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Tombini é o "Sr. Juro Baixo", segundo mercados futuros

Operadores já projetam a Selic no menor nível histórico em um dia de recorde de negócios na BM&F

O primeiro corte do atual ciclo de afrouxo monetário liderado por Alexandre "Pombini", em 31 de agosto de 2011, também pegou o mercado de surpresa (SXC.hu)

O primeiro corte do atual ciclo de afrouxo monetário liderado por Alexandre "Pombini", em 31 de agosto de 2011, também pegou o mercado de surpresa (SXC.hu)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2012 às 20h58.

São Paulo – Para quem em 1999 viu a taxa Selic a 45% ao ano pode até estranhar o comportamento do mercado nesta quinta-feira. Mas não foi uma piada. Após a equipe de Alexandre Tombini tesourá-la em mais 0,75 ponto percentual, para 9%, os operadores correram para atualizar as apostas. A BM&F até registrou um recorde nas negociações dos contratos de juros futuros.

O mais líquido na bolsa, de janeiro de 2013, chegou a 8,42%. É um patamar inferior ao da mínima histórica da meta da Selic, de 8,75% em março de 2010, quando o Banco Central ainda era comandado por Henrique Meirelles. Ao todo, desde que o último ciclo do relaxamento da política monetária teve início, em agosto do ano passado, o juro perdeu 3,5 pontos percentuais. Só falta mais um pouquinho para Tombini fazer história.

Entre aspas

A leitura do comunicado trouxe interpretações diferentes dos economistas. Parte acredita que o Banco Central pode parar por aí mesmo, enquanto outra vê espaço para mais um corte. Mas o fato é que os investidores acreditam mais no segundo grupo e no grau de imprevisibilidade da atual gestão, que tem surpreendido mais que a anterior. Veja o comunicado de ontem:

“O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária. Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 9,00% a.a., sem viés”.

Tombini falador

O mercado vê o BC de Tombini bem mais falador. Em março, a autoridade monetária também fez barulho. A maioria esperava uma diminuição de 0,50 p.p., mas o facão de Tombini retalhou 0,75 p.p. do juro. Por isso, traçar qualquer certeza para o próximo encontro em 44 dias pode ser arriscado. Para quem investe com o próprio dinheiro, na BM&F, a aposta está dada. Algumas dicas poderão vir na próxima quinta-feira, data da publicação da ata da última reunião.


Antes de assumir as rédeas do BC, já se comentava sobre o apelido de Tombini, que era chamado por desafetos a partir de 2005 quando entrou no Copom de “Pombini”. O termo “pomba” é usado no mercado financeiro para classificar os economistas que assumem uma abordagem menos agressiva com os riscos da inflação e dão mais atenção para o crescimento. Os falcões, ao contrário, têm um viés mais duro quando veem uma ameaça à inflação.

“Mantemos a nossa projeção da Selic perto de 9% ao ano, mas acreditamos que agora exista uma probabilidade substancialmente mais elevada de a Selic cair abaixo de 9% em breve”, explica Tony Volpon, estrategista do banco Nomura. Ele lembra, porém, que um juro muito abaixo do atual poderá criar distorções na alocação de investimentos, que poderia levar a uma mudança das aplicações de renda fixa para a caderneta de poupança.

A ata

A discussão entre os diretores na decisão anterior, conforme revelou a ata, indica a manutenção do juro perto de 9%, principalmente por conta de um trecho no 35º parágrafo. “(...) o Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando”.

“Ainda assim, alertamos que a possibildade de um novo corte (com a Selic sendo reduzida até mesmo abaixo do mínimo histórico, de 8,75% a.a.) não pode ser completamente descartada, sobretudo diante das divergências comuns entre os comunicados do Copom e as decisões de política monetária”, pondera Flávio Combat, economista da Concórdia Corretora.

Vale lembrar que o primeiro corte do atual ciclo de afrouxo monetário, em 31 de agosto de 2011, também pegou o mercado de surpresa. A notícia veio como uma bomba para as planilhas dos economistas, que refizeram os cálculos e passaram prever um grande ciclo de afrouxamento monetário. Se ele acabou ou não na quarta-feira, só o Copom sabe.

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