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Juros cedem com crescimento fraco e exterior negativo

Ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 cedia para 7,88%, de 7,92% no ajuste

Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)

Pregão da Bovespa (Divulgação/BM&FBovespa)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2012 às 17h39.

São Paulo - A quantidade de dados negativos anunciados nesta sexta-feira foi tão vasta e de origem tão diversa que os investidores não tiveram outra alternativa que não se desfazer dos ativos de risco. Primeiro, os mercados se depararam com novo recuo da atividade manufatureira na China. A zona do euro registrou seu PMI mais baixo em quase três anos, enquanto o resultado do mercado de trabalho norte-americano ficou muito aquém das expectativas. O resultado disso tudo foi queda expressiva das taxas dos bônus de países considerados seguros, como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, recuo das bolsas e avanço do dólar. Por aqui, o PIB fraco do primeiro trimestre foi um argumento adicional para a devolução de prêmios nas taxas curtas e intermediárias de juros futuros.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (863.525 contratos) cedia para 7,88%, de 7,92% no ajuste. O DI janeiro de 2014, com movimento de 507.960 contratos, recuava para 8,23%, de 8,27% na quinta-feira. Os vencimentos de longo prazo, em um movimento técnico, apresentaram alta. A taxa projetada pelo DI janeiro de 2017 (73.500 contratos) estava na máxima de 9,79%, ante 9,71% na véspera, enquanto o DI janeiro de 2021 (4.915 contratos) marcava 10,42%, de 10,31% no ajuste.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre em relação aos três últimos meses de 2011. O resultado ficou no piso das estimativas coletadas pelo AE Projeções, decepcionou boa parte dos analistas e já provocou revisões para baixo sobre o comportamento da atividade e da taxa básica de juros até o fim deste ano.

As autoridades oficiais, por sua vez, tentaram justificar o número. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou a queda da agricultura como um fator que impediu um resultado maior no primeiro trimestre. O IBGE atribuiu o desempenho, sobretudo, à quebra na safra da soja, causada por problemas climáticos. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, considerou o PIB geral como uma confirmação de que o avanço da atividade tem sido "bastante gradual". No entanto, de acordo com ele, o BC prevê que "mesmo diante do complexo ambiente internacional, as perspectivas apontam intensificação do ritmo de atividade ao longo deste ano".

Lá fora, o índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) HSBC da China caiu para 48,4 em maio, abaixo de 49,3 em abril e da leitura preliminar de 48,7. Na Europa, o PMI do setor de manufatura caiu para 45,1 em maio, de 45,9 em abril - mínima em quase três anos. Separando por países, houve queda do dado na França, na Alemanha e na Espanha.

Nos EUA, houve criação de 69 mil empregos em maio, o menor ganho em um ano e bem abaixo da previsão dos economistas, de criação de 155 mil vagas. Além disso, os números de março e abril foram revisados para baixo, para mostrar que foram criadas 77 mil vagas e 143 mil, respectivamente, em vez de 115 mil e 153 mil anunciado antes. Por fim, a taxa de desemprego norte-americana subiu para em 8,2% em maio, acima da previsão dos economistas de 8,1%.

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