Mercado espera aberturas de capital, após 'jejum' em 2022
Empresas ligadas ao setor de infraestrutura, mais resilientes às oscilações econômicas, estão de olho na abertura de uma nova janela de oportunidade para lançar seu capital na B3
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de janeiro de 2023 às 18h34.
Última atualização em 16 de janeiro de 2023 às 19h10.
O mercado brasileiro de capitais teve em 2022 o primeiro jejum de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) desde 2003. Neste ano, o mercado segue pautado pela perspectiva de alta dos juros, mas está mais otimista.
Com isso, empresas ligadas ao setor de infraestrutura, mais resilientes às oscilações econômicas, estão de olho na abertura de uma nova janela de oportunidade para lançar seu capital na B3. CTG Brasil, Aegea Saneamento e BRK Ambiental são as companhias que estão mais avançadas no processo de IPO neste ano e seguem como as principais apostas do setor para encerrar a seca de ofertas na Bolsa.
Parte de um nicho conhecido como defensivo no mercado de renda variável, a China Three Gorges Brasil (CTG) atua no setor de geração de energia, sendo a segunda maior do segmento com capital privado.
A companhia chinesa foi fundada em 1993 e é responsável pela operação da maior hidrelétrica do mundo, a Três Gargantas, no Rio Yantze.
Ela chegou ao País em 2013 e, em 2016, comprou os ativos da Duke Energy e de usinas da Cesp. No ano passado, a CTG Brasil concluiu a aquisição de projetos para a construção de dois parques eólicos e um parque solar. A expectativa do mercado é que a companhia levante até R$ 5 bilhões na estreia na Bolsa.
Vista por interlocutores do mercado como um dos nomes mais fortes para debutar na B3 este ano, a CTG não comentou sobre a possibilidade de abertura de capital.
Outra aposta do mercado é a empresa de saneamento BRK Ambiental, apesar de haver incertezas crescentes no setor em razão da transição de governo e da nova composição do Congresso Nacional.
No início de dezembro de 2022, a companhia, que opera em cerca de 100 municípios, fez uma assembleia com acionistas para discutir o processo de abertura de capital, mas 20 dias depois divulgou que estava desistindo de novo da ideia.
Também na lista de empresas de saneamento básico e gestão de efluentes e resíduos, a Aegea estuda oportunidades para romper neste ano a falta de ofertas iniciais de ações na Bolsa brasileira.
Responsável pela gestão hídrica em 178 municípios em 13 Estados, a companhia venceu em setembro de 2022 o leilão de serviços de esgotamento sanitário do Ceará por R$ 7,65 bilhões. A concorrente Iguá Saneamento também participou do certame.
Ao Estadão/Broadcast, a Aegea informou que a abertura de capital é uma possibilidade sempre avaliada pela gestão, mas que depende de "alguns fatores", como condições de mercado e decisão em conjunto com seus acionistas - entre os quais a Itaúsa, holding controladora do banco Itaú, que detém 10% de participação societária na gigante de saneamento.
"A companhia sempre busca alternativas para aprimorar sua estrutura de capital", informou, em nota. Atualmente, a Aegea possui registro de capital aberto na CVM para emissão de títulos e debêntures.
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