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Moody’s rebaixa a perspectiva para os ratings do banco ABC Brasil

Ataques na Líbia contra as forças de Kadafi elevam os temores de que o BC líbio possa ser prejudicado, afetando o controlador do ABC Brasil, o Arab Bank Corporation

A sede do Banco ABC, na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo (EXAME.com)

A sede do Banco ABC, na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2011 às 18h27.

São Paulo – A agência de classificação de risco Moody's afirmou nesta segunda-feira (21) os ratings do banco ABC Brasil (ABCB4) e alterou de estável para negativa a perspectiva do rating de força financeira D+ e dos ratings de depósito global em moedas local e estrangeira Baa3.

A perspectiva da nota de dívida subordinada em moeda estrangeira Ba1 e do rating de depósito de longo prazo na escala nacional brasileira Aa1.br também foi alterada para negativa. Os ratings de curto prazo nas escalas global e nacional brasileira, Prime 3 e BR-1, respectivamente, permaneceram inalterados.

Em comunicado distribuído por e-mail, a Moody’s justifica que o rating negativo reflete as incertezas atuais sobre o efeito que a elevada instabilidade do Oriente Médio poderia ter sobre a própria estrutura de captação do ABC Brasil e sobre seu controlador (o Arab Banking Corporation que, por sua vez, é controlado pelo Banco Central da Líbia).

É importante lembrar que uma intervenção militar ocorreu no país africano durante o final de semana para evitar que as tropas do líder Muammar Kadafi provocasse a morte de mais cidadãos que lutam contra o fim da ditadura no país. A fim de refletir essas questões, a Moody’s já havia rebaixado os ratings do Arab Banking Corporation em 24 de fevereiro para Baa3/P-3.

“Reconhecemos a capacidade do ABC Brasil de captar primeiramente no mercado doméstico, com dependência limitada de seu controlador, o qual – contudo – demonstrou suporte para com as operações brasileiras através da disponibilização de uma linha de liquidez”, afirma a Moody’s.

No entanto, segundo a agência de classificação de risco, o caráter predominantemente institucional de suas fontes de captação poderia elevar a vulnerabilidade do ABC Brasil a alterações dos níveis de confiança dos investidores, “com implicações negativas na capacidade de manter a originação de crédito”. A Moody’s enfatiza que continuará monitorando a liquidez e captação do ABC Brasil.

Sediado em São Paulo, o banco tinha ativos totais de aproximadamente 9,82 bilhões de reais (5,88 bilhões de dólares) e patrimônio líquido de 1,35 bilhão de reais (806 milhões de dólares) em 31 de dezembro de 2010.

Reação

Apesar do comunicado negativo da Moody’s, as ações preferenciais do ABC Brasil operam em alta no pregão desta segunda-feira, negociadas com ganho de 1,01% às 15h53 (horário de Brasília), a 12,04 reais cada. No acumulado do ano, no entanto, os papéis apresentam queda de 16,71%. Apenas entre os dias 21 e 24 de fevereiro, quando se intensificaram os protestos na Líbia, os ativos do ABC Brasil tombaram 11%.

Na ocasião, em resposta solicitada pela reportagem de EXAME.com, a assessoria de imprensa do ABC Brasil iniciou seu comunicado (leia o documento na íntegra) afirmando que as “operações (do banco) não estão sendo afetadas pela crise na Líbia”. O ABC Brasil reiterou que manterá em 2011 uma evolução consistente de sua carteira de crédito, estabilidade de sua margem financeira, rentabilidade atraente e melhora do seu desempenho operacional”.

Entenda o caso

A autoridade monetária líbia possui 59% do Arab Bank Corporation, principal acionista do ABC Brasil, que possui, por sua vez, 57,3% do capital do banco. Os outros principais acionistas são executivos da empresa com 7,3%, e cerca de 34% dos papéis estão em circulação no mercado. O Arab Banking Corporation ainda tem como acionista o Kuwait Investiment Authority (KIA) com 30% e outros 11% no mercado.

O líder líbio Muammar Kadafi já afirmou que lutará até “a última gota de sangue” e que não irá abandonar o poder. No último sábado (19), forças ocidentais atingiram alvos ao longo da costa líbia, usando ataques aéreos e marítimos para forçar as tropas de Muammar Kadafi a cessar fogo e encerrar os ataques contra civis.

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