Mercados

Mercado de capitais cresce, mas precisa se livrar de burocracia

Mercado ganha espaço no financiamento de empresas, mas burocracia e falta de liquidez travam desenvolvimento

Entraves: excesso de burocracia e a baixa liquidez precisam ser resolvidos (Thinkstock Photos/Thinkstock)

Entraves: excesso de burocracia e a baixa liquidez precisam ser resolvidos (Thinkstock Photos/Thinkstock)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 11h00.

Última atualização em 13 de dezembro de 2017 às 17h34.

São Paulo -- O mercado de capitais vem ganhando espaço neste ano no financiamento de empresas, com os primeiros sinais de retomada da economia, a redução da taxa de juros e uma menor participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na concessão de empréstimos.

De janeiro a novembro, o volume total levantado por companhias no mercado de capitais chegou a 242,2 bilhões de reais, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O número é 44% maior do que o registrado no mesmo período de 2016.

Para que esse bom momento seja aproveitado, alguns entraves como o excesso de burocracia e a baixa liquidez precisam ser resolvidos.

A constatação é de representantes de entidades do mercado, que estiveram presentes no lançamento do Comitê para o Desenvolvimento do Mercado de Capitais (Codemec), realizado na última quinta-feira em São Paulo.

Para Gustavo Tavares Borba, diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o desafio atual é conseguir encontrar um ponto de equilíbrio entre o excesso de regulação e a proteção dos investidores.

O excesso de regras, segundo ele, acaba aumentando os custos, uma vez que os investidores irão cobrar retornos maiores para colocar seus recursos. Só que também não é possível deixar de lado a proteção dos investidores.

“Um mercado muito regulado é ineficiente, assim como um mercado pouco regulado é ineficiente”, disse Borba.

O diretor da CVM disse que o órgão tem projetos para enxugar “o excesso de gordura” que não afetam os investidores. Ele citou como exemplos a simplificação do regulamento para ofertas públicas com esforços restritos, voltadas para investidores profissionais.

A simplificação de regras também foi defendida por Tiago Curi Isaac, responsável pelo Relacionamento com Empresas Emissoras de Ações e Debêntures da B3 (novo nome da BM&FBovespa).

“Em épocas de crise, o mercado de capitais representa 8% das fontes de financiamento das empresas. Em épocas de pujança, algo em torno de 20%. Isso é muito pouco”, afirmou Sandrin. “Precisamos passar por um processo de simplificação. Isso é fundamental até para atrair novos emissores que olha as regras e pensa ‘isso é complexo demais’.”

Para Eliane Lustosa, diretora de Mercado de Capitais do BNDES, outra questão relevante é o aumento da liquidez dos títulos, o que poderia atrair mais investidores para o mercado brasileiro.

“Um dos principais objetivos do BNDES é ampliar a utilização do mercado de capitais pelas empresas”, disse Lustosa. “Isso porque se esse mercado for mais eficiente e líquido, há mais possibilidades de aumento da rentabilidade do nosso portfólio. ”

A diretora explicou que uma das formas que o banco público de fazer isso é com o apoio na emissão de debêntures, como os green bonds lançados no início de 2017.

Além disso, o BNDES mantém regras para que empresas de capital fechado aportadas entrem no mercado de capitais. No caso das grandes, o investimento é condicionado à listagem no Novo Mercado. Quando a empresa tem porte menor, a indicação é para o Bovespa Mais.

Acompanhe tudo sobre:B3BNDESCVMMercado financeiro

Mais de Mercados

Realização de lucros? Buffett vende R$ 8 bilhões em ações do Bank of America

Goldman Sachs vê cenário favorável para emergentes, mas deixa Brasil de fora de recomendações

Empresa responsável por pane global de tecnologia perde R$ 65 bi e CEO pede "profundas desculpas"

Bolsa brasileira comunica que não foi afetada por apagão global de tecnologia

Mais na Exame