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Melhor fundo da América Latina evita Ibovespa e o Brasil

O Euro Pacific Latin America Fund registrou, este ano, os melhores retornos entre seus pares da região vendendo ações brasileiras


	Trader trabalha na Bovespa: o fundo vendeu ações em empresas de serviços públicos e bancos brasileiros porque o governo aumentou a intervenção na economia
 (Paulo Fridman/Bloomberg News)

Trader trabalha na Bovespa: o fundo vendeu ações em empresas de serviços públicos e bancos brasileiros porque o governo aumentou a intervenção na economia (Paulo Fridman/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2013 às 12h36.

São Paulo - O Euro Pacific Latin America Fund registrou, este ano, os melhores retornos entre seus pares da região vendendo ações brasileiras. O gerente do fundo, Richard Hoss, diz que as ações da maior economia da América Latina continuarão rendendo abaixo do esperado.

O boom de commodities que impulsionou o crescimento de 7,5 por cento do Brasil em 2010, o mais rápido em 25 anos, acabou e não dá sinais de revitalização porque a demanda na China diminui, segundo Hoss, que ajuda a supervisionar US$ 100 milhões em ações de mercados emergentes na New Sheridan Advisors.

O EP Latin America Fund, onde ele é co-gestor, registrou o melhor retorno e a menor volatilidade neste ano entre 11 colegas sediados nos EUA e com foco na região.

O Brasil não conseguiu incentivar a produção nem promover novas indústrias quando os preços em alta das exportações de minério de ferro e polpa quintuplicaram os ganhos no índice Ibovespa nos 10 anos finalizados em 2012, disse Hoss em uma entrevista.

A medição, com um peso de 39 por cento para companhias de commodities como a Vale SA e a Petróleo Brasileiro SA, caiu 26 por cento neste ano, em termos de dólares, sendo a maior baixa entre 20 índices acionários de importância acompanhados pela Bloomberg.

“O Brasil, como outras economias orientadas segundo commodities, antes dele, não aproveitou as boas épocas para diversificar-se”, disse Hoss em entrevista por telefone de Newport Beach, Califórnia. “Essas economias são em certa forma como artistas pop. Elas têm sucesso por período curto, mas se elas não criarem nada novo e diferente após o grande hit, ficarão atreladas a este”.


Intervenção do governo

O fundo EP Latin America registrou retorno de 1,8 por cento neste ano, ao passo que o índice de referência MSCI Emerging Markets Latin America perdeu 16 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O fundo EP Latin America vendeu ações em empresas de serviços públicos e bancos brasileiros porque o governo aumentou a intervenção na economia, exigindo às companhias de energia que reduzam preços e incrementando os empréstimos subsidiados dos bancos estatais às indústrias favorecidas.

Hoss disse que ele conseguiu evitar a volatilidade no fundo escolhendo companhias com um fluxo de caixa livre positivo e proporções de alavancagens baixas.

Entre as cinco principais posses estão a faculdade com fins de lucro Estácio Participações SA, que registrou 23 trimestres consecutivos de fluxos de caixa positivos, e a BM&FBovespa, que possui a segunda menor razão entre dívida e ativos entre as 72 companhias que operam no Ibovespa.

O real se desvalorizou 8,8 por cento nos últimos seis meses, o pior desempenho entre 16 moedas de importância acompanhadas pela Bloomberg. A moeda se desvalorizará mais 8,2 por cento até o final do ano que vem, segundo operações a futuro.


O declínio de 0,5 por cento do PIB do Brasil, registrado no terceiro trimestre frente aos três meses anteriores, foi a maior contração desde 2009, segundo dados divulgados pelo IBGE em 3 de dezembro. Os economistas consultados pela pesquisa semanal do Banco Central preveem uma expansão de 2,35 por cento do PIB neste ano, abaixo da projeção de 3,26 por cento em janeiro.

Demanda dos consumidores

“Os fabricantes que atualmente são competitivos, apesar dos altos custos de mão de obra, dos altos impostos e da pobre infraestrutura no Brasil, deveriam operar ainda melhor com um real desvalorizado”, disse Hoss. “A educação é a forma com a qual uma nação subdesenvolvida abre as portas para virar um país desenvolvido, portanto esperamos que o Brasil se foque nisso”.

Embora a desvalorização da moeda beneficie os exportadores, reduzirá o poder aquisitivo dos consumidores brasileiros, piorando a perspectiva para os varejistas e os fabricantes de bens de consumo, disse Hoss.

“O modelo consumista adotado pelo Brasil para impulsionar sua economia nos últimos anos é insustentável”, disse ele.

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