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IRB Brasil revela prejuízo de 685 mi de reais e diz que ajustes continuam

Resseguradora teve resultado impactado pelo aumento de sinistros e efeitos cambiais e diz que vai reavaliar presença em algumas áreas

Resseguradora IRB Brasil continua a tentar corrigir os seus números depois de fraude contábil (IRB Brasil/Divulgação)

Resseguradora IRB Brasil continua a tentar corrigir os seus números depois de fraude contábil (IRB Brasil/Divulgação)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 29 de agosto de 2020 às 15h59.

Última atualização em 29 de agosto de 2020 às 16h10.

O aguardado resultado do IRB Brasil, divulgado no fim da noite da sexta-feira, 28, revelou que a resseguradora teve prejuízo de 685,1 milhões de reais no segundo trimestre, em meio ao processo vigente de correção do estrago causado por fraudes contábeis nos últimos anos.

Os números apontaram efeitos da desvalorização cambial e impactos da pandemia da Covid-19 -- com o aumento de sinistros --, o que fez a empresa  reverter o lucro de 397,5 milhões de reais no mesmo período ano antes, já com alguns ajustes no balanço.

A resseguradora já havia sido levada a republicar balanços anteriores, "corrigindo distorções decorrentes da modificação intencional e sistêmica de dados operacionais", o que reduziu o lucro de 2019 em 553,4 milhões de reais e o de 2018 em 117,2 milhões.

"Tomamos medidas para recuperar nossa credibilidade, afetada por manipulações de dados contábeis e pela divulgação de informações inverídicas sobre a base acionária da empresa e estamos aprimorando os controles e a governança interna", diz a empresa em mensagem aos acionistas assinada por Antônio Cássio dos Santos,  presidente do conselho de administração e CEO interino.

Com o prejuízo no segundo trimestre de 2020, a insuficiência de liquidez apontada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) em maio subiu de 2,1 bilhões de reais em março para 3,4 bilhões de reais ao fim de junho.

Para preencher a lacuna regulatória, o IRB está concluindo um processo de capitalização que, segundo a companhia, levantou 2,242 bilhões de reais até 24 de agosto, com a subscrição de 97,47% das ações ofertadas por cerca de 100 mil acionistas.

Mas a reavaliação de contratos segue em andamento e o IRB avisou que deve se estender por mais meses, "o que implica manutenção de riscos que já haviam sido contratados em 2019 em nossa carteira, com impactos na sinistralidade ainda durante o segundo semestre", mas que espera resolver a situação e insuficiência de liquidez até o fim do ano.

A revelação da manipulação de dados se deu após acusação da Squadra Investimentos em fevereiro. Em carta a cotistas de seus fundos, a gestora apontou que havia inconsistências nos números, que faziam a empresa ser avaliada indevidamente por investidores. A Squadra assumiu naquele momento que estava vendida na companhia na bolsa e que, portanto, se beneficiaria da queda das ações para o que julgava ser o adequado.

O IRB abriu processo criminal contra ex-administradores para exigir ressarcimento pelo pagamento não autorizado de bônus a ex-executivos e colaboradores de cerca de 60 milhões de reais.

Em 2020, em decorrência desses episódios, a ação do IRB acumula queda de 79%.

Executivos da resseguradora discutem o resultado trimestral e perspectivas em apresentação a analistas e investidores na segunda-feira, 31, em teleconferência às 11h30.

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