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Múltiplos altos de varejistas sinalizam venda para BNY Mellon

Ações do varejo subiram em média 67% em 2010; segundo analistas, ações estão supervalorizadas

O papel da Renner tem o melhor prêmio em relação à bolsa desde 2008 (Tamires Kopp/EXAME)

O papel da Renner tem o melhor prêmio em relação à bolsa desde 2008 (Tamires Kopp/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2010 às 17h20.

Rio de Janeiro - A alta das ações de varejistas neste ano elevou seus múltiplos para o triplo dos do Ibovespa. Para os gestores de fundos de hedge da BNY Mellon Arx Investimentos Ltda e da JGP SA, esse é um sinal de que é hora de vender esses papéis, mesmo com a aceleração da economia.

As ações das seis maiores redes varejistas em volume de vendas são negociadas a um preço equivalente a 50,5 vezes seus lucros projetados para 2010, contra 14,4 vezes do Ibovespa, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Lojas Renner SA, papel com o melhor desempenho no índice setorial, é negociada a 28 vezes seu lucro, o melhor prêmio em relação à bolsa desde janeiro de 2008.

As ações do varejo subiram em média 67 por cento neste ano, após a economia brasileira ter crescido no ritmo mais forte em mais de duas décadas, a expansão do crédito ter acelerado e o desemprego baixado para nível recorde. Ainda que as perspectivas para a indústria sejam positivas por conta do aumento nos gastos do consumidor, as ações estão supervalorizadas, disse Bruno Garcia, gestor de recursos da BNY Mellon Arx, que administra o quarto melhor fundo de hedge brasileiro neste ano em desempenho.

“Nós vemos um grande fim de ano e um 2011 robusto, mas muito das boas notícias já está nos preços”, disse Garcia, que zerou as posições nessas ações nos últimos dois meses no BNY Mellon ARX Long Short Master FI Multimercado, fundo de hedge que acumula ganho de 19 por cento neste ano. “As varejistas são negociadas a um preço justo apenas no melhor cenário, mas quando você as analisa em um quadro mais conservador, elas estão caras.”

Varejistas e ações ligadas ao consumo serão ofuscadas por papéis de bancos e empresas de commodities, disse o Goldman Sachs Group Inc. em nota a clientes do dia 13 de outubro. A Hypermarcas SA foi removida da lista de recomendações do Goldman Sachs após subir 44 por cento neste ano. A empresa, que tem sede em São Paulo, é negociada a 63 vezes seu lucro.

Lojas Renner sobe

Marcio Roberto Correia, que ajuda a administrar o equivalente a US$ 3 bilhões na JGP, vendeu todas as ações de varejistas de seu fundo JGP Equity FIC FI Multimercado. O fundo tem um ganho de 19 por cento neste ano, superando 96 por cento de seus concorrentes.

“Varejo é uma boa história, mas as ações ficaram muito caras”, disse Correia em uma entrevista por telefone do Rio de Janeiro. “Se você compra coisas caras, é bem difícil ganhar dinheiro.”


A Lojas Renner, operadora de 132 lojas de roupas com sede em Porto Alegre, subiu 67 por cento este ano, após a criação, até setembro, de 2,2 milhões de empregos formais e a confiança do consumidor ter batido recorde de alta em outubro.

Crescimento sustentável

Correia e Garcia têm olhado além das empresas de consumo em busca de valor. Nos últimos dois meses, ambos compraram papéis da Vale SA como alternativa.

A Vale subiu 19 por cento em relação à cotação mais baixa em um mês, registrada em 26 de agosto. Ela foi puxada pela recuperação dos preços das commodities influenciada pelas especulações de que o Federal Reserve e bancos centrais em todo o mundo adotariam novas medidas para estimular suas economias.

A Vale é negociada a 14 vezes o lucro, menos de um quarto dos 67 na relação preço-lucro da Lojas Americanas SA, segunda maior varejista do Brasil.

Os altos múltiplos para ações de consumo refletem o potencial de crescimento, disse Roberto Lampl, chefe de ações de América Latina no Baring Asset Management em Londres, que administra US$ 45 bilhões.

“Se as estratégias da empresa são fortes e o crescimento sustentável, não há problemas em manter ações caras”, disse ele, que não quis citar papéis específicos. “Com o crescimento doméstico, há algumas companhias que estão crescendo rápido e podem sustentar isso por dois anos.”

Garcia disse que não vendeu todas as suas posições em varejistas e acrescentou bancos brasileiros à sua carteira.
“Agora você tem que ser mais seletivo com ações de consumo”, disse ele.

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