Mercado tenta transformar Itália em 'bola da vez'
Ceticismo de investidores recai sobre economia italiana e levanta dúvidas sobre sua capacidade de refinanciar sua dívida
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2012 às 21h25.
São Paulo - A Itália pagou a conta da desconfiança dos investidores com relação à zona do euro nesta quarta-feira. Ao emitir 6,5 bilhões de euros em bônus de dívida soberana a um ano, o Tesouro italiano teve de arcar com juros maiores. As taxas passaram de 2,34% da emissão de maio para 3,972%.
Apesar do aumento significativo, não há fator novo que explique a reação do mercado, além da piora da perceção dos investidores em relação à Europa como um todo, depois que a situação financeira da Espanha mostrou-se mais grave do que se esperava e o país precisou pedir recursos à União Europeia.
Não é a primeira vez que a solidez fiscal italiana é colocada em xeque nos últimos meses. Em novembro de 2011, período de turbulência política culminado com a saída do então primeiro-ministro Silvio Berlusconi, o país chegou a pagar juros recordes para refinanciar sua dívida de longo prazo: 7,5% ao ano. "O problema é que a Itália é uma economia maior do que a Espanha e está em uma situação difícil de dívida, além de amargar reformas econômicas empacadas", afirma André Perfeito, economista-chefe da Gradual Corretora.
O economista explica que o atual primeiro-ministro, Mário Monti, ainda não conseguiu força política suficiente para implantar todas as reformas fiscais planejadas e necessárias. Ainda que Monti tenha respaldo do setor privado e do Banco Central Europeu (BCE), falta-lhe trânsito político para conseguir fazer com que o Parlamento permita cortes de benefícios de funcionários públicos e aposentados. A Itália é um dos países mais endividados da região e fechou o ano passado com endividamento de 120,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Para o professor de Wharton, Mauro Guillen,da Universidade da Pensilvânia, a piora da economia do país impede que ele consiga se reeguer. O PIB da Itália caiu 0,8% no primeiro trimestre de 2012 em relação aos últimos três meses de 2011, segundo o Instituto Nacional de Estatística da Itália (Istat). “O problema da Itália hoje é que as perspectivas para o PIB não são boas e a economia italiana teve desempenho negativo no primeiro trimestre. Ou seja, na avaliação do investidor, a Itália terá mais dificuldade em financiar sua dívida, que é muito alta, sendo que o PIB está caindo. Além disso, o investidor está muito cético em relação a tudo na Europa e os países mais endividados acabam sendo alvo de mais desconfiança”, diz Guillen.
Nesta quarta-feira o primeiro-ministro Mário Monti disse que o sistema econômico italiano não é frágil, mas que a Itália tem alguns pontos fracos, em particular sua dívida pública muito elevada. "Há também pontos fortes, principalmente no sistema bancário, e um endividamento privado sob um conjunto de pequenas e médias empresas comparável ao da Alemanha", completou Monti.
Para os economistas, a Itália não oferece perigo a curto prazo, mas sua situação pode piorar se a Espanha demonstrar que o pacote de ajuda aos bancos não melhorou seu sistema financeiro, o que pode levar a mais incertezas e, consequentemente, mais aversão a riscos.
São Paulo - A Itália pagou a conta da desconfiança dos investidores com relação à zona do euro nesta quarta-feira. Ao emitir 6,5 bilhões de euros em bônus de dívida soberana a um ano, o Tesouro italiano teve de arcar com juros maiores. As taxas passaram de 2,34% da emissão de maio para 3,972%.
Apesar do aumento significativo, não há fator novo que explique a reação do mercado, além da piora da perceção dos investidores em relação à Europa como um todo, depois que a situação financeira da Espanha mostrou-se mais grave do que se esperava e o país precisou pedir recursos à União Europeia.
Não é a primeira vez que a solidez fiscal italiana é colocada em xeque nos últimos meses. Em novembro de 2011, período de turbulência política culminado com a saída do então primeiro-ministro Silvio Berlusconi, o país chegou a pagar juros recordes para refinanciar sua dívida de longo prazo: 7,5% ao ano. "O problema é que a Itália é uma economia maior do que a Espanha e está em uma situação difícil de dívida, além de amargar reformas econômicas empacadas", afirma André Perfeito, economista-chefe da Gradual Corretora.
O economista explica que o atual primeiro-ministro, Mário Monti, ainda não conseguiu força política suficiente para implantar todas as reformas fiscais planejadas e necessárias. Ainda que Monti tenha respaldo do setor privado e do Banco Central Europeu (BCE), falta-lhe trânsito político para conseguir fazer com que o Parlamento permita cortes de benefícios de funcionários públicos e aposentados. A Itália é um dos países mais endividados da região e fechou o ano passado com endividamento de 120,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Para o professor de Wharton, Mauro Guillen,da Universidade da Pensilvânia, a piora da economia do país impede que ele consiga se reeguer. O PIB da Itália caiu 0,8% no primeiro trimestre de 2012 em relação aos últimos três meses de 2011, segundo o Instituto Nacional de Estatística da Itália (Istat). “O problema da Itália hoje é que as perspectivas para o PIB não são boas e a economia italiana teve desempenho negativo no primeiro trimestre. Ou seja, na avaliação do investidor, a Itália terá mais dificuldade em financiar sua dívida, que é muito alta, sendo que o PIB está caindo. Além disso, o investidor está muito cético em relação a tudo na Europa e os países mais endividados acabam sendo alvo de mais desconfiança”, diz Guillen.
Nesta quarta-feira o primeiro-ministro Mário Monti disse que o sistema econômico italiano não é frágil, mas que a Itália tem alguns pontos fracos, em particular sua dívida pública muito elevada. "Há também pontos fortes, principalmente no sistema bancário, e um endividamento privado sob um conjunto de pequenas e médias empresas comparável ao da Alemanha", completou Monti.
Para os economistas, a Itália não oferece perigo a curto prazo, mas sua situação pode piorar se a Espanha demonstrar que o pacote de ajuda aos bancos não melhorou seu sistema financeiro, o que pode levar a mais incertezas e, consequentemente, mais aversão a riscos.