Ibovespa fecha acima dos 103 mil pontos puxado por Vale e Petrobras
Investidores repercutem falas do presidente do Federal Reserve, que voltou a falar sobre a possibilidade de subir juros para controlar a inflação
Guilherme Guilherme
Publicado em 11 de janeiro de 2022 às 10h35.
Última atualização em 11 de janeiro de 2022 às 18h16.
Após iniciar a semana no negativo, o Ibovespa voltou a subir nesta terça-feira, 11, se apoiando nas altas de suas duas maiores empresas – Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4) – e acompanhando os ganhos das bolsas internacionais.
Mesmo com a inflação surpreendendo negativamente, o principal índice da B3 registrou forte alta e conseguiu retomar o patamar dos 103.000 pontos, perdido na última semana. O ambiente externo positivo também beneficiou o real, que registrou forte valorização frente ao dólar.
No fechamento:
- Ibovespa: + 1,80%, aos 103.778 pontos;
- Dólar: - 1,57%, a 5,585 reais.
Na bolsa, as ações da Vale subiram quase 2% após serem o principal ponto negativo do índice no pregão da véspera. Nesta terça, os papéis subiram após novo dia de ganhos para o minério de ferro na China. A valorização do metal também puxa as ações de siderúrgicas, como Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4).
- Usiminas (USIM5): + 6,05%;
- Gerdau (GGBR4): + 2,25%;
- Vale (VALE3): + 1,90%.
A Petrobras (PETR3/PETR4), com o segundo maior peso do Ibovespa, contribuiu com a alta do Ibovespa subindo mais de 4%, em linha com a apreciação do petróleo. Em Londres, a commodity subiu mais de 3%, voltando a ser negociada na casa dos 83 dólares. Do mesmo setor, PetroRio (PRIO3) e 3R (RRRP3) avançaramem torno de 5%.
No caso da Petrobras, a alta também foi impulsionada pelo anúncio do primeiro reajuste de preços de gasolina e diesel do ano.
- PetroRio (PRIO3): + 5,26%;
- 3R (RRRP3): + 5,19%;
- Petrobras (PETR3): + 4,13%;
- Petrobras (PETR4): + 2,96%.
A alta das commodities ocorreu em meio a preocupações sobre o nível da inflação nas principais economias do mundo. Nesta terça, o tema voltou a ser pauta de discussão no mercado, que acompanhou as declarações do presidente doFederal Reserve(Fed), Jerome Powell.
Em seu discurso, Powell voltou a reiterar o compromisso em controlar a alta de preços. "Se tivermos que aumentar mais as taxas de juros ao longo do tempo, nós o faremos", disse o presidente do Fed.
Os efeitos das falas de Powell não fizeram tanto preço nas bolsas americanas, onde a possível alta do juro já parece estar precificada. Tanto é que o índice de tecnologia Nasdaq, que é o mais afetado pela elevação, hoje puxou os ganhos no mercado americano após fortes quedas nos últimos pregões.
- Nasdaq (EUA): + 1,41%;
- S&P 500 (EUA): + 0,92%;
- Dow Jones (EUA): - 0,51%.
Movimento semelhante ocorreu na B3, com ações de empresas de crescimento entre as maiores altas do pregão. Entre elas, Méliuz (CASH3) e Petz (PETZ3) dispararam mais de 7%. Outro fator que ajudou a impulsionar as ações da rede de pet shops foi a recomendação de compra por analistas do Bradesco BBI, que projetam preço-alvo de 25 reais para o papel, atualmente cotado abaixo de 15 reais.
- Méliuz (CASH3): + 7,32%;
- Petz (PETZ3): + 7,07%.
Na ponta negativa do índice, as ações dos frigoríficos sofreram com a queda do dólar e ficaram entre as maiores quedas. Vale lembrar que apenas 17 das 93 ações do Ibovespa fecharam o dia em queda.
- BRF (BRFS3): - 1,28%;
- Minerva (BEEF3): - 1,02%;
- Marfrig (MRFG3): - 0,84%
- JBS (JBSS3): - 0,53%.
No Brasil, investidores ainda repercutiram o IPCA de dezembro, considerado a inflação oficial do País, que voltou a superar as estimativas de mercado. No mês, a inflação ao consumidor brasileiro subiu 0,73% ante consenso de 0,65%. No ano, o IPCA fechou em 10,06%, acima da projeção de economistas, de 9,97%, e bem além da meta de inflação para 2021, de 3,75%.
"Isso força a perspectiva de alta de 1,5 ponto percentual na Selic na reunião de fevereiro e indica uma atitude mais contracionista ao longo do período de ajuste", diz em nota André Perfeito, economista-chefe da Necton. A Selic, hoje em 9,25%, subirá para 10,75%, caso as previsões estejam certas.