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Moedas emergentes perdem em ciclos de aperto, diz HSBC

Pesquisa mostra que é comum que divisas de países em desenvolvimento sofram desvalorização durante ciclos de aperto monetário nos EUA


	Dinheiro: desde a década de 1980, a moeda brasileira teve desvalorização superior a 10% em cinco ciclos
 (Marcos Santos/usp imagens)

Dinheiro: desde a década de 1980, a moeda brasileira teve desvalorização superior a 10% em cinco ciclos (Marcos Santos/usp imagens)

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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2013 às 12h25.

Londres - A perspectiva de retirada de estímulos monetários nos Estados Unidos já fez algumas vítimas, como as várias moedas emergentes que perderam valor nos últimos dias. O fenômeno, porém, não é novo.

Levantamento feito pela equipe de pesquisa global do banco HSBC mostra que é comum que divisas de países em desenvolvimento sofram desvalorização durante ciclos de aperto monetário nos EUA. O fenômeno ocorre desde os anos 80 e a moeda brasileira é um dos exemplos.

"O trauma gerado em muitos mercados emergentes continua sendo observado em ritmo acelerado. Desde o início de maio, a rupia indiana e o real brasileiro já caíram 16% em relação ao dólar, enquanto a rupia indonésia e rand sul-africano caíram 11%", diz o documento divulgado nesta quinta-feira, 22, em Londres. "Mas a história sugere que essa luta das moedas emergentes não surpreende", cita o estudo.

Economistas avaliaram a evolução de 27 moedas emergentes durante períodos de aumento do retorno recebido (yield) nos títulos do governo norte-americano. Desde 1987, o HSBC listou sete períodos de elevação na rentabilidade desses papéis de dívida: 1) de janeiro a outubro de 1987, 2) entre fevereiro de 1988 e março de 1989, 3) de setembro de 1993 a janeiro de 1995, 4) entre fevereiro e julho de 1996, 5) de outubro de 1998 a maio de 2000, 6) entre os meses de junho de 2003 e 2006 e 7) desde maio de 2013.

Nos sete períodos citados, a moeda brasileira teve desvalorização superior a 10% em cinco ciclos. Em um sexto período também houve queda da moeda nacional, mas inferior a 10%. Só em uma ocasião - o longo ciclo entre junho de 2003 e junho de 2006 - o real não seguiu a regra e, ao contrário, acumulou valorização superior a 10% no fim do período.

O México, por exemplo, teve três desvalorizações superiores a 10%, três inferiores a 10% e uma valorização de até 10%. O yuan chinês, por sua vez, só registrou um ciclo de queda superior a 10%. Em todos os outros períodos, houve valorização ou estabilidade na China. Entre os 27 países, a Turquia aparece como o emergente mais vulnerável: a lira turca caiu mais de 10% em seis ciclos e já acumula desvalorização de menos de 10% no atual momento.


Para o HSBC, o resultado do levantamento mostra que a desvalorização é o "resultado dominante" gerado pelos movimentos de aperto monetário nos EUA. "A Ásia tem se mostrado menos pior do que os países do Leste Europeu, Oriente Médio, da África e América Latina", diz o documento, que reconhece que alguns dos ciclos também podem ter razões internas. "Por exemplo, as desvalorizações de moeda associadas com a alta inflação nos anos 80 e 90 na América Latina", diz o documento.

Vantagens

Apesar de não mostrar surpresa com o tombo das moedas nos últimos dias, o HSBC diz "ter esperança" de que emergentes conseguirão lidar melhor com a situação agora. "A maioria das moedas opera em regime flutuante, as posições das reservas internacionais são mais fortes e a dívida externa é menor", diz o banco. "De fato, a maioria das divisas emergentes se saiu melhor contra o dólar no ciclo entre 2003 e 2006", destaca o banco.

Nesse ciclo citado, das 27 moedas pesquisadas, apenas 3 registraram desvalorização superior a 10%. A maioria - 17 divisas, entre elas o real brasileiro - tiveram alta no período. No atual ciclo, porém, o quadro é exatamente o oposto. Desde maio, quando o Fed sinalizou que poderia começar a retirar os estímulos e o retorno dos papéis passou a subir, 20 das 27 moedas caíram em relação ao dólar.

"Muitas das moedas já tiveram (no atual ciclo) um ajuste considerável com a perspectiva de redução gradual do relaxamento quantitativo nos EUA. Mas, claramente, as ameaças para os fluxos de capitais continuarão a ser predominantes e as tensões nos mercados emergentes devem permanecer fortes", dizem os economistas.

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