Lua de mel com o governo Temer acabou, diz fundo Verde
Em relatório divulgado aos clientes, o Verde, um dos maiores fundos de multimercado do mundo destaca a crise política brasileira
Karla Mamona
Publicado em 10 de dezembro de 2016 às 08h01.
Última atualização em 10 de dezembro de 2016 às 08h01.
São Paulo - O presidente Michel Temer completou nesta semana 100 dias no cargo de presidente. E parece que a animação dos investidores com Temer chegou ao fim. Em relatório divulgado aos clientes, o Verde, um dos maiores fundos multimercado do mundo, afirmou que a lua de mel do mercado com o governo terminou.
O fundo destaca a piora do ambiente político com a saída de Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria do Governo que pediu demissão após ter sido acusado de ter pressionado o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, para liberar uma obra no centro histórico de Salvador.
Além da saída de um dos principais articuladores de Temer, o Verde aponta ainda os conflitos jurídicos e legislativo.
Apesar deste cenário, que fundo considera preocupante, o relatório aponta manutenção da agenda de medidas econômicas, o que impede que haja uma piora no mercado.
“Mas a lua de mel terminou, e a dura realidade de baixo crescimento, alto desemprego, e longo processo de desalavancagem se impõe.”
Ano maluco
O relatório de gestão do maior fundo de multimercado do Brasil ressalta ainda a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. Para o Verde, não foi somente a vitória do republicano que foi surpreendente, mas o desempenho do mercado americano após o resultado.
Isso porque semanas antes à eleição o S&P 500 chegou a cair por nove dias seguidos, temendo a vitória de Trump. Com a confirmação da vitória, o índice de small caps nos Estados Unidos, Russell 2000, subiu por 12 dias consecutivos.
“Esse tipo de comportamento — aliás recorrente neste ano maluco — reflete de certa maneira aquilo que temos chamado da dicotomia Good Trump vs. Bad Trump.”
Os mercados, acrescenta o Verde, se encantaram com a agenda econômica republicana, focando exclusivamente no corte de impostos, no estímulo a investimentos em infraestrutura, e na suposta leniência regulatória do novo governo. Entretanto, ressalta o fundo, estão se esquecendo dos enormes riscos de conflitos comerciais, de reversão de imigração, além de problemas geopolíticos que o novo presidente representa.
“Temos convicção que uma das principais razões para a sustentabilidade das margens recordes de lucro nos Estados Unidos é a globalização das cadeias produtivas. A reversão disso não é estruturalmente positivo, pelo contrário.”