Universidade de Cambridge: local é ninho de startups de tecnologia em setores como semicondutores e grandes volumes de dados (Dan Kitwood/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2013 às 17h01.
Londres - Investidores britânicos de capital de risco nos últimos anos trocaram os pátios arborizados de Cambridge por cafeterias modernas e armazéns reformados de Shoreditch, um bairro antes arenoso do chamado East London, que está fervilhando de startups. Agora, eles estão tirando a poeira de seus blazers de tweed e passes de trem.
Cambridge, sede da universidade que é a casa de cientistas como Charles Darwin e Stephen Hawking, e um ninho de startups de tecnologia em setores como semicondutores e grandes volumes de dados, está de novo em voga, dizem investidores de risco. O motivo: um maior interesse em tecnologia resistente, que é mais difícil de replicar do que as ideias de redes sociais e comércio eletrônico que estão surgindo em Londres.
“Estamos participando de mais eventos por lá, chegando lá mais frequentemente, muito mais do que há alguns anos”, disse Harry Briggs, investidor da empresa de risco de Londres Balderton Capital. “Essas coisas andam em ciclos; a espuma das empresas de consumo começa a desaparecer e as pessoas olham para modelos de negócios mais sólidos”.
A cidade universitária, com uma população de 124 mil habitantes, tem alguns fãs famosos. Mike Lynch, que fundou a Autonomy Corp Plc em Cambridge, estabeleceu um fundo de risco de US$ 1 bilhão no lugar.
A venda da Autonomy por Lynch, em 2011, para a Hewlett-Packard Co., por US$ 11,1 bilhões, o maior negócio da história de Cambridge, está sendo investigado pelo Escritório de Fraudes Sérias do Reino Unido por supostas irregularidades contábeis. Lynch nega qualquer delito e continua sendo um membro chave da comunidade tecnológica britânica, além de um proeminente defensor das startups de Cambridge.
O montante de capital de risco investido em Londres caiu para 126 milhões de libras, em 2012, ante de 131 milhões de libras um ano antes, enquanto o montante na região que inclui Cambridge subiu pela primeira vez desde pelo menos 2009, de 19 milhões de libras para 23 milhões de libras, segundo a Associação Britânica de Capital de Risco.
‘Cidade Tecnológica’
Os aplicativos complexos de empresas, como os de análise de grandes volumes de dados e de fornecimento de poder de processamento pela internet, estão na moda. O mercado global para softwares analíticos deverá crescer a uma taxa anual de 10 por cento até 2017, segundo o Bloomberg Industries.
Os recentes esforços do governo para estimular o setor de tecnologia focaram majoritariamente em Londres. O primeiro-ministro David Cameron apoiou a “Tech City”, uma faixa de 6,4 quilômetros de bairros antes degradados que se estendem da área financeira até a sede dos Jogos Olímpicos 2012.
Just-Eat
O ideal é que Cambridge, Londres e o pequeno polo tecnológico ao redor da Universidade de Oxford se tornem complementares em vez de concorrentes, disse Saul Klein, sócio em Londres da Index Ventures, que apoia empresas como a produtora de jogos King.Com e o Just-Eat, um serviço online de entrega de comida. Ele visualiza um relacionamento semelhante ao mantido por São Francisco e o Vale do Silício, na Califórnia, onde uma viagem de 56 quilômetros liga o polo acadêmico da Universidade de Stanford com o expertise em mercados de capitais e o ninho de talentos de um grande centro financeiro.
Klein destaca a AlertMe, uma startup cujo software gerencia sistemas elétricos e de aquecimento, como um exemplo dessa abordagem. Com raízes em Cambridge, a empresa tem escritórios lá e o quartel-general em Tech City, atraída pela mão de obra qualificada de Londres e pelo apoio de Cameron à área.
“Eu penso nisso como um triângulo dourado: se você olhar a distância coberta entre Cambridge, Oxford e Londres, é do mesmo tamanho que a distância física no Vale do Silício”, disse Sherry Coutu, uma investidora-anjo com assento no conselho financeiro da Universidade de Cambridge, que realiza um programa que conecta os empresários do Vale do Silício com colegas do Reino Unido. “Eu gosto de pensar nisso como uma usina de energia conectando a inovação em Oxford, Cambridge e Londres, e todos nós nos beneficiamos por conhecer um ao outro”.