Ibovespa tem 3ª semana seguida no azul, mas sobe apenas 0,25%
Futuro da Petrobras e quedas do setor bancário diminuíram os ganhos da bolsa na semana
Guilherme Guilherme
Publicado em 27 de janeiro de 2023 às 10h10.
Última atualização em 27 de janeiro de 2023 às 18h39.
O Ibovespa fechou a semana em leve alta de 0,25% – seu terceiro ganho semanal consecutivo. A alta, no entanto, foi conquistada com forte volatilidade. De um lado, o índice subiu com a alta no preço das commodities e com os ganhos do varejo. Porém os ganhos foram dilapidados com as quedas no setor bancário e as incertezas sobre o futuro da Petrobras ( PETR4 ).
Nesta sexta-feira, as commodities metálicas devolveram parte dos ganhos e ajudaram a pressionar o índice para baixo. O Ibovespa também reagiu negativamente ao encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ) com governadores dos estados, que pedem por alguma compensação sobre os valores que deixaram de arrecadar com ICMS .
A preocupação é de que a cobrança dos governadores estaduais exija ainda mais gastos por parte do governo federal, o que afetaria ainda mais a sustentabilidade fiscal. Lula também reforçou o papel doBNDES – outro ponto de atenção para quem teme o aumento de gastos.
Para analistas, os riscos fiscais impulsionam um movimento de realização de lucros na bolsa. O saldo final foi uma queda generalizada no principal índice da B3, com apenas 23 das 88 ações do Ibovespa subindo hoje.
Petrobras: sob nova direção
A Petrobras chegou a subir no início da semana impulsionada pela alta do petróleo, mas virou para o negativo coma aprovação de Jean Paul Prates para a presidência da companhia. Prates, ex-senador pelo PT, assumiu interinamente o comando da estatal após ter recebido o aval do conselho de administração da companhia ontem.
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, fica claro que o mercado tem dúvidas sobre Prates, mas o novo CEO não deve “entrar em rota de colisão com o mercado”.
“Isso não quer dizer que as medidas a serem seguidas serão exatamente as mesmas que estavam sendo feitas. Deve haver mudança na política de preços, com alguma regra de suavização. Mas não acho que deixarão criar grandes defasagens a ponto de prejudicar o balanço da empresa", disse em morning call.
Em seu primeiro discurso como presidente da Petrobras, em vídeo enviado a funcionários da estatal, Prates reforçou a importância da companhia na transição energética, em sinal que este será um de seus focos. "Trabalharemos para que a Petrobras siga a sua jornada na indústria de óleo e gás, mas também trilhe novos caminhos perseguindo a descarbonização, acelerando a diversificação rentável e a transição energética justa", afirmou.
"A marca dele na Petrobras deve ser a busca por energias alternativas, como parques eólicos e hidrogênio verde. A Petrobras tem um papel importante nessa frente", comentou Gala.
Bancos e varejistas sob efeito Americanas (AMER3)
Os bancos seguiram em tendência negativa desde a descoberta de inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões nas contas da Americanas ( AMER3 ) há pouco mais de duas semanas. A empresa entrou em recuperação judicial e deu início a uma disputa com seus principais credores, os grandes bancos brasileiros.
O banco Bradesco ( BBDC4 ), maior credor da Americanas entre os bancos afetados, conseguiu um mandado de busca e apreensão para a correspondência entre os administradores da companhia, relativa aos últimos dez anos. Em busca de indícios de fraude, os credores buscam acessar o patrimônio do trio controlador, os fundadores da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. As ações do Bradesco lideraram as baixas do setor no dia.
- Bradesco ( BBDC4 ): - 2,97%
- Itaú ( ITUB4 ): - 2,12%
- Banco do Brasil ( BBAS3 ): - 1,11%
- Santander ( SANB11 ): - 0,25%
As varejistas, por outro lado, seguiram em tendência de alta com a possibilidade de ganhar o mercado da concorrente em crise. A maior beneficiada foi a Magazine Luiza ( MGLU3 ), que saltou 18,6% na semana e subiu quase 6% apenas nesta sexta-feira.
- Magazine Luiza ( MGLU3 ): + 5,84%
Dólar em queda
O dólar comercial fechou esta sexta-feira em alta de 0,7%, depois de quatro sessões consecutivas de queda. No acumulado da semana, a divisa americana caiu quase 2%.
- Dólar comercial (diário): + 0,74%, a R$ 5,112
- Dólar comercial (semanal): - 1,9%, a R$ 5,112