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Jandaia Sucos provoca perdas para fundos de previdência

Fundo administrado pelo BNY Mellon perdeu 7% no valor de sua cota devido à recuperação judicial da empresa de sucos

A controladora dos Sucos Jandaia está em recuperação judicial desde julho (Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2011 às 17h20.

São Paulo - A Sucos do Brasil SA, dona da marca de bebidas Jandaia, em recuperação judicial desde julho do ano passado, provocou perdas no Roma Fundo de Investimento Renda Fixa Crédito Privado - Previdenciário em fevereiro.

Ontem, a BNY Mellon Serviços Financeiros Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários SA, uma unidade do Bank of New York Mellon Corp. que administra o fundo, disse em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários que o Roma teve um “impacto negativo” de 7 por cento no valor de sua cota após provisões.

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As perdas foram provocadas principalmente por títulos de crédito privado da Sucos do Brasil, disse em entrevista por telefone hoje, de Indaiatuba, em São Paulo, o gestor do fundo, Ricardo Gonçalves, sócio da Lhynqz Gestão de Recursos, razão social da Roma Investimentos.

“Foi feita uma provisão em cima de um título que a gente tem em carteira, de uma empresa que entrou em recuperação judicial, a Sucos do Brasil”, disse. “Pela norma que o administrador segue, você tem que provisionar em 70 por cento o título. Tinha uma discussão em cima da garantia, mas o Mellon decidiu agora colocar a provisão na data de ontem.”

O informe diário do fundo publicado na CVM mostra que sua carteira total caiu de R$ 64,2 milhões no dia 4 de fevereiro para R$ 59,6 milhões no dia 7.

‘Deterioração’

O patrimônio do fundo em títulos da Sucos do Brasil corresponde a R$ 5 milhões, segundo Gonçalves. Como 70 por cento do valor corresponde a R$ 3,5 milhões, o restante da diferença, de R$ 1,1 milhão, correspondem a “outras variações”, como de títulos públicos de longo prazo e de atrasos de outras empresas, que “retornam normalmente ao longo do mês”.

O Roma tem aplicação mínima de R$ 1 milhão e possui 15 fundos de previdência como cotistas, disse Gonçalves. Todos foram avisados sobre as perdas ontem, segundo ele. No comunicado da noite de ontem, o BNY Mellon dizia que as provisões foram feitas “em razão da deterioração da capacidade financeira de emissores de ativos de crédito privado”, sem mencionar o nome do emissor.

O advogado da Sucos do Brasil, Roberto Carlos Keppler, disse que o fundo Roma faz parte de um grupo de mais de 300 credores, que têm a receber cerca de R$ 100 milhões. Segundo ele, o fundo solicitou a exclusão da lista de credores da recuperação judicial, para poder receber a dívida por meio de outras garantias, o que não teria sido acatado pelo administrador judicial.

“O Roma está sujeito aos efeitos da recuperação judicial, pelo tipo de garantia que eles têm”, disse o advogado, em entrevista hoje por telefone, de São Paulo. Segundo ele, outros dois fundos, credores da Sucos do Brasil, têm imóveis como garantia e podem ficar fora da recuperação judicial.

O BNY Mellon respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que “não faz parte de sua política comentar sobre ativos específicos nas carteiras dos fundos administrados”.

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