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Longe da privatização, estatais despencam na bolsa com trocas no comando

Três maiores estatais do país, Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras passam por troca de presidente e perdem valor de mercado com desconfiança de investidores

O presidente Jair Bolsonaro e Paulo Guedes em direções opostas: plano do ministro de privatizar estatais não saiu do papel (Andre Borges/Getty Images)
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Marcelo Sakate

Publicado em 19 de março de 2021 às 07h01.

Última atualização em 19 de março de 2021 às 07h31.

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O comunicado de renúncia do presidente do Banco do Brasil (BBAS3), André Brandão, enviado ao mercado no fim da tarde da quinta-feira, 18, traz junto um significado desabonador para a governança das estatais: as três maiores do país com ações negociadas na bolsa terão trocado o seu comando neste início de ano apesar de gestões bem avaliadas por analistas e investidores e que haviam trazido valorização aos papeis.

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O reflexo negativo mais visível das mudanças inesperadas se dá justamente nos preços das ações de BB (BBAS3), Eletrobras (ELET3; ELET6) e Petrobras (PETR3; PETR4), que perderam valor neste ano com intensidade muito maior do que a do Ibovespa, que serve como referência. O principal índice de ações da B3 caiu 3,5% no acumulado de 2021.

As cotações do Banco do Brasil (BBAS3) recuaram 21,6% no acumulado de 2021. É uma queda que é muito mais acentuada do que a dos seus pares na B3: as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) caem 11% no ano; no caso do Bradesco (BBDC4), a queda é de apenas 2,5%; e o Santander Brasil (SANB11) tem recuo de 8,8%.

Na Eletrobras, a queda das ações ordinárias (ELET3) é de 7,8%, mas chegou a ser de 26% logo após o anúncio de saída de Wilson Ferreira Junior no fim de janeiro; as preferenciais acumulam recuo de 6,9%.

A recuperação se deu depois que o governo prometeu mais uma vez que vai fazer avançar a venda do controle, algo ainda incerto dada a falta histórica de vontade política, a forte resistência no Congresso e a própria crise do país.

Parte do processo de compra das ações de estatais na crise foi liderada por investidores pessoas físicas, em decisão que contrasta com a postura de cautela e ceticismo de analistas e investidores institucionais, que acompanham promessas não cumpridas de autonomia e privatização e exemplos sucessivos de ingerência de Brasília há muitos anos.

A Petrobras, por sua vez, acumula quedas de 20,4% e de 18% nas ações ordinárias (PETR3) e nas preferenciais (PETR4), respectivamente.

Brandão ficou apenas seis meses no cargo, que assumiu ao deixar o comando do HSBC para as Américas. Ele substituiu Rubem Novaes, que, por sua vez, deixou o cargo a pedido insatisfeito com a desistência do governo em privatizar o banco.

O atual presidente do BB fica no cargo até o dia 31 de março e será substituído -- se a indicação do governo prevalecer e for confirmada pelo conselho de administração -- por Fausto Ribeiro, um funcionário de carreira do próprio banco estatal que está no comando do BB Consórcios desde setembro do ano passado.

Outras trocas

Ferreira Junior deixou oficialmente a presidência da Eletrobras, que comandava desde 2016, na última segunda-feira, 15. Ele havia pedido renúncia do cargo no fim de janeiro citando como uma das razões o fato de o governo não ter tirado da gaveta os planos de privatização da companhia, como havia sido acordado.

Com a saída do experiente executivo, que vai assumir a presidência da BR Distribuidora (BRDT3), a maior estatal do setor elétrico será comandada de forma interina por Elvira Cavalcanti, uma profissional com passagens pela Neoenergia e pela Light.

No mês seguinte, em fevereiro, foi a vez de Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras desde o começo de 2019, ficar sabendo por meio de uma nota e de redes sociais que não continuaria no cargo. Ele será substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, cujo processo de aprovação do nome ainda está em andamento.

Castello Branco vai perder o cargo porque Bolsonaro ficou contrariado com a política de preços dos combustíveis da Petrobras, que acompanha as cotações internacionais do petróleo, e com a postura de independência do executivo, que defendeu que não era papel da estatal ter preocupação com as fortes oscilações da gasolina e do óleo diesel.

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