O BC da Turquia mostrou hoje o poder de fogo do seu arsenal (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2011 às 15h24.
São Paulo – O mundo está vivendo uma espécie de “guerra cambial” ao contrário. O termo, criado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi usado para chamar a atenção para a sobrevalorização das moedas dos países emergentes - que estavam sendo inundados por dólares. Agora, contudo, os governos e bancos centrais têm agido para tentar resguardar o valor das suas moedas, hoje vítimas da instabilidade da economia global.
As novas intervenções foram até justificadas em uma reunião do G-20 em 22 de setembro. “Reiteramos que o excesso de volatilidade e os movimentos desordenados nas taxas de câmbio têm implicações adversas para a economia e a estabilidade financeira”, destacava o comunicado do grupo.
O BC turco é o mais recente a mostrar o seu arsenal.
A autoridade monetária do país entrou na guerra pela terceira vez neste mês para conter a depreciação da sua moeda, a lira, e ofertou 1,35 bilhão de dólares ao mercado no maior leilão já realizado. Intervenções do tipo já foram duramente criticadas como ineficientes até pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), mas não contiveram a fúria dos governos no mercado cambial.
As operações foram realizadas após a verificação de preços não saudáveis resultados de um “comportamento especulativo”, mostra um comunicado enviado pelo BC do país. O Brasil também mudou a sua postura e passou a ofertar dólares no mercado para conter a desvalorização do real, que chegou a ser cotado a quase 1,95 real. Isso após ter encostados no 1,59 real.
A equipe de Alexandre Tombini voltou a agir no dia 22 de setembro, quando vendeu 2,7 bilhões de dólares em contratos de swap tradicional. Foi a primeira operação desse tipo desde junho de 2009. Em nota, o BC foi duro e disse que poderia voltar a atuar, “a qualquer momento, de modo a assegurar condições apropriadas de liquidez nos mercados de câmbio".
Juros
Mas há outro fator que joga contra a valorização das moedas emergentes. Desde 31 de agosto, quando o BC do Brasil cortou o juro em 50 pontos-base de uma maneira inesperada, outros países emergentes têm afrouxado a política monetária para conter o efeito de uma desaceleração econômica global motivada pela crise da dívida da zona do euro, isso tudo a despeito da aceleração da inflação.
Em um movimento também pouco antecipado, o Banco Central da Indonésia tesouro no último dia 11 de outubro o juro do país em 25 pontos-base, para 6,5% ao ano.
O presidente do BC do país, Darmin Nasution, destacou que com a desaceleração econômica, as pressões inflacionárias irão declinar e muitos países irão alterar o foco da política monetária de manter a inflação baixa para dar suporte para a economia.
Ele parece ter razão. A Rússia e a Turquia fizeram o mesmo.