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Juros têm forte alta com temor de inflação

Declaração de Tombini afirmando que a situação dos preços não é confortável fez o mercado precificar uma maior chance de elevação da Selic em 2013


	Bovespa: a taxa do juro para julho de 2013 encerrou a sessão a 7,14%, contra 7,09% no ajuste
 (Divulgação/Facebook/BM&FBovespa)

Bovespa: a taxa do juro para julho de 2013 encerrou a sessão a 7,14%, contra 7,09% no ajuste (Divulgação/Facebook/BM&FBovespa)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2013 às 16h10.

São Paulo - O mercado de juros passou a precificar nesta quinta-feira uma chance maior de a Selic ser elevada ainda este ano, como forma de conter as pressões inflacionárias.

Esse movimento de alta das taxas futuras mais curtas ganhou consistência após os investidores tomarem conhecimento de declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que a situação dos preços "não é confortável". Somou-se a isso a alta do IPCA de janeiro acima da mediana das projeções e a primeira prévia do IGP-M de fevereiro maior do que o teto das estimativas do mercado. Tal quadro trouxe giro firme para os negócios.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa para julho de 2013 (259.505 contratos) estava na máxima de 7,14%, de 7,09% no ajuste. O contrato para janeiro de 2014 (759.970 contratos) marcava 7,44%, ante 7,35% na véspera. O DI para janeiro de 2015 (664.205 contratos) indicava 8,19%, de 8,09% no ajuste. Entre os mais longos, o contrato para janeiro de 2017 (231.835 contratos) tinha taxa de 9,09%, ante 9,02% ontem, e o DI para janeiro de 2021 (12.405 contratos) apontava 9,77%, ante 9,70% no ajuste.

"O fato de o BC vir a público para mostrar preocupação com o nível de preços fez os investidores enxergarem a possibilidade de a autoridade monetária mudar sua estratégia antes do previsto. A curva de juros começa a mostrar uma chance real de a Selic subir no segundo semestre", afirmou um operador. A curva a termo passou a precificar uma alta de 50 pontos-base distribuídos até o fim de 2013.

O presidente do BC disse que "a inflação nos preocupa no curto prazo, está mostrando uma resiliência forte, mas não é o caso de descontrole inflacionário". "No entanto, a nossa expectativa é de que ela continue pressionada neste primeiro semestre, ficando em 6% em 12 meses."

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação medida pelo IPCA ficou em 0,86% em janeiro, ante uma variação de 0,79% em dezembro e acima da mediana das estimativas coletadas pelo AE Projeções, de 0,83%. Em 12 meses até janeiro, o IPCA acumulou uma alta de 6,15%, bem perto do teto da meta, de 6,5%. Já a primeira prévia de fevereiro do IGP-M subiu 0,41%, variação idêntica à registrada em igual prévia de janeiro, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa revelada hoje ficou acima do teto das estimativas, que iam de uma alta de 0,10% a 0,35%.

Outra informação considerada nas análises é a queda do dólar. Após as declarações de Tombini, o dólar passou a derreter e tocou na mínima de R$ 1,96 no meio do dia. Analistas dizem que o mercado está testando a disposição do BC em aceitar um real mais forte como forma de ajudar no controle inflacionário. Hoje, a autoridade monetária não deu sinais de intervenção.

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