Bovespa recua por sinais de fraqueza da economia global

São Paulo - A Bovespa começou o segundo semestre no campo negativo, devolvendo parte da forte alta registrada na sexta-feira, com investidores mostrando cautela diante de novos sinais de fraqueza da economia global.

Às 13h15, o Ibovespa tinha queda de 0,35 por cento, a 54.165 pontos. O giro financeiro era de 2,22 bilhões de reais.

"Tivemos dados que decepcionaram na Europa, China e Estados Unidos, além do Brasil", disse o analista William Alves, da XP Investimentos. "Não vi nenhum motivo para retomada de otimismo." Nos Estados Unidos, o setor manufatureiro contraiu pela primeira vez em quase três anos em junho, enquanto o setor industrial cresceu no ritmo mais lento em 18 meses.

"Os números vieram piores que o esperado, pesando nas bolsas norte-americanas e também por aqui", afirmou o diretor da InTrader, Edson Hydalgo Junior. "Isso causa temor entre os investidores de que a recuperação já muito modesta da economia norte-americana pode estar em xeque." Dados fracos de atividade industrial na China e na União Europeia também corroboravam com o sentimento negativo, ao mesmo tempo em que levantavam a hipótese de que o Banco Central Europeu (BCE) decida cortar juros em sua reunião nesta quinta-feira e anunciar novas medidas de estímulo.

Em Wall Street, o índice Dow Jones recuava 0,46 por cento, enquanto o S&P 500 tinha queda de 0,26 por cento.

Já o índice das principais ações da Europa fechou em alta de 1,36 por cento.

"O mercado europeu ainda comemorava a decisão da União Europeia na sexta-feira, mas não sei até quando pode durar esse movimento", disse Hydalgo Junior.

Mais cedo, as bolsas europeias chegaram a desacelerar o ritmo de alta após a Finlândia informar que impedirá que o fundo de resgate permanente da zona do euro compre títulos governamentais nos mercados secundários.

A Holanda também indicou oposição à ideia de compra de títulos, conforme decidido na cúpula da União Europeia na sexta-feira.

Na cena doméstica, o mercado reduziu pela oitava semana seguida as estimativas de crescimento para a economia brasileira em 2012, de 2,18 para 2,05 por cento.

Além disso, o Índice de Gerentes de Compras de Produção Industrial (PMI, na sigla em inglês) do Brasil atingiu em junho o menor nível em oito meses.

Na bolsa paulista, empresas do grupo de Eike Batista lideravam as altas do Ibovespa e ajudavam a limitar o recuo do índice.

OGX subia 10,18 por cento, a 6,06 reais, corrigindo parcialmente a queda de 40,5 por cento acumulada na semana passada, após dados de produção muito abaixo do esperado.

LLX tinha alta de 4,07 por cento, a 2,30 reais, enquanto MMX avançava 3,25 por cento, a 6,04 reais.

Em sentido oposto, a preferencial da Vale tinha queda de 2,91 por cento, a 6,02 reais, e a da Petrobras recuava 1,42 por cento, a 17,99 reais.

Dentre as maiores quedas do índice, Vanguarda Agro caía 5,26 por cento, a 0,36 real, seguida por JBS , que recuava 2,82 por cento, a 5,86 reais.

A empresa de meio de pagamentos Cielo caía 1,61 por cento, a 58,13 reais. A companhia informou nesta segunda-feira que acertou compromisso para aquisição da norte-americana Merchant e-Solutions (MeS), provedora de soluções para pagamento, por 670 milhões de dólares.

"O mercado vai continuar bem tenso, bem volátil acompanhando as notícias que forem sendo divulgadas", afirmou Hydalgo Junior.

"Mas se formos um pouco mais otimistas e pensarmos que a Europa já chegou ao pior da crise, com a taxa de juros mais baixa que temos no Brasil, vemos que alguns investidores, principalmente fundos de pensão, terão de arriscar um pouco mais, voltando para a bolsa para tentar conseguir o retorno necessário".