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Marfrig é investimento mais arriscado no setor de dívida do país

A empresa é afetada pela disparada global no segmento de créditos problemáticos conforme os investidores vendem ativos com taxas mais elevadas na esteira da crise mundial

A empresa apresentou em 15 de agosto prejuízo de R$ 91 milhões no segundo trimestre, a maior perda desde pelo menos os últimos três meses de 2006 (Claudio Rossi/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2011 às 08h52.

Nova York - A elevação do endividamento e os prejuízos da Marfrig Alimentos SA estão tornando os títulos do frigorífico os mais arriscados no mercado de dívida corporativa do Brasil.

A taxa do título da Marfrig com vencimento em 2020 disparou 373 pontos-base, ou 3,73 pontos percentuais, nos dois últimos meses. A 13,04 por cento, o título tem rendimento 1.084 pontos- base maior que a dos Treasuries do tesouro dos Estados Unidos com vencimento semelhante, segundo dados compilados pela Bloomberg. O frigorífico é uma das três empresas brasileiras que têm rendimento superior a 1.000 pontos-base acima dos Treasuries.

“É uma companhia arriscada”, disse Joaquin Aguirre, chefe de pesquisa da Munita, Cruzat y Claro, de Santiago, que administra US$ 1,7 bilhão em ativos e têm títulos da Marfrig em carteira. “Tem margens voláteis e está exposta a preços de commodities.”

A Marfrig é afetada pela disparada global no segmento de créditos problemáticos, conhecidos como “distressed”, à medida que investidores vendem ativos com taxas mais elevadas na esteira da desaceleração econômica mundial. A empresa tem nota de crédito “B1” pela Moody’s Investors Service, quatro patamares abaixo do grau de investimento.

O índice da Moody’s que mede o percentual de emissores globais com notas abaixo de grau de investimento com títulos no segmento de créditos problemáticos mais que dobrou, passando de 8,9 por cento em julho para 19,3 por cento em agosto.

Valorização do real

O salto de 51 por cento no preço do milho nos últimos 12 meses aumentou o custo da ração e colaborou para corroer a margem de lucro da Marfrig. A empresa apresentou em 15 de agosto prejuízo de R$ 91 milhões no segundo trimestre, a maior perda desde pelo menos os últimos três meses de 2006.

A Marfrig afirmou por e-mail ontem que a queda nos títulos veio após a baixa das ações que foi causada pela liquidação de ativos da GWI Asset Management. As ações da empresa recuaram 45 por cento nos últimos dois meses. A GWI, sediada em São Paulo, fechou nove fundos para resgate e novos investimentos em 11 de agosto, e abriu os mesmos duas semanas depois.

“Os bonds acompanharam o movimento das ações, que foram influenciadas pela venda concentrada dos fundos GWI”, segundo o comunicado.

A GWI não quis fazer comentários, segundo um representante da empresa em Nova York.


Alta do real

A valorização do real também afetou negativamente as exportações do frigorífico sediado em São Paulo, disse Viktoria Krane, analista da Fitch Ratings em Nova York. A moeda teve ganho de 35 por cento em relação ao dólar desde o fim de 2008, levando o governo a tomar medidas para conter o avanço.

“O custo do gado continua sendo alto para a Marfrig”, disse Krane disse em entrevista por telefone. “As operações de frango e suínos foram afetadas pelo preço alto dos grãos, enquanto as exportações foram prejudicadas pelo fortalecimento do real.”

Ceagro e Cruzeiro

O rendimento dos títulos em dólar com vencimento em 2016 da Ceagro Agrícola Ltda., empresa de negociação, transporte e armazenagem de grãos sediada em Campinas, deu um salto de 118 pontos-base nos últimos dois meses para 11,67 por cento. Os papéis, no total de US$ 100 milhões, são negociados a 1.090 pontos-base a mais do que os títulos do Tesouro americano.

“Nossos papéis são pouco líquidos, então é mais difícil negociar em momentos de estresse como este”, disse o presidente da Ceagro, Antonio Carlos Gonçalves, em entrevista por telefone de Jundiaí.

A Fitch Ratings elevou a nota de crédito da Ceagro de B- para B em 1 de setembro, citando a melhora nas margens operacionais e liquidez mais forte.

O rendimento dos títulos em dólares do Banco Cruzeiro do Sul SA com vencimento em 2014 subiu 302 pontos-base nos últimos dois meses para 10,4 por cento. O prêmio dos títulos está 1.011 pontos-base acima do que pagam os Treasuries.
A assessoria de imprensa do banco paulista especializado em crédito consignado não quis fazer comentários.

Recuperação

Os títulos da Marfrig sofreram com um excesso nas vendas e devem ter desempenho melhor que os papéis de concorrentes quando o mercado mundial se recuperar, disse Juan Cruz, analista de dívida corporativa do Barclays Plc em Nova York.

“Os preços dos títulos parecem apontar uma probabilidade relativamente alta de moratória, o que vemos como um exagero”, disse Cruz em entrevista por telefone.

Os títulos a Marfrig que vencem em 2020 estão no nível de “distressed” pela primeira vez desde que foram emitidos em abril de 2010.
A alta dos preços dos grãos pode continuar a afetar os resultados da Marfrig, disse Natalia Corfield, analista de crédito do ING Groep NV em Nova York.

“Não estou esperando que a empresa apresente bons resultados no terceiro e quarto trimestres”, disse Corfield em entrevista por telefone. “Eles vão continuar sob pressão por algum tempo. E eles podem ser negociados nestes níveis por algum tempo antes da recuperação.”

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Nova York - A elevação do endividamento e os prejuízos da Marfrig Alimentos SA estão tornando os títulos do frigorífico os mais arriscados no mercado de dívida corporativa do Brasil.

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“É uma companhia arriscada”, disse Joaquin Aguirre, chefe de pesquisa da Munita, Cruzat y Claro, de Santiago, que administra US$ 1,7 bilhão em ativos e têm títulos da Marfrig em carteira. “Tem margens voláteis e está exposta a preços de commodities.”

A Marfrig é afetada pela disparada global no segmento de créditos problemáticos, conhecidos como “distressed”, à medida que investidores vendem ativos com taxas mais elevadas na esteira da desaceleração econômica mundial. A empresa tem nota de crédito “B1” pela Moody’s Investors Service, quatro patamares abaixo do grau de investimento.

O índice da Moody’s que mede o percentual de emissores globais com notas abaixo de grau de investimento com títulos no segmento de créditos problemáticos mais que dobrou, passando de 8,9 por cento em julho para 19,3 por cento em agosto.

Valorização do real

O salto de 51 por cento no preço do milho nos últimos 12 meses aumentou o custo da ração e colaborou para corroer a margem de lucro da Marfrig. A empresa apresentou em 15 de agosto prejuízo de R$ 91 milhões no segundo trimestre, a maior perda desde pelo menos os últimos três meses de 2006.

A Marfrig afirmou por e-mail ontem que a queda nos títulos veio após a baixa das ações que foi causada pela liquidação de ativos da GWI Asset Management. As ações da empresa recuaram 45 por cento nos últimos dois meses. A GWI, sediada em São Paulo, fechou nove fundos para resgate e novos investimentos em 11 de agosto, e abriu os mesmos duas semanas depois.

“Os bonds acompanharam o movimento das ações, que foram influenciadas pela venda concentrada dos fundos GWI”, segundo o comunicado.

A GWI não quis fazer comentários, segundo um representante da empresa em Nova York.


Alta do real

A valorização do real também afetou negativamente as exportações do frigorífico sediado em São Paulo, disse Viktoria Krane, analista da Fitch Ratings em Nova York. A moeda teve ganho de 35 por cento em relação ao dólar desde o fim de 2008, levando o governo a tomar medidas para conter o avanço.

“O custo do gado continua sendo alto para a Marfrig”, disse Krane disse em entrevista por telefone. “As operações de frango e suínos foram afetadas pelo preço alto dos grãos, enquanto as exportações foram prejudicadas pelo fortalecimento do real.”

Ceagro e Cruzeiro

O rendimento dos títulos em dólar com vencimento em 2016 da Ceagro Agrícola Ltda., empresa de negociação, transporte e armazenagem de grãos sediada em Campinas, deu um salto de 118 pontos-base nos últimos dois meses para 11,67 por cento. Os papéis, no total de US$ 100 milhões, são negociados a 1.090 pontos-base a mais do que os títulos do Tesouro americano.

“Nossos papéis são pouco líquidos, então é mais difícil negociar em momentos de estresse como este”, disse o presidente da Ceagro, Antonio Carlos Gonçalves, em entrevista por telefone de Jundiaí.

A Fitch Ratings elevou a nota de crédito da Ceagro de B- para B em 1 de setembro, citando a melhora nas margens operacionais e liquidez mais forte.

O rendimento dos títulos em dólares do Banco Cruzeiro do Sul SA com vencimento em 2014 subiu 302 pontos-base nos últimos dois meses para 10,4 por cento. O prêmio dos títulos está 1.011 pontos-base acima do que pagam os Treasuries.
A assessoria de imprensa do banco paulista especializado em crédito consignado não quis fazer comentários.

Recuperação

Os títulos da Marfrig sofreram com um excesso nas vendas e devem ter desempenho melhor que os papéis de concorrentes quando o mercado mundial se recuperar, disse Juan Cruz, analista de dívida corporativa do Barclays Plc em Nova York.

“Os preços dos títulos parecem apontar uma probabilidade relativamente alta de moratória, o que vemos como um exagero”, disse Cruz em entrevista por telefone.

Os títulos a Marfrig que vencem em 2020 estão no nível de “distressed” pela primeira vez desde que foram emitidos em abril de 2010.
A alta dos preços dos grãos pode continuar a afetar os resultados da Marfrig, disse Natalia Corfield, analista de crédito do ING Groep NV em Nova York.

“Não estou esperando que a empresa apresente bons resultados no terceiro e quarto trimestres”, disse Corfield em entrevista por telefone. “Eles vão continuar sob pressão por algum tempo. E eles podem ser negociados nestes níveis por algum tempo antes da recuperação.”

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