Mercados

Mercado evita apostas e mantém cautela com dólar em abril

São Paulo - O dólar deve continuar sem um rumo claro em abril, dependendo da continuidade do ingresso de recursos e do comportamento do mercado global de câmbio após oscilar em torno de 1,80 real em março, segundo analistas. A moeda norte-americana terminou o mês a 1,781 real, com baixa acumulada de 1,44 por cento. […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de março de 2010 às 17h35.

São Paulo - O dólar deve continuar sem um rumo claro em abril, dependendo da continuidade do ingresso de recursos e do comportamento do mercado global de câmbio após oscilar em torno de 1,80 real em março, segundo analistas.

A moeda norte-americana terminou o mês a 1,781 real, com baixa acumulada de 1,44 por cento. Somente nesta sessão, com a ajuda da valorização de quase 1 por cento do euro, a queda do dólar foi de 0,78 por cento ante o real.

No ano, a moeda norte-americana ainda tem alta de 2,18 por cento.

Março começou com o mercado atento a um provável aumento da entrada de recursos no país. Diversas operações de grande porte estavam agendadas, com destaque para a oferta de ações da companhia de estaleiros OSX, o que incentivou bancos a antecipar vendas de moeda estrangeira ao Banco Central.

Mas o sentimento ao longo do mês foi de frustração em parte do mercado. A operação da OSX, por exemplo, tinha volume máximo estimado de 9,9 bilhões de reais, mas levantou 2,82 bilhões de reais .

O fluxo cambial ao país, que passou o mês em território negativo, só entrou no azul na quarta semana do mês, recompondo os dólares que os bancos haviam vendido de forma antecipada à autoridade monetária .

Para abril, a expectativa de analistas é de que mais embarques de soja possam reforçar a conta comercial, e operações como a oferta de ações da Ecorodovias e a emissão de bônus do Santander Brasil ajudem a garantir que o fluxo financeiro continue.

Mas, diante das surpresas de março, profissionais de mercado recomendam cautela.

"Passando o mês e não vindo o fluxo que era esperado, o melhor é ficar comprado (apostando na alta do dólar). Para mim, o dólar trabalha acima de 1,80, até 1,85 (real)", disse o operador de câmbio de um importante banco nacional, que preferiu não ser identificado.

INFLUÊNCIA EXTERNA

Zeina Latif, economista-chefe do banco ING, também aposta que o dólar se mantenha acima de 1,80 real em abril, caminhando rumo a 1,90 real no restante do ano. O principal motivo, porém, é a dinâmica internacional.

"A expectativa do ING é de fortalecimento cíclico do dólar lá fora, e isso obviamente tem repercussão nas moedas de emergentes", comentou, acrescentando que o peso mexicano, e não o real, é a moeda da região que tem mais espaço para se valorizar ante o dólar este ano.

O dólar caminhava para encerrar o trimestre com alta de 4 por cento em relação a uma cesta com as principais moedas. Um dos motivos para a aposta na divisa norte-americana é a previsão de que o Federal Reserve deve começar a subir o juro antes que os bancos centrais na Europa e no Japão.

A crise na Grécia, que vinha assombrando o mercado internacional e servindo de combustível extra para a alta do dólar, parece ter cada vez menos importância após o acordo fechado por países da zona do euro com o Fundo Monetário Internacional (FMI), disse Moacir Marcos Júnior, operador de câmbio da corretora Interbolsa do Brasil.

Cauteloso, ele não acredita que o dólar ceda muito abaixo do atual nível, mas acredita que, sempre que a moeda superar 1,80 real, haverá aumento da pressão de venda. "Vai continuar um jogo de vôlei: levantou, corta."

Ele frisou, no entanto, que é a primeira vez no ano que o dólar acaba um mês e faz a rolagem de contratos futuros abaixo de 1,80 real. "A tendência macro continua de baixa", disse.

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresCâmbioDólarMoedas

Mais de Mercados

Cade dá aval para dona do Burger King operar Subway no Brasil

Divisora de águas, compra de campo Peregrino deixa Itaú BBA ainda mais otimista com a Prio (PRIO3)

Ibovespa fecha em queda repercutindo inflação nos EUA e dados do emprego do Brasil

Inflação nos EUA, recorde na China e dados de emprego no Brasil: o que move o mercado