Inpao Dental adia IPO para 2021
Mudança em Lei das S.A. facilitaria planos da empresa do setor de saúde em para abrir capital no Brasil
Guilherme Guilherme
Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 07h22.
Última atualização em 19 de dezembro de 2019 às 08h22.
São Paulo - A empresa de planos odontológicos Inpao Dental (Instituto de Previdência e Assistência Odontológica) adiou seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) de 2020 para 2021. Em entrevista a EXAME, a companhia afirmou que espera uma melhora da economia local para então se listar.
Embora admita que o IPO ainda esteja um pouco “prematuro” e em fase embrionária, a expectativa é que abertura de capital ocorra na bolsa brasileira no segundo semestre de 2021.
“Estamos no Brasil e o cenário daqui dois anos pode não ser o mesmo que estamos vivendo agora, que está sendo uma excelente janela”, afirma o diretor financeiro do Inpao Dental, Claudio Aboud. Apesar de otimista com o mercado brasileiro, o executivo não descarta realizar a listagem fora do país. “Ainda estamos avaliando."
Segundo o diretor financeiro, a possibilidade de emitir ações superordinárias facilitariam os planos de abrir capital na B3 . Também conhecido como super “ON”, o ativo dá direito a mais votos do que as ações ordinárias comuns. Mas, para isso, seria necessário alterar a Lei das S.A. , que impede o voto plural. “A mudança facilitaria bastante.”
Crescimento do PIB e desemprego
Além do crescimento da atividade econômica, a empresa que é voltada para segmento corporativo espera que uma possível redução do desemprego alavanque a quantidade clientes. Atualmente, a carteira de beneficiários da companhia é de cerca de 400 mil clientes e a expectativa é que este número cresça 11,4% no próximo ano.
A empresa também projeta uma melhora financeira para o próximo ano. Aboud estima um crescimento de 30% do EBITDA(lucro antes de juros, depreciação e amortização) em 2020. Em 2018, a receita operacional líquida da companhia foi de 23,23 milhões de reais - 19,46% abaixo do registrado em 2019.
Para isso, a empresa planeja, em fevereiro, expandir a sua atuação no mercado de pessoa física, que hoje representa 3% do total de clientes. Embora a taxa de cancelamento seja quase o dobro das apresentadas entre os clientes institucionais, Claudio Aboud vê um “tremendo potencial” na área. “Estamos esperando esse boom para poder se listar”, disse.
Além da melhora da economia interna, Aboud aposta em uma parceria recente feita com a seguradora suíça Swiss Life. O acordo, fechado em setembro, funciona como uma espécie de hedge para as operações da empresa, cobrindo o prejuízo das apólices deficitárias e retornando parte dos lucros das superavitárias para o pooling e para os clientes. Essa foi uma das maneiras que a companhia encontrou para evitar reajustes e repasses de risco para os clientes. Antes disso, a estratégia usada foi cortar custos administrativos.
Claudio Aboud conta que, desde 2014, a empresa aumentou os investimentos em tecnologia para automatizar a gestão de sinistros e introduziu vendas online. “Em 2015, em plena crise, já estávamos colhendo os frutos e, além de não reajustar, conseguimos fazer upgrade nos planos dos clientes”, disse.
O forte reajuste tem sido uma das principais preocupações do setor de planos de saúde, que, segundo um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), passou por uma inflação acumulada de 382% entre 2000 e 2018.
Por outro lado, os planos exclusivamente odontológicos têm atravessado um bom momento. Isso é o que mostra a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge). Em relatório, a associação apontou que, na comparação anual, a receita líquida do setor avançou 12% no primeiro trimestre de 2019 contra um aumento de 7,2% da despesa assistencial.
O número de beneficiários em planos exclusivamente odontológicos também têm crescido. Segundo a Abramge, a expansão foi de 14,1% nos últimos dois anos, entre o segundo trimestre de 2017 e de 2019. Ao fim desse período, o número total de assistidos era 24,8 milhões de pessoas.
Vida após IPO
Mesmo sem ainda saber onde irá abrir o capital, o Inpao já tem planos para o que vai fazer com o dinheiro arrecadado. Além de reinvestir no próprio negócio, a empresa busca se consolidar no mercado de planos odontológicos por meio de aquisições de operadoras com até 100 mil beneficiários.
A internacionalização da companhia também está nos planos de expansão do Inpao, que mira países da América Latina ,. “Pelo nível de desenvolvimento da economia e pela carência de produtos competitivos no segmento, estamos olhando com muito bons olhos para o México, Argentina e Uruguai”, afirmou Claudio Aboud.