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Mercado Livre: por que Shein e Shopee podem ser oportunidade ao invés de ameaça

E-commerce defende mudança na tributação para balancear a disputa entre gigantes asiáticas e empresas nacionais

Centro de distribuição do Mercado Livre: empresa pode começar a olhar para vendedores e fornecedores de fora do País (Leandro Fonseca/Exame)
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 30 de agosto de 2023 às 15h38.

Última atualização em 30 de agosto de 2023 às 15h56.

Nomes como Shein, AliExpress e Shopee têm tirado o sono das varejistas brasileiras nos últimos meses – e não à toa. A concorrência ganhou contornos mais dramáticos com o vai e vém sobre os impostos de importação que foram reduzidos e estão pendendo para o lado das estrangeiras. O Mercado Livre , e-commerce argentino que tem no Brasil o seu maior mercado consumidor, já assumiu seu lado da briga. A empresa defende uma isonomia de impostos que equilibre a disputa entre vendedores e fornecedores locais e os de fora do País. Mas se a balança continuar pendendo para o lado dos gringos, o Meli vai usar a questão tributária como oportunidade.

“Nosso foco são os parceiros locais, mas, se os [produtos] estrangeiros tiverem uma vantagem, inevitavelmente o Mercado Livre vai começar a ter um fornecimento vindo de fora também”, afirmou Fernando Yunes, vice-presidente sênior de e-commerce e principal líder da companhia no Brasil.

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A empresa não abre a porcentagem de produtos negociados que vem hoje de fora do País, mas Yunes classificou o montante como “desprezível”. No entanto, a situação é diferente em outros mercados da companhia. No México, a quantidade de produtos que vem de além das fronteiras – cross-border, no jargão do setor – fica na casa dos 15%.

A discussão ganhou força depois que o Ministério da Fazenda decidiu taxar as importações de produtos estrangeiros em até US$ 50. O governo defendeu que a regra era usada de forma irregular por varejistas internacionais, que aproveitavam a norma para não pagar impostos. Pressionado, o governo recuou da decisão, mas o tema segue em estudo pela pasta.

A expectativa dos vendedores brasileiros é que uma nova regra volte a taxar essas compras em alguma medida. O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) estimou que as remessas internacionais de até US$ 50 somaram R$ 20,8 bilhões de janeiro a maio deste ano, com perda de arrecadação de R$ 12,5 bilhões.

“Se a isonomia não acontecer, os estrangeiros vão ter vantagem [tributária] contra os locais. E tendo vantagem, vão começar a vender mais”, destacou Yunes. Isso poderia aumentar a participação deles na base da companhia no Brasil. “Como marketplace, o Mercado Livre negocia com parceiros que podem estar em qualquer local”, disse o VP em coletiva nesta quarta-feira, 30, durante o Meli Experience, evento de negócios da empresa para seus vendedores e fornecedores.

As novidades do Mercado Livre

A companhia aproveitou o evento para anunciar a chegada de dois novos centros de distribuição, um no Rio de Janeiro (RJ) e outro em Recife (PE). O centro do Rio já está em operação e o de Recife segue na fase de estudos, com previsão de abertura em 2024. Com as adições, o Mercado Livre irá alcançar a marca de 10 centros de distribuição no Brasil. O objetivo é apostar em diferenciais como entrega rápida e frete grátis, pontos mais buscados pelos consumidores ao comprar online.

A empresa também reformulou seu programa de assinatura, chamado agora de Meli+. O pacote de benefícios inclui frete grátis e entrega programada sem custo, além de acesso às plataformas de streaming Disney+ e Star+ e 12 meses gratuitos no streaming de música Deezer. O Meli+ oferece ainda 30% de desconto na HBO Max e na Paramount+.

Na frente de conteúdo, o Mercado Livre anunciou também o lançamento do Mercado Play. A iniciativa será gratuita, com disponibilização de conteúdos de parceiros para gerar um espaço de entretenimento dentro do aplicativo do e-commerce. A monetização será feita através do Mercado Adds, frente de anúncios do grupo.

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