Itaú prevê alta de 30% nas vendas de títulos de dívida
Os bancos vão vender efetivamente para investidores cerca de R$ 39 bilhões de dívida corporativa este ano, disse João Marcos De Biase, responsável global de operações
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2012 às 08h56.
São Paulo - A demanda crescente por alternativas mais rentáveis do que os títulos públicos em meio à queda das taxas de juros está levando o Itaú Unibanco Holding SA a prever um aumento de 30 por cento nas vendas de títulos corporativos e securitização de ativos neste ano.
Os bancos vão vender efetivamente para investidores cerca de R$ 39 bilhões de dívida corporativa este ano, disse João Marcos De Biase, responsável global de operações de dívida nos mercados de capitais e sindicalizados do Banco Itaú BBA SA, braço de atacado do Itaú, líder nesse mercado desde 2005. Os bancos coordenaram a emissão de R$ 12,2 bilhões no primeiro trimestre de 2012 que foram distribuídos no mercado doméstico de capitais, mais de três vezes os R$ 3,7 bilhões do mesmo período do ano anterior, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, cortou a taxa de juros básica em 350 pontos-base desde agosto, parte do esforço de defesa do País para se proteger da crise financeira da Europa. O Comitê de Política Monetária pode reduzir a taxa Selic para uma mínima histórica de 8,75 por cento até agosto dos 9 por cento atuais para estimular o crescimento, como o mercado futuro de juros sinaliza de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
“Quando o juro começa a cair, há mais demanda por debêntures e outros instrumentos de crédito, porque os investidores estão buscando manter a rentabilidade”, disse Alexandre Aoude, diretor executivo do Itaú BBA, na sede do banco, na avenida Faria Lima, em São Paulo. “O dinheiro está represado aqui no Brasil.”
Oferta da Oi
O rendimento das Notas do Tesouro Nacional da série B, que são corrigidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, com vencimento em 2020, caiu 113 pontos-base, ou 1,13 ponto percentual, este ano para 4,43 por cento, de acordo com dados da Bloomberg.
As debêntures são tipicamente indexadas ao IPCA, que subiu 5,24 por cento nos 12 meses até março, ou à taxa de juros do Certificados de Depósito Interfinanceiro.
A Oi SA, sediada no Rio de Janeiro, vendeu R$ 1,6 bilhão em títulos com vencimento em oito anos, pagando 620 pontos-base acima do IPCA, de acordo com o Itaú BBA, que coordenou a oferta.
Os bancos mantiveram no seu balanço aproximadamente 42 por cento das debêntures que originaram nos três primeiros meses neste ano e venderam o resto a investidores, de acordo com a Anbima. Há um ano, a fatia mantida pelos bancos era de cerca de 79 por cento das ofertas coordenadas. As instituições financeiras brasileiras tradicionalmente mantêm uma fatia grande da dívida originada em carteira própria porque esses papéis com alto rendimento ajudam a elevar os retornos e a falta de mercado secundário limita o número de investidores participantes.
Mercado secundário
Os bancos estão vendendo mais das debêntures originadas aos investidores, pois esses papéis estão rendendo cada vez menos com a queda nos juros básicos, disse Alberto Kiraly, que comanda a área de banco de investimento do Banco Votorantim SA, sediado em São Paulo.
“Juros a 9 por cento já ajudam muito”, disse Kiraly em entrevista em São Paulo. “A mudança está começando.”
Marcelo Saddi Castro, que ajuda a supervisionar R$ 20 bilhões em ativos como diretor de investimentos da SulAmérica Investimentos, afirma que a demanda por dívida corporativa ainda é limitada pela ausência de um mercado secundário líquido.
“Não dá pra esperar uma expansão forte dos ativos se não houver mercado secundário”, disse Saddi Castro em entrevista por telefone de São Paulo. “Houve um grande aumento na demanda por crédito, mas ele ainda é pequeno frente ao total de instrumentos de crédito.”
São Paulo - A demanda crescente por alternativas mais rentáveis do que os títulos públicos em meio à queda das taxas de juros está levando o Itaú Unibanco Holding SA a prever um aumento de 30 por cento nas vendas de títulos corporativos e securitização de ativos neste ano.
Os bancos vão vender efetivamente para investidores cerca de R$ 39 bilhões de dívida corporativa este ano, disse João Marcos De Biase, responsável global de operações de dívida nos mercados de capitais e sindicalizados do Banco Itaú BBA SA, braço de atacado do Itaú, líder nesse mercado desde 2005. Os bancos coordenaram a emissão de R$ 12,2 bilhões no primeiro trimestre de 2012 que foram distribuídos no mercado doméstico de capitais, mais de três vezes os R$ 3,7 bilhões do mesmo período do ano anterior, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, cortou a taxa de juros básica em 350 pontos-base desde agosto, parte do esforço de defesa do País para se proteger da crise financeira da Europa. O Comitê de Política Monetária pode reduzir a taxa Selic para uma mínima histórica de 8,75 por cento até agosto dos 9 por cento atuais para estimular o crescimento, como o mercado futuro de juros sinaliza de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
“Quando o juro começa a cair, há mais demanda por debêntures e outros instrumentos de crédito, porque os investidores estão buscando manter a rentabilidade”, disse Alexandre Aoude, diretor executivo do Itaú BBA, na sede do banco, na avenida Faria Lima, em São Paulo. “O dinheiro está represado aqui no Brasil.”
Oferta da Oi
O rendimento das Notas do Tesouro Nacional da série B, que são corrigidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, com vencimento em 2020, caiu 113 pontos-base, ou 1,13 ponto percentual, este ano para 4,43 por cento, de acordo com dados da Bloomberg.
As debêntures são tipicamente indexadas ao IPCA, que subiu 5,24 por cento nos 12 meses até março, ou à taxa de juros do Certificados de Depósito Interfinanceiro.
A Oi SA, sediada no Rio de Janeiro, vendeu R$ 1,6 bilhão em títulos com vencimento em oito anos, pagando 620 pontos-base acima do IPCA, de acordo com o Itaú BBA, que coordenou a oferta.
Os bancos mantiveram no seu balanço aproximadamente 42 por cento das debêntures que originaram nos três primeiros meses neste ano e venderam o resto a investidores, de acordo com a Anbima. Há um ano, a fatia mantida pelos bancos era de cerca de 79 por cento das ofertas coordenadas. As instituições financeiras brasileiras tradicionalmente mantêm uma fatia grande da dívida originada em carteira própria porque esses papéis com alto rendimento ajudam a elevar os retornos e a falta de mercado secundário limita o número de investidores participantes.
Mercado secundário
Os bancos estão vendendo mais das debêntures originadas aos investidores, pois esses papéis estão rendendo cada vez menos com a queda nos juros básicos, disse Alberto Kiraly, que comanda a área de banco de investimento do Banco Votorantim SA, sediado em São Paulo.
“Juros a 9 por cento já ajudam muito”, disse Kiraly em entrevista em São Paulo. “A mudança está começando.”
Marcelo Saddi Castro, que ajuda a supervisionar R$ 20 bilhões em ativos como diretor de investimentos da SulAmérica Investimentos, afirma que a demanda por dívida corporativa ainda é limitada pela ausência de um mercado secundário líquido.
“Não dá pra esperar uma expansão forte dos ativos se não houver mercado secundário”, disse Saddi Castro em entrevista por telefone de São Paulo. “Houve um grande aumento na demanda por crédito, mas ele ainda é pequeno frente ao total de instrumentos de crédito.”