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Janela para IPOs fechou na bolsa? O que dizem os analistas

Volatilidade na bolsa causa desistências e adiamentos, mas fluxo de ofertas continua forte

Suspensões, cancelamentos e estreia abaixo da faixa inicial de preço tem marcado o mercado de IPOs nos últimos dias (Germano Lüders/Exame)

Suspensões, cancelamentos e estreia abaixo da faixa inicial de preço tem marcado o mercado de IPOs nos últimos dias (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 12 de abril de 2021 às 12h11.

Última atualização em 12 de abril de 2021 às 12h21.

O Brasil vive o pior momento da pandemia de Covid-19 e os resultados são sentidos na bolsa. Analistas monitoram o cronograma de vacinação buscando prever o cenário de retomada que volte a impulsionar a economia no país. Enquanto isso, o mercado precifica a incerteza e pressiona o preço das ofertas das novatas. 

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O resultado são diversos reveses para as ofertas públicas iniciais de ações (IPOs): suspensões, cancelamentos e estreia abaixo da faixa inicial de preço. A precificação da oferta da empresa de tecnologia Allied (ALLD3) – que estreou na última sexta-feira na bolsa – foi adiada e acabou saindo por 18 reais, abaixo da faixa indicativa de preço que ia de 20 a 25 reais. 

A Blau Farmacêutica foi outra empresa que alterou seu cronograma nos últimos dias, adiando a definição de preço por ação em mais de uma semana – a nova data ficou para quinta-feira, 15. Nos bastidores, é ventilada a possibilidade de que a oferta saia a 40 reais, abaixo da faixa indicativa de 44,60 a 50,60.

Já a LG Informática, que pretendia captar 900 milhões de reais, suspendeu seu IPO por 60 dias, com a empresa alegando condições de mercado desfavoráveis.

“O mercado não lida bem com incertezas e isso acaba pressionando o preço de ofertas que estão na boca do gol. Isso porque a precificação demora meses para ser montada e  o mercado é mais volátil, reage de forma rápida aos fatos”, afirma Gustavo Rugani, sócio do Machado Meyer Advogados e especialista em mercado de capitais.

Ainda assim, isso não significa que a janela de oportunidade para os IPOs esteja se fechando. Rugani comenta que, do lado dos operadores, a fila para abrir capital continua grande o suficiente para que 2021 seja um ano com alto número de estreias na bolsa. 

“O que vemos é um movimento de paciência, não de desistência. Estamos em um nível de taxa de juros muito baixo e não há perspectivas de que a Selic volte a subir para um patamar que tire a atratividade da renda variável”, argumenta.

Quanto menor a taxa básica de juros, melhor para as ofertas em bolsa. A Selic está atualmente em um patamar de 2,75% ao ano, e analistas preveem que a taxa pode fechar o ano em 6%. Ainda assim, o valor é distante da Selic de dois dígitos que vigorava até 2017.

Pedro Serra, gerente de research da Ativa Investimentos, reforça ainda que adiamentos e cancelamentos fazem parte do jogo. “Acertar o melhor momento de entrada faz parte da estratégia para maximizar o retorno. É o desafio das empresas. E o investidor, do lado dele, quer barganhar por um preço mais em conta. No final das contas, muita coisa depende da história da empresa, no que ela traz para o mercado”, diz.

Prova disso é que algumas ofertas são aguardadas com alto nível de expectativa. O mais emblemático deles é o IPO da Caixa Seguridade, braço de seguros e previdência da Caixa Econômica Federal, que pode movimentar até 6,5 bilhões de reais. O IPO será precificado em 27 de abril e o início das negociações do papel, com o código CXSE3, está previsto para 29 de abril.

A Caixa Seguridade é a operação mais madura entre as subsidiárias do banco estatal. Em um ano de pandemia, a empresa saiu da sexta posição em seguro residencial e da terceira posição no seguro prestamista para a liderança em ambos os segmentos.

 

 

No campo da saúde, a oferta mais aguardada é a da rede hospitalar Mater Dei. Apontada como uma “mini Rede D’Or de Minas Gerais”, a empresa pode movimentar 1,9 bilhão de reais na operação, considerando o meio da faixa indicativa, de 24 reais. A definição de preço da oferta está marcada para esta quarta-feira, 14, e a estreia na bolsa está prevista para sexta-feira, 16, sob o código MATD3.

“O que também ajuda nesses casos é que são empresas conhecidas que têm concorrentes na bolsa, o que oferece base de comparação. A Caixa Seguridade tem a BB Seguridade (BBSE3) e a Mater Dei tem a Rede D'Or (RDOR3), então o investidor consegue fazer uma avaliação melhor da oferta”, comenta Serra.

Rugani acrescenta que alguns IPOs podem se beneficiar da resiliência se seus setores de atuação. “Saúde, logística e e-commerce são setores que têm forte apelo independente da volatilidade”.

No setor de saúde, outra empresa a realizar a precificação nesta semana é a Viveo (CM Hospitalar), que define o preço por ação da oferta nesta segunda-feira, 12. A empresa pretende movimentar até 2 bilhões de reais com a oferta. A estreia na bolsa acontece na quarta-feira, 14, sob o ticket VVEO3.

 

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