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Mercado de ações da Europa reflete temor com bancos

Dexia despencou nos mercados com notícias de uma iminente divisão do banco

Na Alemanha, o índice DAX 30 da Bolsa de Frankfurt caiu 2,98%, fechando em 5.216,71 pontos (Ralph Orlowski/Getty Images)

Na Alemanha, o índice DAX 30 da Bolsa de Frankfurt caiu 2,98%, fechando em 5.216,71 pontos (Ralph Orlowski/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2011 às 14h30.

Londres - Os principais índices do mercado de ações da Europa fecharam em queda nesta terça-feira, pressionados pelo atraso no pagamento da ajuda à Grécia e por temores de que os bancos sejam mais atingidos, com as ações do Dexia caindo bastante, após notícias de uma iminente divisão do banco.

O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 2,75%, ou 6,16 pontos, para fechar em 217,46 pontos. Na sessão anterior, o índice já havia perdido 1,1%, com investidores pessimistas com a admissão do governo grego de que não conseguirá atingir suas metas de redução do déficit orçamentário para 2011 e 2012.

Após uma reunião no final do dia de ontem, o presidente do grupo de ministros das Finanças da zona do euro (Eurogrupo), Jean-Claude Juncker, disse que a decisão sobre a entrega de mais uma parcela de ajuda à Grécia foi atrasada para que os auditores tenham tempo de concluir seu trabalho. Ele também afirmou que os termos de um acordo de julho sobre um segundo pacote podem ter de ser revistos, com os detentores dos títulos do país podendo ter de arcar com perdas maiores que os 21% propostos anteriormente.

As ações compensaram um pouco as perdas no final da sessão, após o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, dizer ao Comitê de Economia do Congresso que o banco central dos Estados Unidos poderia começar um novo programa de empréstimo, com base ampliada, para apoiar o sistema financeiro norte-americano, se a crise europeia piorar.

Na Alemanha, o índice DAX 30 da Bolsa de Frankfurt caiu 2,98%, fechando em 5.216,71 pontos. Já o CAC 40, da Bolsa de Paris, recuou 2,61% na França, chegando a 2.850,55 pontos.Diante desse cenário, as ações dos bancos tiveram baixas pelo continente europeu. Entre os piores desempenhos, Deutsche Bank caiu 4,3%, após o banco anunciar que não alcançará sua meta de lucro para o ano, por causa dos baixos volumes de trading em seu braço corporativo e de ações, bem como por mais impactos da dívida grega.

As ações do banco franco-belga Dexia desabaram, após uma reunião de emergência ontem. Reportagens informaram que o banco, apontado como um dos mais expostos à Grécia na Europa, pode se dividir. A instituição informou que buscava soluções para problemas estruturais, porém negou-se a comentar as informações.

As ações do banco chegaram a cair 38%, antes de se recuperarem parcialmente para fechar em -22,5%, após os ministros das Finanças de França e Bélgica informarem que estavam prontos para apoiar o banco. "A ansiedade é evidente, já que a Europa finalmente reconhece o que tem sido noticiado pelos mercados por um tempo, da necessidade de uma redução ainda maior da dívida grega e um maior compromisso do setor privado no processo", afirmou Anita Paluch, trader da Gekko Global Markets. "A forma como as novas ideias e soluções estão sendo comunicadas por meio da mídia aos mercados não transmite muita confiança de que o compromisso é de fato atingível."


Em Atenas, o índice ASE Composite caiu 6,3%, para 730,33 pontos. Os papeis do Banco Nacional da Grécia caíram 14,1%, e Piraeus Bank desabou mais de 18%. Entre outras instituições financeiras europeias, Commerzbank perdeu 4% e Société Générale recuou 4,9%. O impacto da crise da dívida sobre o crescimento econômico também estava em foco quando o Goldman Sachs cortou sua previsão para o crescimento global em 2012 e afirmou esperar que a zona do euro tenha uma recessão "branda" no quarto trimestre, bem como no primeiro trimestre de 2012.

As ações de construtoras, de empresas do setor automotivo e de outras bastante ligadas ao ciclo econômico sentiram bastante. A fabricante de automóveis BMW (-4,4%) cedeu em Frankfurt, enquanto a cimenteira Lafarge recuou 8,5% em Paris. As ações de companhias aéreas também recuaram, com Air France-KLM (-9,1%) e International Consolidated Airlines (-3,4%). Nos EUA, as ações das companhias aéreas caíram, com a especulação de que a AMR, controladora da American Airlines, poderia enfrentar uma falência.

Em Londres, o índice FTSE 100 caiu 2,58%, para fechar em 4.944,44, pressionado por bancos e mineradoras. Xstrata e Anglo American caíram 3,4% cada. Com poucas ações operando no negativo, Tesco subiu 2,6%, após o UBS melhorar a classificação das ações da cadeia de supermercados britânica de "neutra" para "comprar", citando a melhora no gerenciamento e na eficiência no uso do capital. Já as ações da Arkema cederam 8,6%, após o HSBC rebaixar a companhia química francesa de "overweight" para "neutra".

Na Espanha, a Bolsa de Madri cedeu 1,54%, para 8.225,40 pontos. As ações de Sacyr, Inditex e Iberdrola caíram 6,9%, 3% e 0,8%, respectivamente. Entre as mais negociadas, BBVA, Telefonica e Santander recuaram 1,1%, 0,5% e 1,5%. Já em Portugal, o índice PSI 20 da Bolsa de Lisboa caiu 2,18%, para 5.612,88 pontos. As informações são da Dow Jones.

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