Maior empresa privada dos EUA corta 8 mil empregos para ajustar estratégia
Cargill, a maior empresa privada dos EUA, reduz 5% de sua força global em resposta a mudanças no mercado
Redator na Exame
Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 09h13.
Última atualização em 4 de dezembro de 2024 às 09h51.
A Cargill , a maior empresa privada dos Estados Unidos e a maior negociadora mundial de commodities agrícolas, anunciou o corte de aproximadamente 8 mil empregos, o que equivale a 5% de sua força de trabalho global. A decisão reflete uma estratégia de longo prazo traçada no início de 2024 para enfrentar os desafios de um mercado em transformação, segundo comunicado divulgado pela empresa.
Com sede em Minnesota, a Cargill desempenha um papel central na distribuição global de grãos, carnes e outros produtos agrícolas.A empresa é conhecida por sua capacidade de conectar produtores a mercados em escala global, além de atuar na cadeia de suprimentos como fornecedora de ingredientes para alimentos e produtos industriais.
A decisão ocorre em um momento de retração dos preços de commodities alimentícias, após um período de alta inflacionária durante a pandemia e crises geopolíticas que desestabilizaram os mercados globais de alimentos. Essas condições anteriormente impulsionaram lucros recordes para a companhia, mas a recente normalização dos preços reduziu as margens de lucro, pressionando as finanças da empresa.
Outro fator que contribuiu para a decisão é a redução no número de cabeças de gado nos Estados Unidos, conforme relatado pelo Departamento de Agricultura do país.A Cargill, que investiu significativamente para se tornar uma das maiores processadoras de carne bovina na América do Norte, enfrenta agora desafios em manter os volumes de produção diante dessa contração na oferta.
Os resultados financeiros refletem esse cenário desafiador. Segundo a CNN, os lucros da empresa caíram para US$ 2,48 bilhões (R$ 15 bilhões) no ano fiscal encerrado em maio de 2024, menos da metade do recorde de US$ 6,7 bilhões (R$ 40,6 bilhões) registrado entre 2021 e 2022. Esse é o menor lucro da companhia desde 2016, marcando uma desaceleração em seu desempenho.
Estratégia para o futuro
Apesar das dificuldades, a Cargill mantém uma visão de longo prazo voltada à adaptação e transformação de suas operações. Brian Sikes, presidente e CEO da empresa desde 2023, destacou que os cortes fazem parte de uma estratégia para fortalecer o portfólio da companhia e responder a tendências emergentes no setor.
“A Cargill está comprometida em maximizar sua competitividade e continuar entregando valor aos seus clientes em um ambiente de mercado dinâmico”, afirmou a empresa em comunicado.
Como parte dessa estratégia, a Cargill anunciou recentemente a abertura de um novo centro de operações em Atlanta, com planos de contratar 400 profissionais nas áreas de tecnologia e engenharia. Essa iniciativa reflete o esforço da empresa em diversificar suas atividades e investir em áreas de crescimento estratégico.
Impactos no mercado de trabalho
Os cortes anunciados pela Cargill têm implicações significativas no mercado de trabalho, uma vez que a empresa emprega mais de 160 mil pessoas globalmente.No entanto, a Cargill não divulgou detalhes sobre quais regiões ou divisões serão mais afetadas pela medida.
Especialistas avaliam que a decisão reflete não apenas as pressões econômicas enfrentadas pela empresa, mas também uma mudança estrutural no setor de commodities, que busca se adaptar a novas demandas e padrões de consumo em um cenário global cada vez mais competitivo.
Perspectivas para o setor de commodities
A Cargill continua sendo uma referência no setor agrícola global, mas sua recente reestruturação ressalta os desafios enfrentados por grandes players em um mercado em rápida transformação. Além de enfrentar a pressão da queda nos preços de commodities, a empresa também lida com questões relacionadas à sustentabilidade, inovação tecnológica e mudanças no comportamento do consumidor.
O setor agrícola está em uma fase de transição, e empresas como a Cargill desempenham um papel crucial em equilibrar as demandas de eficiência econômica com a necessidade de atender a expectativas sociais e ambientais mais elevadas.