Ibovespa recua mais de 2% puxado por queda de 4% da Vale
Queda do minério de ferro derruba ações da companhia em dia de aversão ao risco no mercado
Guilherme Guilherme
Publicado em 30 de julho de 2021 às 10h28.
Última atualização em 30 de julho de 2021 às 16h51.
O Ibovespa recua mais de 2% nesta sexta-feira, 30, em meio ao cenário de perdas nas bolsas internacionais, com investidores avaliando apertos regulatórios na China, balanços corporativos e a persistente disseminação do coronavírus no mundo.
Às 16h, o principal índice da B3 cai 2,61%, aos 122.398 pontos. Com isso, a bolsa brasileira caminha para encerrar julho no vermelho, interrompendo a sequência de quatro meses de alta.
Com queda de 4,63%, as ações da Vale (VALE3) exercem a maior pressão negativa para a queda do Ibovespa. A forte desvalorização ocorre após o minério de ferro despencar mais de 7% nas bolsas de commodities asiáticas, tendo como pano de fundo a expectativa de redução da produção de aço na China, com o controle de poluição no país.
"A política de descarbonização bate de frente com a produção de aço na China, onde parte de suas usinas são antigas e por isso poluem mais", comenta Bruno Lima, analista-chefe de ações do BTG Pactual Digital.
Seguindo a desvalorização da Vale estão as ações da Bradespar (BRAP4). Com participação relevante na mineradora, a holding do Bradesco recua 4,3%, figurando entre as maiores quedas do Ibovespa. As siderúrgicas, que também são prejudicadas pela queda do minério de ferro, recuam pouco mais de 1%.
Com desvalorização ainda maior estão as ações da Localiza (RENT3), que despencam 6,84%, após a divulgação do resultado trimestral. No segundo trimestre, a companhia registrou lucro líquido de 447,9 milhões de reais, acima das projeções de mercado da Bloomberg, de 414,3 milhões de reais. Por outro lado, a receita ficou 50 milhões de reais abaixo das expectativas de 2,75 bilhões de reais.
A forte desvalorização ocorre após as ações de sua concorrente Movida (MOVI3) ter disparado mais de 8% em reação a seu balanço. Mesmo com a fraqueza de sua concorrente, as ações da Movida recuam 1,75% nesta sessão, enquanto a Unidas (LCAM3), que vinha caminhando para uma fusão com a Localiza, cai 5,61%.
Apenas duas ações das 84 do Ibovespa operam em alta. São elas: Telefônica Brasil (VIVT3) e JBS (JBSS3), com altas respectivas de 1,61% e 1,32%.
O grande destaque de alta está fora do Ibovespa, com as ações da Clear Sale (CLSA3) disparando 14,04% em seu pregão de estreia na B3. A demanda pelos papéis esteve alta já em sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), com a companhia conseguindo precificar seus papéis no topo da faixa indicativa, a 25 reais. Hoje, eles já são negociados por mais de 29 reais.
Mercado internacional
Em Nova York, o índice Nasdaq recua 0,68%, após o resultado da Amazon, divulgado na última noite, ter frustrado as expectativas do mercado. No segundo trimestre, a companhia registrou receita líquida de 113 milhões de dólares, abaixo dos 115 milhões de dólares esperados. Esta foi a primeira vez que o resultado veio abaixo do consenso desde o início da pandemia. As ações da companhia caem cerca de 7%.
Na Europa, o Stoxx 600 caiu 0,45%, com investidores avaliando dados econômicos do continente. Divulgado nesta manhã, o PIB da Zona do Euro superou as estimativas de 2%, crescendo 2,2%. Por outro lado, o PIB trimestral da Alemanha avançou apenas 1,5%, abaixo das expectativas de 2%. Já a inflação do bloco europeu veio acima do previsto, com o índice de preço ao consumidor batendo 2,2% no acumulado de 12 meses. O consenso era de 2%.