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Ibovespa fecha no zero a zero com volta de impostos sobre combustíveis

Medida foi bem vista pelo mercado, mas inflação e disputas internas do PT preocupam

Painel de cotações da B3: Ibovespa fecha pregão dividido entre ganhos e perdas (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3: Ibovespa fecha pregão dividido entre ganhos e perdas (Germano Lüders/Exame)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 27 de fevereiro de 2023 às 18h25.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2023 às 18h28.

O Ibovespa começou a semana em compasso de espera e passou a segunda-feira, 27, operando entre perdas e ganhos no aguardo de uma resolução sobre a continuidade ou não da desoneração dos combustíveis. No final do pregão, mesmo com a confirmação da volta dos impostos, o Ibovespa fechou o dia no zero a zero.

Como a cobrança dos impostos afeta o mercado

No início do ano, o governo Lula manteve, via Medida Provisória, a isenção do PIS/Cofins para gasolina e álcool que já vinha sendo adotada na gestão Bolsonaro. O prazo para a MP acaba amanhã, o que obrigou o governo a decidir se manteria, ou não, a desoneração do imposto.

De um lado, a desoneração diminui a arrecadação da União e pode afetar as contas públicas. Por outro, a volta da cobrança encarece os combustíveis e pode pressionar a inflação e os juros.

O saldo final foi uma escolha pela volta da cobrança do imposto – decisão bem recebida pelos agentes de mercado. O impacto da reoneração é de R$ 28,8 bilhões em receitas.

“É um dinheiro que volta a entrar [nos cofres públicos]. É algo que facilita no ajuste fiscal do governo, aumenta as receitas. O investidor gringo gosta bastante e volta a trazer capital para o Brasil”, avalia Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos.

Ainda assim, o movimento não foi suficiente para levantar a bolsa. “Haddad recebeu muito fogo cruzado principalmente da ala ideológica do PT. Encontrar resistência dentro da própria base do partido é ruim, e deixa o mercado desconfortável”, diz Meira.

Outro ponto que segurou os ganhos foi o futuro efeito da cobrança sobre a inflação, que também preocupa os investidores.

Petrobras, São Martinho e Raízen são destaques

Apesar da fraqueza da bolsa, algumas ações saíram beneficiadas. Foi o caso dos papéis da Petrobras, que ganharam força após a decisão, e fecharam o dia em alta de mais de 1%. 

  • Petrobras (PETR3): + 1,66%
  • Petrobras (PETR4): + 1,00%

Destaque também para as ações da São Martinho (SMTO3), focada no setor sucroenergético, e para a Raízen (RAIZ4), de combustíveis renováveis, que subiram mais de 5% e lideraram as altas do dia. 

Os detalhes da reoneração ainda não foram divulgados, mas já se sabe que o combustível fóssil será mais onerado. Com maiores impostos sobre a gasolina, o etanol ganha competitividade, impulsionando os papéis.

  • Raízen (RAIZ4): + 5,19%
  • São Martinho (SMTO3): + 5,12%

Wall Street se recupera

As questões locais impediram ainda que o Ibovespa acompanhasse o tom de retomada no mercado internacional. As bolsas americanas encerraram o dia em alta depois de registrar seu pior resultado semanal do ano na semana passada. A preocupação é com o avanço da inflação, que pode fazer com que os juros americanos fiquem altos por mais tempo que o esperado.

Maiores altas e baixas do Ibovespa

Maiores altas

  • Raízen (RAIZ4): + 5,19%
  • São Martinho (SMTO3): + 5,12%
  • Alpargatas (ALPA4): + 2,86%

Maiores baixas

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