Bolsa (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 09h31.
Última atualização em 28 de janeiro de 2021 às 18h26.
O Ibovespa teve firme alta nesta quinta-feira, 28, e recuperou a marca dos 118 mil pontos com o mercado brasileiro seguindo o otimismo nas bolsas americanas. Os investidores também estiveram em busca de barganhas, após a bolsa brasileira cair por seis pregões consecutivos – a maior sequência negativa em 12 meses. O principal índice da bolsa brasileira avançou 2,59%, para 118.883 pontos.
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“O Brasil passou os últimos dias descolado dos movimentos no exterior, mas hoje tivemos maior aderência ao otimismo no exterior com os bons resultados da economia americana”, afirma Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.
Não houve surpresa na revelação do PIB americano para o quarto trimestre, que teve alta de 4%. Já o número de pedidos de seguro desemprego continua alto, mas mostrou resultado melhor que a expectativa. Na semana, foram 847.000 pedidos ante 875.000 esperados.
Com os resultados, as principais bolsas de valores dos EUA registram alta, após uma sessão de forte realização de lucros na véspera. O Dow Jones avançou 0,99% e o S&P500 subiu 0,98%. Já o índice de tecnologia Nasdaq teve ganhos de 0,5%. Os setores financeiro e de materiais -- mais sensíveis a uma recuperação econômica -- foram protagonistas do movimento, junto às áreas de tecnologia e comunicação, que repercutiram bons resultados trimestrais divulgados nesta semana.
“Os mercados renovaram a esperança de que o novo pacote fiscal de 1,9 trilhão de dólares proposto pelo governo Biden beneficie a economia global. Ásia e Europa já vinham embaladas por esse otimismo, e hoje o Ibovespa se alinhou ao movimento global do qual ficou afastado por conta de questões domésticas”, avalia Pasianotto.
Na bolsa, as ações do IRB Brasil (IRBR3) disparam 17,82%, após pequenos investidores se organizarem para fazer dela a “GameStop brasileira” através de uma operação de short squeeze. A prática tem como objetivo elevar o preço das ações para levar investidores com posições vendidas a terem que comprar os papéis da companhia, o que acaba aumentando ainda mais o preço do ativo.
Também se destacam entre as maiores altas papéis que vinham apresentando fortes quedas nos últimos pregões com temores sobre a distribuição da vacina no Brasil, como os do setor bancário e de commodities.
Entre as maiores altas em pontos estão as ações dos grandes bancos: Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) registraram altas entre 2% e 4%. Vale (VALE3) subiu 2,13% e Petrobras (PETR3; PETR4) registrou ganhos de 2,22% e 1,39%.
Papéis das companhias aéreas GOL (GOLL4) e Azul (AZUL4) e a agência de turismo CVC (CVCB3) também tiveram forte alta e subiram, respectivamente, 6,81%, 3,73% e 6,77%. Confira os principais destaques de ações aqui.
Investidores também repercutem a taxa de desemprego referente ao mês de novembro, que caiu de 14,3% para 14,1%, confirmando as expectativas do mercado. Este foi o terceiro mês consecutivo de recuperação. Por outro lado, o IGP-M voltou a superar as estimativas de economistas, ficando em 2,58% em janeiro. Na primeira prévia do mês, o indicador de inflação medido pela FGV havia ficado em 2,37%.
O dólar teve uma quinta-feira de volatilidade e fechou a sessão em alta de 0,52%, sendo negociado a 5,43 reais. O real descolou de seus pares emergentes na sessão em meio a compras defensivas da moeda norte-americana.
Alguns profissionais ouvidos pela Reuters lembraram ainda que o Banco Central vendeu apenas metade dos 16 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão de rolagem nesta quinta-feira, o que foi lido por alguns como uma "briga" de preço, elevando a instabilidade no mercado.
O trade "compra de dólar/compra de bolsa" foi bastante comum nos últimos tempos, mas sofreu um revés conforme o Banco Central sinalizou aumento dos juros. Com a Selic mais alta, a estratégia fica mais cara, já que juros maiores elevam o custo de carregamento de posições vendidas em real.
Enquanto isso, a volatilidade cambial seguiu em alta e bateu 19,8% nesta quinta -- máxima desde o começo de outubro. A instabilidade do real fez o Goldman Sachs incluir a moeda brasileira no grupo das moedas emergentes "arriscadas", do qual também fazem parte rand sul-africano e lira turca --que nesta quinta se valorizavam ante o dólar.
Reforçando o caráter idiossincrático da performance aquém do real, o Goldman Sachs avaliou que a "falta de desempenho superior" deste grupo de moedas emergentes arriscadas tem sido uma constante nos últimos 12 meses e não parece, por ora, uma preocupação particular para um rali amplo nos mercados de risco.
Com Reuters