relação entre risco e retorno oferecida ao cotista. Os cinco tiveram retorno levemente superior à média da concorrência. No período de 12 meses terminados em 30 de junho, eles valorizaram 51,4%, enquanto a média de rentabilidade dos fundos de ações foi de 50,7%. Embora os retornos tenham sido parecidos aos do restante do mercado, os fundos do Bradesco destacaram-se por terem corrido menos riscos, um dos parâmetros usados para determinar o vencedor desta premiação. "Fizemos uma aposta no crescimento da economia e do nível de renda, comprando ações de empresas de consumo que ganham com os aumentos salariais", diz Robert John van Dijk, diretor da empresa.

Qual é o seu caso?
Se você aplica em um fundo indexado (que acompanha o Índice Bovespa) que cobra mais de 3% de taxa de administração, troque-o por outro. Se a rentabilidade de seu fundo indexado nos 12 meses terminados em junho tiver sido muito inferior à do Índice Bovespa, que ficou em 48,5%, comece a considerar uma alternativa mais atraente.Para quem tem um fundo ativo - aqueles que não usam o Ibovespa como meta -, o sinal vermelho é um retorno muito inferior a 50% entre 1o de julho de 2006 e 30 de junho de 2007. Na hora de escolher um fundo, prefira os que receberam pelo menos três estrelas no guia e que cobram menos de 25% de taxa de performance.

A tomada de decisões apóia-se no trabalho de uma equipe de sete analistas. Eles procuram detectar as tendências mais relevantes da economia e avaliar como isso vai beneficiar ou prejudicar cada um dos setores. "Aí começa o processo de escolha das melhores ações dentro de cada setor negociado em bolsa", diz Alves. A equipe do Bradesco previu no ano passado uma boa safra agrícola no Rio Grande do Sul em 2007, ao contrário dos últimos vários anos de seca. Por isso, investiu em ações de fabricantes de fertilizantes voltados para a Região Sul. Quando as previsões se confirmaram, a gestora ganhou com a alta dos papéis puxada pelo aumento do consumo. Outra aposta bem-sucedida foi a avaliação de que as economias que importam commodities, especialmente as minerais, não iriam reduzir seu consumo ao longo deste ano. "Isso indicava cotações internacionais em alta, com bons resultados para as empresas do setor", diz Alves.

Sobre o futuro da bolsa, ele mantém-se cautelosamente otimista. Para os próximos 12 meses, Alves estima um ganho de 5 a 10 pontos percentuais em relação à rentabilidade da renda fixa. Em relação ao grau de investimento -- certificado conferido pelas agências de risco a países considerados seguros --, previsto para 2008, ele é um pouco mais cético. "A regra mais consagrada que existe no mercado acionário é que a bolsa sobe no boato e cai no fato", diz. Ele não descarta a hipótese de uma significativa realização de lucros quando o Brasil entrar no clube dos países de baixo risco. Mas essa queda, aposta Alves, será um movimento temporário. Um fator que dá base ao otimismo no médio prazo é a relação entre preço das ações e lucro das empresas (conhecida como P/L), um dos indicadores mais usados para demonstrar se uma ação está cara ou barata. Hoje, o P/L médio das empresas brasileiras está ao redor de 12 -- ou seja, um investidor que compre uma ação brasileira levará em média 12 anos para receber todo o seu dinheiro de volta apenas com o lucro. Parece muito tempo para os investidores mais apressados, mas é menos do que a média de 17 anos nos países emergentes com grau de investimento. Também é um período muito mais curto que os mais de 20 anos, em média, nos países desenvolvidos. Portanto, é razoável supor que, quando obtiver o grau de investimento, o Brasil será um país com ações mais baratas que as de outras nações com o mesmo selo. "Será difícil falar em pechinchas, mas os investidores internacionais poderão encontrar aqui oportunidades mais interessantes do que em seus países de origem", diz Van Dijk.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Mercados

Ouro fecha semana em recorde histórico, acima de R$ 13,8 mil por onça

Ibovespa inverte sinal e se afasta na máxima histórica

Ações da Bayer disparam após vitória na Justiça dos EUA

B3 divulga 2ª prévia do Ibovespa para janela de setembro a dezembro de 2024; veja como ficou

Mais na Exame