(Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 18h33.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2020 às 19h40.
À medida que o tempo passa, o efeito do coronavírus sobre as bolsas diminuem. Nesta terça-feira (4), a bolsa de Xangai subiu 1,34%, pondo fim ao movimento de ajuste. Na sessão, o banco central da China voltou a introduzir dinheiro no mercado com o intuito de reduzir a volatilidade. Desde segunda-feira (3), quando o mercados chineses voltaram a operar depois de uma pausa de 11 dias, a injeção de liquidez por meio de operações compromissadas somam 242,7 bilhões de dólares.
A alta e a cautela do governo chinês em tentar mitigar variações mais bruscas foram bem aceitas pelo mercado, dando maior tranquilidade para as negociações nas bolsas ocidentais, com o índice pan-europeu Stoxx 50 avançando 1,94% e o S&P 500, 1,50%. No Brasil, o Ibovespa subiu 0,81% e encerrou o pregão desta terça em 115.556,71 pontos.
Na Bolsa, a alta foi puxada, principalmente, pelas ação da Vale, que sozinha representa 7,9% do principal índice da bolsa - maior posição individual do Ibovespa. Na sessão, os papéis da mineradora subiram 2,67%.
A alta foi influenciada pela cotação do minério de ferro, que teve apreciação 4,21%, se recuperando da forte queda de mais de 5% na segunda-feira. Com a commodity em alta, as siderúrgicas Gerdau, CSN e Usiminas se valorizaram 4,28%, 1,77% e 0,93%, respectivamente.
Economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira vê o mercado mais tranquilo quanto aos efeitos do coronavírus, mas avalia que o avanço do número de infectados e mortos pela doença segue no radar dos investidores. "Todo dia de manhã a gente vê as estatísticas. Ainda vai ter volatilidade no caminho. A curva de infectados ainda não atingiu o pico, mas não é mais aquele temor de o surto virar uma pandemia com milhares de mortes”, disse.
Os papéis da Petrobras também tiveram participação relevante na alta do Ibovespa. Na sessão, as ações ordinárias da estatal subiram 2,47% e as preferenciais, 1,60%. A valorização, segundo o economista, foi impulsionada pela grande procura pelos papéis da companhia no follow-on programado para sexta-feira. Segundo notícia do Valor, a demanda supera em três vezes ofertas.
Outro setor que teve um dia positivo na bolsa foi o de construção civil, tendo como pano de fundo a decisão sobre a Selic, marcada para às 18h de amanhã (5). A expectativa é a de que a taxa básica de juros caia de 4,50% para 4,25% ao ano, o que beneficiaria o financiamento de imóveis. Nesta terça, os papéis da MRV subiram 2,77%, enquanto os da Gafisa e os da Tenda apreciaram 9,8% e 3,31%, respectivamente.
Para o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Syper, o setor imobiliário deve continuar se apreciando na Bolsa. “Vale lembrar que os juros estão na mínima histórica. Juros para baixo vai ser o novo ‘low’ do Brasil. Juros para baixo e imóveis para cima”, disse.
Além das construtoras, as varejistas também podem ser beneficiadas pelo corte de juros, uma vez que isso tende aumentar o consumo. No pregão, Via Varejo, B2W e Magazine Luiza tiveram respectivas valorizações de 3,17%, 2,84% e 2%.