Kit eleição dita ritmo de volatilidade na Bovespa
As ações das estatais estão entre os papéis influenciados diretamente pelos rumores eleitorais
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2014 às 09h18.
São Paulo - Uma ação de uma empresa cair 10% ou subir 10% na Bolsa de Valores não costuma ser um fato corriqueiro. Quando isso acontece, em geral há um fato relevante por trás: uma compra ou uma venda, um lucro, um prejuízo.
Nos últimos meses, porém, as ações das empresas estatais brasileiras têm vivido esse cenário quase diariamente. E o motivo é apenas um: a expectativa do mercado financeiro em relação ao resultado das eleições.
As ações das estatais - Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobrás, principalmente - estão dentro de um pacote que se convencionou chamar de "kit eleição", os papéis influenciados diretamente pelos rumores eleitorais. Como são também papéis com peso significativo dentro do Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, sua variação tem transformado a Bolsa numa verdadeira gangorra.
Juntas, as três empresas tinham, no início de outubro, um valor de mercado de cerca de R$ 300 bilhões - ou seja, uma queda ou valorização de 10% significa R$ 30 bilhões a mais ou a menos em um só dia. E essa variação atinge diretamente muitos investidores pessoas físicas, que têm papéis principalmente da Petrobras - investidor que está bem longe de ser um especulador do mercado".
Basicamente, a variação é provocada pela "torcida" do mercado por uma vitória da oposição. A avaliação é a de que um novo presidente poderia estabelecer uma política mais tradicional na economia e menos intervencionista nas empresas, o que seria benéfico para as estatais.
Por isso, quando sobem as chances de vitória da oposição - apontadas por uma pesquisa, por exemplo -, as ações das estatais sobem. Quando crescem as chances de a presidente Dilma Rousseff ser reeleita, os papéis caem.
A primeira pesquisa que mostrou números apontando para a realização de um segundo turno - portanto, com uma possibilidade de vitória da oposição - foi divulgada em 27 de março. O levantamento trouxe uma queda na avaliação positiva do governo, para 36%, bem abaixo dos 43% observados no levantamento de dezembro de 2013.
Além disso, o porcentual daqueles que avaliavam o governo na época como ruim ou péssimo subiu de 20% para 27% no mesmo período.
Campos
A eleição deste ano causa forte impacto nos mercados, portanto, desde março. Porém, foi depois da morte do candidato Eduardo Campos (PSB) e das consequentes mudanças na corrida pela Presidência que se abriu espaço maior para especulações, o que elevou significativamente a volatilidade e o volume de negócios na Bovespa.
No caso das ações ordinárias da Petrobras (ON, com direito a voto), por exemplo, a volatilidade, que era de 38,46% entre janeiro e março, caiu para 37,60% de abril até a morte de Campos.
Depois disso, saltou para 59,19% até o término de setembro, segundo cálculos feitos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, com apoio da Clear Corretora.
A ação preferencial da petroleira (PN, sem direito a voto) tinha volatilidade de 36,86% até março, subiu a 40,05% de abril a 12 de agosto e atingiu 60,71% depois da morte de Campos.
A gente precisa da volatilidade para dar game, então é bom quando o mercado está sacudindo para todos os lados", disse o analista da Clear Corretora, Raphael Figueredo.
O volume financeiro (da Bolsa) ganhou uma força muito grande desde a segunda quinzena de março, quando começaram as pesquisas eleitorais, e isso está diretamente relacionado à oscilação forte", acrescentou Pedro Galdi, estrategista-chefe da SLW.
Em março, antes de as pesquisas eleitorais ganharem ritmo, o giro médio do Ibovespa foi de R$ 5,425 bilhões. Em agosto, quando a corrida presidencial já estava a todo vapor, o volume subiu para R$ 8,492 bilhões. Em setembro, o giro subiu para R$ 8,63 bilhões.
O analista de investimentos da corretora Spinelli, Elad Revi, diz, porém, que oscilações muito grandes também podem ser prejudiciais, pois assustam os investidores. Se a volatilidade sobe muito acima de 40%, o mercado pode ficar meio atônito", disse.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Uma ação de uma empresa cair 10% ou subir 10% na Bolsa de Valores não costuma ser um fato corriqueiro. Quando isso acontece, em geral há um fato relevante por trás: uma compra ou uma venda, um lucro, um prejuízo.
Nos últimos meses, porém, as ações das empresas estatais brasileiras têm vivido esse cenário quase diariamente. E o motivo é apenas um: a expectativa do mercado financeiro em relação ao resultado das eleições.
As ações das estatais - Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobrás, principalmente - estão dentro de um pacote que se convencionou chamar de "kit eleição", os papéis influenciados diretamente pelos rumores eleitorais. Como são também papéis com peso significativo dentro do Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, sua variação tem transformado a Bolsa numa verdadeira gangorra.
Juntas, as três empresas tinham, no início de outubro, um valor de mercado de cerca de R$ 300 bilhões - ou seja, uma queda ou valorização de 10% significa R$ 30 bilhões a mais ou a menos em um só dia. E essa variação atinge diretamente muitos investidores pessoas físicas, que têm papéis principalmente da Petrobras - investidor que está bem longe de ser um especulador do mercado".
Basicamente, a variação é provocada pela "torcida" do mercado por uma vitória da oposição. A avaliação é a de que um novo presidente poderia estabelecer uma política mais tradicional na economia e menos intervencionista nas empresas, o que seria benéfico para as estatais.
Por isso, quando sobem as chances de vitória da oposição - apontadas por uma pesquisa, por exemplo -, as ações das estatais sobem. Quando crescem as chances de a presidente Dilma Rousseff ser reeleita, os papéis caem.
A primeira pesquisa que mostrou números apontando para a realização de um segundo turno - portanto, com uma possibilidade de vitória da oposição - foi divulgada em 27 de março. O levantamento trouxe uma queda na avaliação positiva do governo, para 36%, bem abaixo dos 43% observados no levantamento de dezembro de 2013.
Além disso, o porcentual daqueles que avaliavam o governo na época como ruim ou péssimo subiu de 20% para 27% no mesmo período.
Campos
A eleição deste ano causa forte impacto nos mercados, portanto, desde março. Porém, foi depois da morte do candidato Eduardo Campos (PSB) e das consequentes mudanças na corrida pela Presidência que se abriu espaço maior para especulações, o que elevou significativamente a volatilidade e o volume de negócios na Bovespa.
No caso das ações ordinárias da Petrobras (ON, com direito a voto), por exemplo, a volatilidade, que era de 38,46% entre janeiro e março, caiu para 37,60% de abril até a morte de Campos.
Depois disso, saltou para 59,19% até o término de setembro, segundo cálculos feitos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, com apoio da Clear Corretora.
A ação preferencial da petroleira (PN, sem direito a voto) tinha volatilidade de 36,86% até março, subiu a 40,05% de abril a 12 de agosto e atingiu 60,71% depois da morte de Campos.
A gente precisa da volatilidade para dar game, então é bom quando o mercado está sacudindo para todos os lados", disse o analista da Clear Corretora, Raphael Figueredo.
O volume financeiro (da Bolsa) ganhou uma força muito grande desde a segunda quinzena de março, quando começaram as pesquisas eleitorais, e isso está diretamente relacionado à oscilação forte", acrescentou Pedro Galdi, estrategista-chefe da SLW.
Em março, antes de as pesquisas eleitorais ganharem ritmo, o giro médio do Ibovespa foi de R$ 5,425 bilhões. Em agosto, quando a corrida presidencial já estava a todo vapor, o volume subiu para R$ 8,492 bilhões. Em setembro, o giro subiu para R$ 8,63 bilhões.
O analista de investimentos da corretora Spinelli, Elad Revi, diz, porém, que oscilações muito grandes também podem ser prejudiciais, pois assustam os investidores. Se a volatilidade sobe muito acima de 40%, o mercado pode ficar meio atônito", disse.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.