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InterCement não prevê venda de ativos por Cimpor

Segundo o presidente da empresa de cimentos do grupo Camargo Corrêa, não existe nenhum acordo com a rival Votorantim para dividir a maior cimenteira de Portugal

Analistas têm afirmado que a oferta da InterCement pela Cimpor tem grandes chances de sucesso (Germano Lüders/EXAME.com)

Analistas têm afirmado que a oferta da InterCement pela Cimpor tem grandes chances de sucesso (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2014 às 20h06.

Lisboa - A empresa de cimentos do grupo Camargo Corrêa, InterCement, não prevê a venda de qualquer ativo se tiver sucesso na oferta de aquisição feita à Cimpor e não tem nenhum acordo com a rival Votorantim para dividir a maior cimenteira de Portugal, embora não descarte um entendimento futuro para gerir a empresa, disse o presidente-executivo da companhia brasileira, José Edison Franco.

"Para agora, não prevemos a alienação de quaisquer ativos", disse o executivo em entrevista escrita à Reuters. "Não existe pré-acordo. Como disse, acreditamos que a nossa oferta é uma boa oportunidade para todos os acionistas, mas a decisão final caberá, naturalmente, a cada um".

"Contudo, não está descartada a possibilidade de um futuro acordo que possa permitir melhor administração para a companhia, bem como atender às questões relacionadas com defesa da concorrência no Brasil", disse o Franco em resposta à Reuters.

Analistas têm afirmado que a oferta da InterCement pela Cimpor tem grandes chances de sucesso e que o resultado mais provável é a Camargo Corrêa, maior acionista da cimenteira portuguesa com 32,9 por cento, entender-se com a Votorantim na divisão dos ativos da companhia. A Votorantim é a segunda maior acionista da Cimpor, com, 21,2 por cento.

A divisão dos ativos poderia ser uma das formas de a Camargo Corrêa superar esperada oposição de autoridades de defesa da concorrência, principalmente no Brasil, caso obtenha sucesso na oferta pública pela Cimpor, segundo analistas.

Segundo Franco, a proposta da Camargo Corrêa é "integrar na Cimpor os ativos de cimento e concreto que controlamos em 100 por cento, reforçando assim a dimensão e presença internacional da Cimpor".

Na semana passada, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Olavo Chinaglia, afirmou à Reuters que qualquer operação societária envolvendo a Cimpor e que reduza a concentração no mercado brasileiro de cimento seria melhor do ponto de vista concorrêncial.

"Estamos à disposição dos órgãos antitruste para prestar os esclarecimentos necessários. Estamos cumprindo todos os trâmites legais e notificações em matéria de antitruste, respeitando e cumprindo as exigências em cada jurisdição, inclusive em relação ao Brasil", disse Franco.


PREÇO JUSTO

O executivo afirmou que o preço oferecido pela InterCement, de 5,50 euros por ação da Cimpor, levou em conta o atual valor de mercado e perspectivas de crescimento da Cimpor e de empresas comparáveis, e os atuais cenários de negócios da cimenteira portuguesa.

"Consideramos que a nossa oferta é justa, que reflete o valor real da empresa e está em linha com as práticas de mercado", disse Franco.

"Além disso, demonstra do nosso lado, pela sua dimensão, uma importante manifestação de confiança na Cimpor, em Portugal e no seu futuro e terá um enorme impacto em termos de investimento estrangeiro na economia portuguesa", afirmou o executivo.

Perguntado se considera provável a ocorrência de uma oferta concorrente, nomeadamente pela Semapa ou pela Companhia Siderúrgica Nacional, Franco comentou que "estamos atentos a quaisquer manifestações de interesse, mas acreditamos que a oferta que lançamos é uma boa oportunidade para todos os acionistas e terá como consequência transformar a Cimpor numa empresa maior do que é hoje".

Em 2010, a CSN lançou uma oferta de compra da Cimpor, mas a proposta foi rechaçada em benefício da entrada na empresa da Camargo Corrêa e da Votorantim.

Na segunda-feira, a Semapa, dona da segunda maior cimenteira de Portugal, a Secil, divulgou que apresentou proposta a acionistas da Cimpor para a transferência das participações detidas na empresa para uma holding conjunta, de modo a não serem vendidas na oferta pública da Camargo Corrêa .

A Semapa tentou comprar a Cimpor em 2000, em conjunto com a Holcim.

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