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Mantega segura dólar com ameaça de taxar capital externo

A divisa norte-americana fechou com variação negativa de 0,01 por cento, cotada a 2,0233 reais na venda


	Notas de dólar: durante o dia, a moeda mostrou pouca volatilidade, oscilando entre 2,0221 reais e 2,0265 reais
 (Getty Images)

Notas de dólar: durante o dia, a moeda mostrou pouca volatilidade, oscilando entre 2,0221 reais e 2,0265 reais (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2012 às 18h27.

São Paulo - O dólar fechou estável ante o real nesta sexta-feira, mantendo-se em torno de 2,02 reais pela quarta sessão consecutiva, após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmar que o governo fará o que for necessário para evitar a apreciação da moeda brasileira.

Mantega disse em Londres que o governo pode usar outros instrumentos, além dos leilões de swap cambial reverso feitos pelo Banco Central, para impedir que o dólar caia mais.

A divisa norte-americana fechou com variação negativa de 0,01 por cento, cotada a 2,0233 reais na venda. Durante o dia, a moeda mostrou pouca volatilidade, oscilando entre 2,0221 reais e 2,0265 reais. Na semana, acumulou ganhos de 0,61 por cento frente ao real.

"Desde que o governo sinalizou que a moeda abaixo de 2 reais não é interessante para o país, ela se manteve ao redor desse nível. O dólar chegou a ensaiar uma queda, mas segurou talvez por falta de liquidez, com a agenda fraca, e também com o Mantega", disse o operador de câmbio da Intercam Corretora Glauber Romano.

Mantega disse em uma conferência organizada pela The Economist que o governo brasileiro pode ser mais agressivo em relação à entrada de capital estrangeiro especulativo no país, disparando um novo alerta sobre a chamada "guerra cambial", que na sua avaliação prejudica a competitividade dos produtos brasileiros.


O recado foi entendido por investidores como um sinal de que o governo se prepara para aumentar a taxação ao capital estrangeiro, possivelmente por meio do Imposto sobre Operações Financeiras.

"O governo pode voltar a usar intrumentos como o aumento de IOF porque talvez não consiga fazer frente a uma enxurrada de dólares através só de leilões de compra", acrescentou Romano, referindo-se à expectativa de maiores fluxos de dólar para o Brasil após medidas de estímulos monetários tomadas por bancos centrais nos Estados Unidos e na Europa.

O governo adotou uma série de medidas desde 2009 com o objetivo de controlar a entrada excessiva de dólares de investidores estrangeiros, mas recentemente reduziu seu escopo.

Entre as possíveis medidas que poderiam ser adotadas pelo Ministério da Fazenda está a ampliação do prazo de empréstimos externos que têm incidência da alíquota do IOF de 6 por cento, atualmente de até dois anos.

Outra opção seria aumentar o IOF sobre as posições líquidas vendidas em derivativos cambiais, cuja alíquota está atualmente em 1 por cento.

As declarações do ministro da Fazenda vem após o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, ter anunciado na semana passada um programa de estímulo ilimitado que injetará liquidez nos mercados financeiros.

Esses recursos tendem a vir para mercados emergentes como o Brasil, onde investidores buscam maior rendimentos com o diferencial da taxa de juros.

Desde a semana passada, o BC brasileiro já atuou com mais força no mercado, fazendo quatro leilões de swap cambial reverso, que mantiveram a moeda em torno de 2,02 reais. Desde então, o banco tem se mantido fora do mercado, num sinal de que está confortável com o atual patamar do dólar.

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