Minicontratos de dólar e Ibovespa batem recorde
Com eles, o investidor pode aplicar apenas uma fração do mínimo exigido para testar as emoções do mercado futuro da Bolsa
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de novembro de 2016 às 09h29.
São Paulo - A tentativa de prever para onde irá a cotação do dólar ou como vai se comportar o Ibovespa, principal índice da Bolsa, está se popularizando por meio dos chamados minicontratos.
Com eles, o investidor pode aplicar apenas uma fração do mínimo exigido para testar as emoções do mercado futuro da Bolsa.
Em outubro, o "mini dólar" alcançou 8,8 milhões de contratos negociados, um salto de 46 vezes ante o mesmo mês de 2011. O "mini índice" Bovespa fechou o mês passado com 14,6 milhões de contratos, um aumento de 415% em relação ao mesmo período de cinco anos atrás.
A dinâmica do "mini dólar", por exemplo, funciona com um lado apostando na alta da moeda e o outro, na baixa. Quem se der melhor, ganha a variação cambial do período. É a mesma regra geral do mercado futuro.
Por exemplo: o investidor ganha se comprou um cenário em que o ativo ficaria cotado a cinco e hoje vale 10. De maneira oposta, ele perde se o ativo ficar abaixo de cinco.
No caso do dólar, o produto tem como principal função ajudar aqueles que realizam operações atreladas à moeda norte-americana, como dívidas, e precisam se proteger das oscilações.
Operar o mini-dólar, contudo, exige um perfil mais sofisticado de investidor porque o mercado pode ser chacoalhado pelas intervenções do Banco Central e pela agenda econômica internacional.
"Em um dia com notícias sobre Federal Reserve (o BC dos EUA) ou taxa de desemprego norte-americana (payroll), eu digo para os iniciantes ficarem mais na 'sombra', porque é um dia com emoção", explica Leandro Martins, analista da corretora Rico.
Raony Rossetti, chefe de renda variável no varejo da XP Investimentos, reforça o perfil mais especulador de boa parte de quem opera esses produtos, associado ao lucro rápido e a operação de entrada e saída no mercado em um mesmo dia (day trade). "Esse investidor nunca vira de um dia pro outro numa mesma posição."
Rossetti explica que o aumento na procura pelos minicontratos tem acompanhado a grande movimentação que ocorre no mercado financeiro brasileiro neste ano. Além disso, o investidor vê esses produtos com bons olhos por causa do baixo custo operacional e da alta liquidez, que é a facilidade de converter o ativo em dinheiro.
"Se comparar o número de clientes que operavam na corretora um ano atrás, aumentou 400% nos últimos 12 meses", afirma Rossetti.
Olhando para fora, as eleições americanas deram o norte mais recente para as movimentações, explica Samuel Torres, da Spinelli Corretora. No dia 10 de novembro, um dia após Donald Trump ser eleito, o minicontrato futuro de dólar obteve os recordes de 394.805 negócios e 988.199 contratos.
No mercado interno, as mudanças recentes no ambiente político e econômico foram responsáveis pelo aumento do volume de negociação desses produtos. Neste cenário, o investidor brasileiro ficou mais propenso a correr riscos.
O minicontrato Ibovespa é como uma cesta com as ações mais negociadas do dia. É um produto que, apesar de trazer riscos, "protege o pequeno investidor de manipulações". "Se um investidor grande fizer uma operação na ação da Vale, por exemplo, que afete muito o preço, quem tem mini índice não vai sentir tanto essa variação", explica Martins, da corretora Rico.
Outra vantagem é obter, por meio de uma única operação, ações com grande negociação sem precisar negociar individualmente no mercado à vista, explica André Demarco, diretor de engenharia de produtos, serviços e educação da BM&FBovespa.
Hoje, é possível operar esses produtos com uma taxa de garantia de R$ 80 para minicontrato Ibovespa e R$ 150 para minicontrato de dólar na Rico. Essa taxa fica na conta que o investidor possui na corretora como uma margem de garantia.
Na XP Investimentos, o preço da taxa de garantia é de R$ 80 tanto para o dólar como para o Ibovespa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.