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Juros da dívida portuguesa ultrapassam 9% pela primeira vez

Mercado segue exigindo maior rentabilidade dos papéis, após agências de classificação de risco rebaixarem a nota de Portugal

Em abril e junho, Portugal deverá pagar € 9 bi de várias linhas de dívida (Getty Images)

Em abril e junho, Portugal deverá pagar € 9 bi de várias linhas de dívida (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de março de 2011 às 08h44.

Lisboa - Os juros da dívida soberana de Portugal continuam em linha ascendente e, no caso dos bônus a cinco anos, superaram a barreira de 9% pela primeira vez nesta quarta-feira.

Fontes do mercado atribuíram a alta aos últimos rebaixamentos das agências de classificação de risco à crise política iniciada após a renúncia do primeiro-ministro, José Sócrates, e à piora das previsões econômicas para 2011.

A rentabilidade exigida pelos investidores no mercado secundário para recomprar obrigações portuguesas segue incessante, segundo a imprensa econômica portuguesa, o que prejudica as opções do país de conseguir superar a crise de forma autônoma e sem recorrer à ajuda externa.

Portugal, além disso, deve enfrentar o pagamento de aproximadamente 9 bilhões de euros pelo vencimento em abril e junho de várias linhas de dívida, o que na prática obriga o país a continuar fazendo emissões de títulos no mercado primário para conseguir liquidez.

Os bônus portugueses a cinco anos eram cotados nesta quarta-feira a 9,04%, juros recordes desde a adesão do país à zona do euro, em 1999. Essas mesmas obrigações a dez anos já se encontram acima de 8% após 38 dias consecutivos acima de 7%.

Tal como coincidem os analistas, essas taxas são dificilmente sustentáveis e refletem o alto grau de incerteza entre os investidores, que perderam confiança na capacidade de o país cumprir a promessa de reduzir o déficit público em 2,7 pontos percentuais neste ano (para 4,6% do PIB), diante do contexto de instabilidade política em Portugal.

A renúncia do primeiro-ministro Sócrates ocorreu na quarta-feira passada, após a rejeição do Parlamento ao último plano de austeridade econômica proposto pelo Governo.

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